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Exposições

"Teatro das Imagens – Cruzeiro Seixas, Poético do Engano" de João Vilhena

A exposição trata de um conjunto de fotografias em diversos formatos, objetos pessoais e poemas visuais.

23 Out a 30 Dez 2021

Centro Cultural de Lagos
Rua Lançarote de Freitas,7, 8600-315 Lagos
Preço
Entrada livre


 As imagens terão uma sequência, contando uma história que será desenvolvida e apresentada para o espaço expositivo a ser apresentado por João Vilhena. A completar a exposição, serão apresentados textos de diferentes autores. Todos os trabalhos deste projeto será desenvolvido pelo artista, fotógrafo e autor deste projeto.

O surrealismo, movimento contrário às forças da razão que bloqueavam a imaginação e o inconsciente, usou o êxtase dos sonhos e da loucura como motor criativo, abrindo novos campos às artes plásticas e ao pensamento em particular. O comum tornou-se surreal, surgindo então uma nova conceção de objeto. O objeto surrealista.

Dali definiu-o, em 1931, como objeto que se presta a um mínimo de funcionamento mecânico e que se baseia nos fantasmas e representações suscetíveis de serem provocadas pela realização de atos inconscientes, pela primeira vez formula-se o objeto, como uma nova forma de produção de atividade.

Em Portugal tive o prazer de conhecer Mário Cesariny, Pastelaria é um dos meus poemas favoritos, mas nunca imaginei vir a cruzar-me com Cruzeiro Seixas e a realizar um ensaio fotográfico onde ele é figura principal. Conhecia parte da sua obra, que de alguma maneira associava a Salvador Dali, outro dos meus artistas favoritos.

Conheci o Mestre no Centro Português de Serigrafia, adorei a sua amabilidade e simplicidade afirmou do alto dos seus 97 anos. Desde essa altura comecei a visitá-lo na Casa do Artista onde iniciámos um diálogo à volta do seu trabalho e do movimento artístico do qual foi, é, um dos seus grandes expoentes. Dotado de uma memória notável as conversas extravasaram as atividades surrealistas entrando numa viagem fantástica pela vida de um homem verdadeiramente raro, tanto no plano pessoal como artístico. Senti Durante esse período de descoberta a urgência de preservar o encontro com o artista e poeta que entrou de rompante na minha vida.

No aniversário dos seus 98 anos lancei-lhe um desafio.

- Mestre! Tenho que o fotografar
- Como? Meu querido amigo
- Sozinho, num palco de um teatro guardando alguém, talvez figuras mascaradas
Ótimo! mascaradas de Cruzeiro Seixas
Convoquei alguns dos meus amigos, igualmente admiradores da obra do artista para um teatro das imagens, cenário do encontro ilusório entre o criador e as suas criações. Um palco com uma cortina negra, uma mesa e duas cadeiras (uma delas obra sua), uma maçã e três conchas, uma coroa de espinhos, representações ocasionais de imagens numa ficção poética do engano.
A realidade existe?

João Francisco Vilhena

SOBRE O ARTISTA:

Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas, nome completo do pintor e poeta português, nasceu na Amadora a 3 de dezembro de 1920 e faleceu no dia 8 de novembro de 2020 em Lisboa. Frequentou a Escola António Arroio, onde fez amizade com Mário Cesariny, Marcelino Vespeira, Júlio Pomar e Fernando Azevedo. Na década de 1940, aproximou-se do movimento neorrealismo, mas rapidamente afastou-se e aderiu aos princípios do movimento surrealista. Juntamente com Mário Cesariny, António Maria Lisboa, Carlos Calvet, Pedro Oom e Mário-Henrique Leiria, entre outros, integrou o Grupo Surrealista de Lisboa. Participou na exposição desse grupo em 1949 – 1.ª Exposição dos Surrealistas, Lisboa.

Em 1950 alista-se na Marinha Mercante e viaja até África, Índia e Ásia. Em 1951 fixa-se em Angola, desenvolvendo atividade no Museu de Luanda.

Cruzeiro Seixas realiza as suas primeiras exposições individuais, que levantam um acalorado movimento de opinião (a primeira de desenhos sobre a evocação de Aimé Cesaire, em 1953; a segunda principalmente de «objectos» e «colagens», 1957). Regressa a Portugal em 1964. Recebe uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian em 1967. Nesse mesmo ano, realiza uma pequena retrospetiva na Galeria Buchholz (com folha volante de Pedro Oom e prefácio de Rui Mário Gonçalves) e expôs na Galeria Divulgação, Porto. Em 1970 expõe individualmente na Galeria de S. Mamede, Lisboa, um conjunto de desenhos “de uma imagética cruel, ilustrações de Lautréamont”.

Trabalha como programador de Galerias 111 e S. Mamede, Lisboa. Viaja pela Europa e entra em contacto com membros dos surrealismo internacional. Radica-se no Algarve na década de 1980 durante 7 anos, em São Brás de Alportel, trabalhando como programador em diversa galerias. Colabora em revistas internacionais ligadas ao surrealismo, a que sempre se manteve fiel.

O traço certeiro de Cruzeiro Seixas, “de limites apurados e atmosferas de vertigem (…) edifica um mundo desolador em que a face onírica e literária não esconde a violência do conjunto, destruindo toda a possibilidade de quietude”. Mas essa noite primordial e inquietante “soube coexistir com paisagens mais ligeiras e felizes, como algumas das pintadas nos anos de Angola, e com citações plásticas da história da arte, num jogo de grande prazer plástico, bem como com objetos dotados de flagrante poética, na sua simplicidade de materiais, de técnicas e no sobressalto imaginativo”. A 8 de junho de 2009, agradecido com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant´Lago da Espada. Viveu os últimos tempos da sua vida na Casa do Artista, em Lisboa. Morreu a 8 de novembro de 2020 no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Horário: 10h00-18h00 (3ª a sábado)

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