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Teatro

As pré-origens do teatro português

Fazemos hoje uma breve alusão a Henrique da Mota, autor de uma conjunto de textos para-dramáticos, que podem ser considerados como origem ou pré-origem histórica do teatro português.

 

Fazemos hoje uma breve alusão a Henrique da Mota, autor de uma conjunto de textos para-dramáticos, que podem ser considerados como origem ou pré-origem histórica do teatro português, isto porque, em rigor e sublinhando que pouco se sabe da atividade de Henrique da Mota como dramaturgo, não haverá dúvidas no que respeita à pré-produção de obras que, no que toca ao teatro, são menos inovadoras e muito menos significativas do que as pecas de Gil Vicente, este tradicionalmente consagrado como o iniciador, digamos assim, da dramaturgia portuguesa... Na verdade, basta lermos a obra vicentina para confirmar a existência mais do que provada e consagrada de textos dramáticos e espetáculos anteriores. Mas não e este o tema que hoje nos ocupa…

No entanto, a própria consagração da qualidade da obra vicentina em si mesma justificaria esta consagração iniciática de Gil Vicente, o que não significa, insista-se, que não haja antecedentes históricos e/ou estéticos. Basta nesse sentido evocar a potencialidade cénica de textos e espetáculos que estão sobretudo devidamente documentados pelo menos desde finais do século XII.

Recorda-se uma vez mais, designadamente, a doação, em 1193, de D. Sancho I aos histriões Bonamis e Acompaniado, de terrenos em Canelas de Poiares do Douro e da quitação que ambos agradeceram com um chamado arremedillho, texto-espetáculo que à época era consagrado e consagrador.
Diz Santa Rosa de Viterbo que os dois beneficiários da doação régia escreveram como uma espécie de documento de quitação: “Nós, mimos acima referidos, / devemos ao Senhor nosso Rei / um arremedilho para efeito / de compensação”

E citamos agora Teófilo Braga na sua consagrada, mas hoje algo “esquecida”, História do Teatro Português:
“(...) começaria o teatro português pelas pantomimas rudes, e não conheceria nunca o nosso povo outra forma, por isso que a única designação dramática inventada por ele foi a palavra bonifrate (nome puramente português dos espetáculos a que os espanhóis chamara títeres e os franceses “marionetes”.
Aliás, em rigor, essa constatação remete para muito antes do tantas vezes chamado “fundador” do nosso teatro (digamos assim) Gil Vicente, cujo iniciático “Monólogo do Vaqueiro” data de 1502.

E remete-se para a “História do Teatro Português” de Luciana Stegagno Picchio, para quem “o Arremedilum, longe de ser urn sinónimo de entremez ou farsa e de provar a vetusta existência de um género típico dramático português equivalia, pelo contrário, no documento de 1193, a imitação burlesca prometida ao soberano por jograis remedadores, isto é, bobos cuja especialidade consistia em ridicularizar o próximo, macaqueando-lhe o semblante” nada menos!

E cito novamente, para por agora terminar, o comentário que faço na minha “História do Teatro Português”:
“Tenhamos presente que o documento em causa qualifica o autor-ator de histrião ou bobo. A perspetiva abre caminho para duas grandes manifestações paradramáticas, onde, tal como certamente nos arremedilhos de Bonamis e Acompaniato, a criação de texto se misturava com a improvisação de espetáculo: fórmula aliás perene e essencial ao longo de toda a História do Teatro”.

Mais haveria a dizer, e outros autores devem ser citados: e é o que faremos em outro artigo.

Duarte Ivo Cruz
 

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