O diálogo com a arte contemporânea estende-se por mais uma temporada no Tivoli Avenida Liberdade, desta vez com uma obra inédita de Jorge Feijão, O SONHO DE GYÖRGY. Concebida a partir de um sonho revelador e inspirada na pintura renascentista de Pietro Perugino, a instalação convoca a figura do Arcanjo Miguel como símbolo de resistência e esperança.

A origem desta obra sustenta-se no território de um sonho particular. Nele, Jorge Feijão vislumbrou três figuras de luz — Miguel, Gabriel e Rafael — arcanjos de uma ordem antiga, mensageiros de forças invisíveis. Estas figuras foram inicialmente pensadas para habitar os três painéis muxarabi no átrio do Tivoli Avenida Liberdade. O processo, guiado pela própria revelação, afunilou-se no Arcanjo Miguel, o primeiro a ser convocado. Perante a contemplação de uma pintura renascentista de Pietro Perugino, o artista percebeu que “esta imagem respondia à necessidade imperativa de reagir ao trágico espetáculo do colapso acelerado do planeta”.Entre a monumentalidade dos painéis muxarabi e a delicadeza do desenho, ergue-se a imagem do Arcanjo Miguel, não apenas como figura sagrada, mas como resposta à turbulência dos tempos. Da crise ambiental ao exponencial crescimento de forças extremistas no mundo ocidental, passando pelas guerras que ecoam no presente, já não é possível permanecer em silêncio.

A arte torna-se, então, um gesto de protesto e invocação, um grito visual de resistência, personificada pelo Arcanjo Miguel — símbolo universal da vitória do bem sobre o mal. O SONHO DE GYÖRGY revela-se um lugar onde o espiritual e o terreno se cruzam para afirmar a possibilidade de redenção.