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Exposições

Tonio Kröner | Ao descer a escada, há um degrau p’ra me sentar

A exposição é uma colaboração da Maumaus / Lumiar Cité com a Associação de S. Bartolomeu dos Alemães em Lisboa e o Goethe-Institut Portugal, no âmbito da parceria para o Programa Internacional de Residências da Maumaus, e faz parte do evento Fogo Island
Dialogues: Atlantic Codes (Lisboa, 08.-09.11.2019).

9 Nov a 2 Fev 2020

Lumiar Cité
Rua Tomás del Negro, 8A, 1750-105 Lisboa
Preço
Entrada livre

Ao descer a escada
Há um degrau p’ra me sentar.
Não há outro degrau
Onde descansar.
Não estou lá em baixo
Nem lá em cima estou.
Estou é na escada
Onde sempre estou.

Ao subir a escada
Não estou em cima, nem em baixo.
Não estou na creche,
Nem mesmo no sopé, acho.
Ideias estranhas começam a girar
Na minha cabeça
Fora do lugar!

Um título longo, tradução do poema “Halfway Down” de Alan Alexander Milne, publicado em 1924, surge provocativo. A imprensa tem a liberdade de o usar como desejar: por inteiro, apenas as duas primeiras linhas ou qualquer linha, podendo o respetivo layout ser inventado.

Um título que contempla ser recortado institucionalmente convidará os meios de comunicação a assumirem a sua parte na criação de significado? Tonio Kröner (Alemanha, 1984), compreende a evocação destas formas como parte da sua prática artística, provocações que se relacionam com a rotina diária dos meios de comunicação e da crítica de arte, mas também com o modus operandi da equipa de produção da Maumaus / Lumiar Cité, cuja página online indica o título completo.

Kröner assume uma responsabilidade na gestão do espaço expositivo, onde as decisões curatoriais e a produção das obras de arte se fundem: o título da exposição, a folha de sala e a lista de trabalhos juntam-se num cartaz com base no formato do papel timbrado da instituição, que também serviu de modelo para o convite impresso, e um conjunto composto por uma mesa e duas cadeiras foiescolhido pelo artista para a assistência da galeria ocupar o seu lugar na exposição. Um prelúdio denso para o que está por vir, constituído por uma tradução de épocas e interpretação de técnicas.

No espaço expositivo apresentam-se várias pinturas evocando um autor do passado. A apropriação de um expressionismo gestual torna a tradução de Kröner numa pintura “tensa” e num não convencional conjunto de telas de juta. Nas pinturas predominam diferentes tons de vermelho, que combinam com as paredes de tijolo do Lumiar Cité, e os tamanhos dos “originais” evocados são ligeiramente corrigidos para se ajustarem ao espaço. O título demasiado longo pode ser entendido como um leitmotiv para as negociações de Kröner sobre as estratégias expositivas, a pintura, a escultura e as questões do próprio interior.

A tradução do expressionismo gestual para uma arte conceptual (desajeitada) sugere um lugar intermédio, um espaço desconfortável como uma mesa no meio de um restaurante onde ninguém se quer sentar. A equivoca falta de um fluxo livre de gestos e profundidades no expressionismo de Kröner permite-lhe contornar o problema da autenticidade, possibilitando que negoceie os seus termos relativamente a determinada época, quando o género masculino dominava a pintura de grande escala e o programa televisivo “Os Marretas”, aparentemente infantil mas dedicado a adultos, era transmitido. Dois bonecos referenciam o programa televisivo, como eventuais figurantes, sem o protagonismo de Cocas ou Miss Piggy. Um deles está instalado no espaço expositivo, enquanto o outro se apresenta no escritório da Maumaus no centro da cidade (Campo dos Mártires da Pátria, 100, 1 esq., segunda a sexta, das 10h às 13h e das 15h às 19h).

O artista nasceu depois do final da década de 1970. Por meio de pesquisas e relatos, conhece esta época, entendendo-a sob a perspetiva de hoje (a sua), ainda ressoando psicologicamente como um momento de mudança geracional. Para além destes elementos sugestivos, a exposição não busca a elevação sensual ou a profundidade hermética: as referências alegóricas são o material para o artista jogar e trabalhar, subtraindo diferentes modos de experiências estéticas.

Tonio Kröner (Alemanha, 1984) vive e trabalha em Berlim. Entre as suas exposições individuais e coletivas recentes destacam-se: “Tonio Kröner (ed.). Silhouettes (With text contributions by Vanessa Place, Simon Thompson and Keaton Ventura), Vienna: Westphalie, 2017, English, 17 x 12 cm, 68 pages, 3 spot color double-spreads, 580 ex., ISBN 978-3- 903216-00-6. €9, free coffee”, Nousmoules,(Viena, 2018); “Is it language that they’re after? (keine*r antwortete.)”, Kunsthalle Exnergasse (Viena, 2018); “Something Stronger Than Me*”, WIELS (Bruxelas, 2017); “Emulate & Imitate” (with Niklas Lichti), Ve.sch, (Viena, 2015); “I Hate my Village”, M1 Arthur Boskamp-Stiftung, (Hohenlockstedt, 2014); “Vienna Complex”, Austrian Cultural Forum New York (Nova Iorque, 2014); e “Bubbletearz”, WCW-Gallery, (Hamburgo, 2013).
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