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Natureza e trans_formação continuam em evolução no GUIdance

Festival Internacional de Dança Contemporânea mantém o ritmo até 11 de fevereiro em Guimarães, de mãos dadas com o público e artistas, dando continuidade à onda de espetáculos (com algumas lotações esgotadas e próximas de esgotar), conversas, debates, masterclasses, exposição, cinema e visitas às escolas. 

Akram Khan's "Jungle Book reimagined" © Ambra Vernuccio

2 Fev a 11 Fev 2023

Guimarães

Decorrida a primeira parte da celebração da 12ª edição do GUIdance com direito a atividades e espetáculos – repletos da essência que é o envolvimento do público –, entre estreias e coproduções como “BAqUE”, de Gaya de Medeiros, “Some Choreographies”, de Jacopo Jenna, “Gran Bolero”, de Jesús Rubio Gamo, “Silent Disco” de Alfredo Martins, e obras em que a companhia Dançando com a Diferença se juntou aos coreógrafos François Chaignaud e Tânia Carvalho para apresentar as peças “Blasons” e “Doesdicon”, bem como momentos de debate, cinema, formação, visitas a escolas –, a coreografia desta trans_formação prossegue para continuar a esbater diferenças que separam, neste universo em evolução alicerçado e operado por obras como as que nos próximos dias se juntam a esta celebração que se move em direção ao humanismo e à salutar relação com a Natureza.

Uma celebração que se faz sentir até 11 de fevereiro com a aparição de cinco criações: "Carcaça" (8 fevereiro) do coreógrafo e bailarino Marco da Silva Ferreira; “Beautiful People” (9 fevereiro), um trabalho de Rui Horta com a companhia Dançando com a Diferença; “Soirée d'études” (10 fevereiro), de Cassiel Gaube - um dos projetos selecionados para a Aerowaves Twenty22 que agora estreia em Portugal; “O Elefante no Meio da Sala” (11 fevereiro), de Vânia Doutel Vaz – uma peça coproduzida pel’ A Oficina / CCVF; e “Jungle Book reimagined”, uma estreia nacional da Akram Khan Company que faz antever um grande encerramento do festival.

Nesta segunda semana da 12ª edição do GUIdance, há muito para ver e participar em vários espaços de Guimarães percorridos pelo festival – Centro Cultural Vila Flor (CCVF), Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), Teatro Jordão, Casa da Memória e escolas –, incluindo cinco espetáculos, masterclasse, debate, visitas às escolas, uma exposição, duas conversas pós-espetáculo, um filme e a exibição do registo integral do espetáculo “Endless” com conversa no final.

Recuperado do fôlego da intensidade e potência dos últimos espetáculos, é já às 21h30 desta quarta-feira (8 fevereiro) que enfrentamos a “Carcaça” de Marco da Silva Ferreira. Neste trabalho, o coreógrafo e bailarino português usa a dança como ferramenta para pesquisar sobre comunidade, construção de identidade coletiva, memória e cristalização cultural, e esta coreografia – que parte inicialmente de footwork saltado como motor agitador e acelerador – desenha progressivamente um corpo vibrante, rebelde e carnavalesco, a bordo de um elenco de 10 performers que formam um coletivo que pesquisa sobre a sua identidade coletiva num fluxo físico, intuitivo e despretensioso do corpo, da dança e de construção cultural. Neste espetáculo, os sons físicos são acompanhados ao vivo pela bateria de João Pais Filipe e a música eletrónica de Luís Pestana, uma trilha sonora acelerada que interliga referências da música tradicional, da música pós-moderna e da música de clubbing.

“Beautiful People”, que surge logo no dia seguinte (9 fevereiro) à mesma hora, não esconde a deficiência, nem a embrulha em sentimentos de piedade. A obra de Rui Horta com a companhia Dançando com a Diferença torna mais visível a brutalidade e a injustiça com que a sociedade trata a pessoa com deficiência. Alguns gestos parecerão chocantes, como o corpo que é cruelmente lançado fora da cadeira de rodas. Quando os intérpretes se aproximam da boca de cena, com minhocas na cabeça, o espectador sente talvez a incomodidade do olhar, uma espécie de nó dissonante no centro do seu próprio cérebro. Mas a fórmula para desatar esse nó surge sobretudo no coração, embalado no sentido desta peça construída com fragmentos, simultaneamente perturbadora e sensível.

A semana prossegue às 21h30 de sexta-feira (10 fevereiro) com a estreia nacional de mais um dos projetos selecionados para a Aerowaves Twenty22 – “Soirée d'études”, uma peça que nasceu da paixão do coreógrafo e bailarino belga Cassiel Gaube pelo vocabulário da house dance, uma dança de clube na qual explora as potenciais interseções com as abordagens composicionais da dança contemporânea, desconstruindo o léxico da house dance para melhor brincar com ele. Do seu groove característico às suas várias formas de footwork, os diferentes aspetos deste estilo são aqui sucessivamente examinados, trazidos à luz e honrados. Aqui, Cassiel Gaube, inspirado especialmente nas obras de Bruno Beltrão e William Forsythe, explora as lógicas corporais e musicais do seu estilo de dança mais amado.

O derradeiro dia desta 12ª edição do GUIdance (11 fevereiro) presenteia-nos com dois espetáculos que prometem despertar-nos sobremaneira os sentidos com duas imponentes doses sensoriais. A criadora Vânia Doutel Vaz surpreende-nos às 18h30 com “O Elefante no Meio da Sala”, outra coprodução A Oficina / Centro Cultural Vila Flor. Com inspiração na expressão ‘há um elefante no meio da sala’, que sugere a ideia de que na presença de um elemento óbvio este possa ser ignorado, este elefante faz-nos refletir sobre o que há que não ousamos dizer ou com o qual somos incapazes de lidar. E sendo esse elefante fragmentado e plural, entre tanta gente, quantas possibilidades poderão surgir. Ver, sentir, ignorar, desviar e então ver outra coisa, tocar outra coisa, dançar por distintas matérias geram aqui uma atenção e prática em direção a alternativas acerca do que ali poderá estar.

Para encerrar esta grande festa, mergulhamos num futuro próximo em que uma família é separada ao fugir da sua terra natal devastada pelo impacto das mudanças climática. Esta viagem acontece às 21h30 quando surge em cena aquela que nas últimas duas décadas se afirmou como uma das companhias de dança mais inovadoras do mundo – Akram Khan Company – para estrear “Jungle Book reimagined” em Portugal. Espetáculo dirigido e coreografado por Akram Khan, reinventa a viagem de Mogli – a partir do clássico “O Livro da Selva”, de Rudyard Kipling – através dos olhos de um refugiado climático. Com banda sonora original, dez bailarinas/os internacionais e recursos visuais de última geração – que transformam o palco num mundo mágico que mergulha num dos mitos da atualidade –, “Jungle Book reimagined” toca na necessidade intrínseca de nos relacionarmos uns com os outros e a importância de nos conectarmos e respeitarmos a natureza.

As atividades paralelas desta segunda semana constituem-se por diversos momentos que continuam a missão de ligar as artes e os artistas ao público num envolvimento que resulta em frutos prósperos no presente e semeia um futuro mais luminoso. Algo que acontece em contextos como as conversas pós-espetáculo – esta semana com Marco da Silva Ferreira (8 fevereiro) e com a Akram Khan Company (11 fevereiro) –, na masterclasse com esta mesma companhia do Reino Unido (9 fevereiro), no debate moderado por Claudia Galhós com o mote “Natureza, TRANSformação e outras práticas sensíveis: a felicidade que nos aguarda”, nas visitas às escolas que esta semana se realizam com Henrique Amoedo (Dançando com a Diferença) como Embaixador da Dança (e no sentido inverso com o contacto do público escolar com os espetáculos), e ainda com a exposição “Dança” (até 28 fevereiro) – com ilustrações realizadas para o livro com o mesmo título, escrito por Inês Fonseca Santos e ilustrado por André Letria –, e também o filme "Um Corpo que Dança", realizado por Marco Martins (apresentado a 7 de fevereiro em parceria com o Cineclube de Guimarães) e a exibição do registo integral do espetáculo “Endless” (que esteve em cena no CCVF em abril de 2022), realizado por Eva Ângelo, acompanhada por uma conversa com Henrique Amoedo (Dançando com a Diferença).

Os bilhetes para os espetáculos encontram-se disponíveis por valores entre os 5 e os 10 euros, podendo ser adquiridos online em aoficina.pt e presencialmente nas bilheteiras de equipamentos geridos pel’A Oficina como o Centro Cultural Vila Flor (CCVF), o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), a Casa da Memória de Guimarães (CDMG) ou a Loja Oficina (LO), bem como nas lojas Fnac, Worten e El Corte Inglés. Esta edição contempla também a possibilidade de aquisição de assinaturas que garantem acesso a 2, 3 ou 4 espetáculos à escolha, com descontos de 20%, 30% e 40% respetivamente, disponíveis em oficina.bol.pt.  

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