"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Teatro

Referência a José-Augusto França

A morte muito recente de José-Augusto França justificará esta referência aos principais momentos da sua dramaturgia.


Sem embargo de desenvolvimentos que posteriormente por certo se farão: pois com efeito, a vastidão, variedade mas sobretudo a qualidade da sua obra implica uma posterior e mais vasta pesquisa, sendo certo que sobretudo marcou, e muito, como figura de intelectualidade e criatividade no que respeita à literatura e à cultura portuguesa.

E importa desde já referir que a bibliografia que a cultura portuguesa lhe deve marcará qualquer tipo de abordagem. Impõe-se pois uma pesquisa mais vasta, designadamente mesmo no que respeita à criação dramatúrgica em si mesma considerada.

Seja pois permitido um artigo sobre a dramaturgia criada, neste caso, e para já, a partir do que escrevi acerca da sua primeira peça, “Azazel”, pois concilia de forma notabilíssima o surrealismo com uma raiz clássica que marcou a vasta obra de José Augusto França: menos lembrado como dramaturgo, ainda assim encontramos na sua vasta criação literária um sentido de qualidade/modernidade que como tal deve ser também lembrado. E que justificará outras abordagens que certamente faremos acerca da criatividade literária e artística de José-Augusto França.

E precisamente: nesta primeira e breve abordagem, cito o que escrevi sobre a conciliação estilística alcançada em “Azazel”, peça que concilia de forma notabilíssima o surrealismo com a vocação cénica inerente e exigente.

Vejamos então o que escrevi na “História do Teatro Português”.

“Azazel”, datada de 1956, serve de matriz ou valor referencial entre a surrealismo e a tradição clássica inerente a toda a evolução do teatro em si mesmo considerado. Tal como já tive ensejo de referir, a peça em si mesma mergulha no mito que serve de referência à conciliação/atualidade da cosmologia e no mito inerente à própria inovação surrealista.

O “bode expiatório” coloca-nos perante um conflito de culpa e responsabilidade em termos próximos de certo existencialismo e numa toada dramática que faz lembrar, em certa medida, os valores correspondentes – liberdade, vinculação, responsabilização – que suportam o ciclo tebano. Com todas as   diferenças e sem a determinação que se confunde com o destino.

E acrescento aí que há algo de clássico na própria construção da peça: a personagem Maria tem algo de Antígona, mas também de Isménia numa simbiose intelectualmente densa e interessante…

Voltarei certamente ao tema, evocando estudos, abordagens e citações de José-Augusto França em referências feitas a propósito de temas e autores diversos, designadamente citados por mim na “História do Teatro Português”. E isto porque muito o citei e com os estudos e livros dele muito beneficiei!...

Duarta Ivo Cruz
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