Formação
Museu do Oriente ensina técnica ancestral indonésia
Tinturaria, tecelagem e urdidura de teias são alguns dos conceitos que o Museu do Oriente partilha no workshop de iniciação às técnicas de Ikat, que se realiza em quatro sessões, nos primeiros fins-de-semana de fevereiro.
1 Fev a 9 Fev 2020
Nos dias 1, 2, 8 e 9, os participantes vão aprender técnicas de tinturaria e tecelagem, começando por urdir teias nas quais vão realizar reservas para isolar a entrada da cor, criando os efeitos característicos do Ikat. Depois de tingir e montar as teias nos teares, vão aprender a tecer e surpreender-se com os efeitos resultantes desta técnica. No final do workshop, cada participante levará para casa uma pequena peça com o resultado do seu trabalho.
Palavra indonésia que significa ‘atar’, o Ikat consiste em tecidos que envolvem o tingimento dos fios da teia, e por vezes também da trama, para formar os desenhos. São produzidos em muitos países, mas é na Indonésia que atingem maior expressão.
Durante milhares de anos, o Ikat, uma das técnicas decorativas mais comuns existente também nos tais futus timorenses, foi um elemento central da cultura austronésia, funcionando como um meio de comunicação e linguagem, transmitindo valores e normas, sentido de pertença, diferenciando classes sociais, testemunhando fenómenos de interculturalidade, de significados, associações, carga simbólica e mitos de origem, materializados nos padrões decorativos, nas cores usadas e na ordem da sua aplicação. Grande parte destes panos, tecidos pelas mulheres de uma linhagem, era guardado, sendo considerado património dessa linhagem e necessário para as trocas rituais em cerimónias de aliança, casamento, nascimento e morte.
Para complementarem os conhecimentos adquiridos, os participantes podem aproveitar para visitar a exposição “Timor: Totems e Traços”, patente até 15 de março, que reúne um conjunto representativo desta arte têxtil, num testemunho raro das tradições e diversidade regional de Timor.
Workshop de Iniciação às Técnicas de Ikat
1, 2, 8 e 9 de fevereiro
Horário: 10.00-13.00 e 14.30-18.00
Preço: 200 €
Participantes: mín. e máx. 6
PROGRAMA
- Introdução e contextualização
- Princípios básicos da tecelagem
- Identificação de tipos de ikats
- Cálculo e urdidura de teias
- Realização de reservas
- Tingimento
- Retirar as reservas
- Montagem das teias nos teares
- Tecer
Guida Fonseca dedica-se à tapeçaria contemporânea desde 1988. Foi membro do grupo 3.4.5, Associação de Tapeçaria Contemporânea Portuguesa e participou na organização dos II, III e IV Simpósios de Tapeçaria Contemporânea. Dedica-se à pesquisa no campo da tecelagem, numa perspetiva de renovação de técnicas tradicionais, criando e executando peças com uma linguagem contemporânea. Tem desenvolvido ações de formação profissional nas áreas de tapeçaria, tecelagem, debuxo, fiação e tinturaria natural, e participado em diversos eventos culturais e artísticos, sendo formadora e colaboradora do Cearte. Em colaboração com a Fundação Serralves e Saber Fazer, realizou um estudo sobre as características da lã das diversas raças autóctones Portuguesas, a publicar. É autora de publicações técnicas na área têxtil, tendo exposto em mostras individuais e coletivas.