"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Teatro

Outra evocação: O Centenário da "Zilda" de Alfredo Cortez

Há situações cronológicas que justificam referências adequadas à celebração respetiva. Temos aqui evocado datas e situações referenciais do teatro português e nesse sentido, justifica-se agora esta  breve referência aos 100 anos da primeira peça relevante da obra renovadora de Alfredo Cortez.


A “Zilda” (1921) onde se verifica o início da obra teatral deste autor, hoje de certo modo esquecido mas que marcou, numa criação vasta e renovada, o teatro português moderno e modernizante, a que já temos feito numerosas referências.

Isto, tendo presente não só a existência de peças anteriores como sobretudo as alternâncias sucessivas da sua obra de criação dramatúrgica. Pois em rigor, a “Zilda”, datada como acima se disse de 1921, constitui a primeira grande obra de criação dramatúrgica do autor, que viria a marcar a qualidade renovadora e heterogénea ao teatro português da época moderna. 

Antes e depois desta peça, tanto a obra dramatúrgica do autor como a renovação moderna epocal, que em muitos aspetos de qualidade se impõe e como tal dura até hoje, merece esta referência cronológica: e a “Zilda” cumpre em rigor um século, desde a sua criação.

Antes disso, houve obviamente peças de renovação estética: e o realismo dominante da obra de Alfredo Cortez teve antecedentes e sobretudo uma continuidade autoral renovadora, variada mas sempre, insista-se, dominante. Alfredo Cortez é realmente um grande autor criativo da modernização do teatro português, e diversíssimas expressões da sua vasta obra cobriu e em não poucos casos renovou, desde o realismo naturalista até ao expressionismo.

Dessa heterogeneidade criativa temos muitas vezes feito análise, dando o devido destaque à sucessiva inovação/renovação, em si mesma autónoma na criatividade pessoal: pois com isto queremos frisar a inesperada renovação de certas criações deste teatro vindas de quem marcou a história contemporânea e não só do teatro português.

Precisamente, como já se disse, celebra-se este ano o centenário da primeira grande  peça de Alfredo Cortez, a  “Zilda” que concilia o realismo crítico e adequado ao ambiente cénico dominante como certa linguagem próxima do simbolismo; o que não colide, insista-se, com o realismo dominante nesta peça iniciática.

E é de salientar então que Alfredo Cortez marca a modernidade do teatro pela qualidade cénica e pela heterogeneidade de certo naturalismo dominante até a expressões à época inovadoras, desde o realismo até ao expressionismo, então muito pouco evocado na criatividade modernizante do teatro português…

E é oportuno lembrar que a “Zilda”, insista-se, primeira peça  de Cortez, desde logo revela um sentido cénico-literário bem próprio do teatro realista e que Cortez concilia com o âmago simbólico do entrecho e da linguagem e sentido de espetáculo, que manifestará ao longo de vasta e diversificada dramaturgia por ele criada: e não é então demais novamente evocar aqui e agora as variantes dessa longa produção dramática que se desenvolverá até 1940 com a “Moema” mas se prolonga ainda mais dois anos com o guião e diálogos do filme “Ala-Arriba” de Leitão de Barros.

E esta evocação justifica realçar a adaptabilidade de Alfredo Cortez a expressões diversas e à época menos cultivadas por ligações à cultura do espetáculo em si…

Realçamos, para terminar, que a última peça completa de Alfredo Cortez, abre portas a uma perspetiva de renovação que não concretizou pois insista-se, “Moema” foi a última peça completa do autor.

E registe-se que a “Moema” reflete, na temática e no ambiente a experiência africana do autor, que exerceu atividade judicial em Angola. É interessante essa convergência, que aliás está subjacente ao conjunto do seu teatro socio-realista.

Em qualquer caso, a evocação do centenário de Alfredo Cortez marca a qualidade que o teatro português alcança através da produção literária e de espetáculo de certos autores.

E vale a  pena então lembrar que se trata de uma época em que o teatro servia muitas vezes de “escapatória documental” de situação sociais então muito marcadas pela política: isto, independentemente das opções ideológicas e/ou efetivamente exercidas pelos escritores e sobretudo dramaturgos da época, que não tinham,  longe disso como bem sabemos, a atividade criacional facilitada e divulgada. Para não falar também na censura direta aos espetáculos, que não motivava a criatividade…

Sendo certo que Alfredo Cortez nesse aspeto teria sido menos prejudicado do que tantos outros!

Em qualquer caso, o que importa agora é destacar e evocar a qualidade genérica da sua obra. A ela voltaremos.

Duarte Ivo Cruz

Agenda
Ver mais eventos

Passatempos

Passatempo

Ganhe convites para a antestreia do filme "A ARCA DE NOÉ - A AVENTURA"

Em parceria com a Films4You, oferecemos Convites Família (3 bilhetes por convite) para a antestreia do filme de animação "A Arca de Noé - A Aventura". Uma abordagem divertida a uma das histórias mais icónicas e conhecidas de sempre, com humor e personagens adoráveis à mistura! 

Passatempo

"A GRANDE VIAGEM 2: ENTREGA ESPECIAL"

Em parceria com a PRIS Audiovisuais, oferecemos convites duplos para as antestreias agendadas para 21 de abril (domingo) às 11h00, em Gaia e Lisboa. Findo o passatempo, anunciamos aqui os nomes dos vencedores apurados!

Passatempo

Ganhe convites duplos para o ciclo de cinema da ANIMar 19

Em parceria com a Solar - Galeria de Arte Cinemática, oferecemos convites duplos para as próximas sessões de cinema da ANIMar 19 no Teatro Municipal de Vila do Conde, onde serão exibidos os filmes "Pesca do Bacalhau", "Å Seile Sin Egen SJØ (Vida Costeira)", "A Extraordinária Aventura do Zéca" e "Até Amanhã, Mário". Findo o passatempo, anunciamos aqui os nomes dos vencedores!

Visitas
90,931,927