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Exposições

Museu Nacional de Arte Antiga e Fundação Gaudium Magnum lançam "O Belo, a Sedução e a Partilha"

O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e a Fundação Gaudium Magnum – Maria e João Cortez de Lobão (FGM) lançam o projeto museográfico conjunto “O Belo, a Sedução e a Partilha”. O protocolo assinado pelas duas instituições tem a duração de cinco anos.

21 Out a 2 Jan 2023

Museu Nacional de Arte Antiga
R. das Janelas Verdes, 1249-017 Lisboa


O MNAA acolherá, assim, na sua ala de pintores estrangeiros, ao longo dos próximos dez meses, numa primeira fase, uma série de exposições que exibirão um conjunto de cinco pinturas de Old Masters (mestres antigos de pintura) que fazem parte da coleção de Maria e João Cortez de Lobão.

A primeira obra a ser apresentada dentro do programa, logo após a assinatura do protocolo, é uma pintura do século XVII, Mulher numa despensa, uma obra feita em parceria entre Giacomo Legi e Antiveduto Gramatica, mestres profundamente influenciados por Caravaggio.

Além da apresentação de um conjunto de obras de relevo desta importante coleção, as duas instituições desenvolverão solidariamente outras atividades científicas públicas de reforço do estudo, conhecimento e divulgação da pintura de mestres portugueses e europeus.

O programa O Belo, a Sedução e a Partilha estará no Museu Nacional de Arte Antiga a partir do dia 21 de outubro e dura até 2 de janeiro de 2023.

A pintura ‘Mulher numa dispensa’, com que se inicia este ciclo de exposições de obras da Coleção Gaudium Magnum, de Maria e João Cortez de Lobão, incorpora duas das principais características do barroco de inícios do século XVI: o naturalismo da representação e o uso expressivo do claro-escuro.

A exuberante apreensão da realidade característica da pintura flamenga une-se, nesta obra, ao dramático sentido da luz fortemente contrastada que atingiu no início do século XVII a sua estabilização enquanto estratégia plástica na obra de Caravaggio e se tornou modus faciendi de um vasto grupo de pintores, dentro e fora de Itália.

Anna Orlando, que estudou em detalhe esta pintura, atribuiu-a à colaboração de dois mestres, o flamengo Giacomo Legi e o pintor de Siena Antiveduto Gramatica. Gramatica trabalhou sobretudo em Roma, onde se destacou na presidência da Academia de San Lucca.

Ainda muito jovem dirigiu uma oficina romana, especializada na representação de bustos de personagens ilustres, onde Caravaggio chegou a trabalhar na sua primeira estada romana. O tratamento da luz do jovem pintor influenciou-o profundamente, sobretudo a partir da segunda década de Seiscentos, embora Gramatica tivesse mantido sempre nas figuras um classicismo contido, mais amável do que o naturalismo revolucionário proposto por Caravaggio.

Giacomo Legi, por seu turno, trabalhou quase sempre em Génova, onde uma comunidade importante de pintores flamengos se estabeleceu no início do século XVII. Dela fizeram parte pintores como Cornelis de Weal (1592-1667), Jan Roos (1591-1638), que foi mestre e cunhado de Legi, e, o mais importante de todos, Antoon Van Dyck que permaneceu em Génova entre 1621 e 1627.

Como Jan Roos, conhecido em Itália como Giacomo Rosa, ou Rosso Giovanese, Legi dedicou-se sobretudo à natureza-morta, criando composições misturadas com figuras, em temas de “mercados” ou de “cozinhas” influenciadas pelas criações flamengas do final do século XVI, de Peter Aersten e de Joachim Beuckelaer. Giacomo formara-se em Antuérpia com o grande pintor de naturezas-mortas com animais Frans Snijders (1579-1657) e com o pai de Cornelis, o pintor Jan de Wael (1558-1633). Quando se estabeleceu em Génova, por volta de 1614, depois de uma breve estadia em Roma, a oficina de Ross (ou Rosa) tornou-se o centro agregador dos pintores flamengos que demandavam a cidade e a sua pintura influenciou decisivamente as complexas composições de Giacomo Legi, exuberantes no tratamento das texturas e na acumulação de vitualhas, misturando aves de luxuriantes plumas com vegetais e objetos comuns nas cozinhas e dispensas.

A descrição detalhada destes elementos que Legi criou nas suas obras é servida, quase sempre, por uma perspetiva elevada que permite uma apresentação larga e circunstanciada dos elementos expostos, afastando-se um pouco da distribuição “em plano inclinado” típica da natureza morta flamenga da geração anterior. A proposta de colaboração, nesta tela, entre Legi e Gramatica, proposta por Anna Orlando e geralmente aceite, coloca a questão do encontro entre os dois mestres, provavelmente numa estadia romana de Legi, que documentalmente desconhecemos, mas que não é de todo improvável, sobretudo se pensarmos nos contactos romanos que o seu mestre e cunhado, Giacomo Rosa, mantinha. A figura feminina, com sombras bem definidas e um colorido quente, afasta-se, pela sua elegância, de outras figuras humanas presentes em diversas obras de Legi, remetendo-nos para uma episódica colaboração com Antiveduto Gramatica.

Obra em Exposição:
Giacomo Legi (Liège, c. 1590-1600 – Milão, c. 1640) e Antiveduto Gramatica (Siena, 1571 – Roma, 1627), Mulher numa despensa, c. 1620-1627 | Óleo sobre tela, 96×126 cm ©Jorge Simão

Sobre a Fundação Gaudium Magnum
A Fundação Gaudium Magnum – Maria e João Cortez de Lobão existe desde 2018 tendo como missão enaltecer Portugal, a língua portuguesa, a sua cultura e as suas gentes. A Fundação pretende ser uma instituição aberta ao mundo, que promove o Bem Comum e contribui para uma sociedade mais justa, à luz dos valores Cristãos e da missão de Portugal no mundo. Para isso, aposta em quatro eixos estratégicos: Cultura, Educação, Beneficência e Investigação. No campo Cultural, e em particular a coleção de arte, reúne um valioso espólio de peças centrada em Old Masters, com uma forte componente de autores portugueses.

Sobre o Museu Nacional de Arte Antiga
Criado em 1884, o MNAA - Museu Nacional de Arte Antiga alberga a mais relevante coleção pública do país: pintura, escultura, artes decorativas – portuguesas, europeias e da Expansão –, desde a Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como «tesouros nacionais», assim como a maior coleção de mobiliário português. São também de grande relevância no acervo, nos diversos domínios, algumas obras de referência do património artístico mundial, não só na pintura, mas também no âmbito das suas coleções de ourivesaria, cerâmica, têxteis, vidros e ainda desenhos e gravuras.

Em exposição permanente, destaca-se a sala dedicada à história dos presépios portugueses, articulada com a Capela das Albertas, joia do Barroco nacional, que é composta por mais de duas dezenas de obras, incluindo presépios completos e esculturas avulsas, na qual se podem encontrar desde os mais antigos fragmentos de figuras em barro até aos grandiosos conjuntos conventuais e palacianos, da autoria dos mais reputados escultores, desde o século XVI ao século XIX.

No acervo do MNAA, destacam-se os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, obra-prima da pintura europeia do século XV, a Custódia de Belém, de Gil Vicente, mandada lavrar por D. Manuel I e datada de 1506, os Biombos Namban, do final do século XVI, registando a presença dos portugueses no Japão, Tentações de Santo Antão, de Bosch, exemplo máximo da pintura flamenga do início do século XVI, São Jerónimo, de Dürer, inovadora representação do Santo, e importantes obras de Memling, Rafael, Cranach ou Piero della Francesca. Destaque ainda para a Custódia da Bemposta, uma das mais ricas peças da ourivesaria barroca portuguesa, a escultura de Santa Ana Ensinando a Virgem a Ler, da autoria de Joaquim Machado de Castro, o mais importante escultor do período barroco português, ou a Baixela Germain, um impressionante serviço de mesa do século XVIII encomendado por D. José I à famosa oficina parisiense de Thomas Germain, o ourives de Luís XV.

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