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Encontro de Teatro Ibérico regressa ao Teatro Garcia de Resende
O Centro Dramático de Évora – CENDREV volta a organizar, no Teatro Garcia de Resende, o Encontro de Teatro Ibérico. Este Encontro é uma iniciativa que, ano após ano, promove o diálogo entre criadores, companhias e instituições de Portugal e Espanha.
2 Nov a 4 Nov 2025
Com uma programação que inclui debates e espetáculos, o Encontro constitui-se como um espaço de partilha artística, reflexão crítica e cooperação cultural no panorama ibérico.
Este ano, de 2 a 4 de novembro, o festival volta-se para norte e dedica a sua programação à Galiza, região cuja vitalidade artística e teatral tem sido uma das mais estimulantes do panorama ibérico contemporâneo.
Ao longo de vários dias, o público é convidado a participar em espetáculos que refletem a diversidade, o humor e a força poética do teatro galego atual.
O Encontro inicia-se no dia 2 de novembro, às 16h00, com a última apresentação de Um Sonho, de August Strindberg — a nova co-produção do CENDREV e A Escola da Noite, que estreou no passado dia 23 de outubro e está em cena até dia 2.
Encenado por António Augusto Barros, com um elenco de 11 atrizes e atores, cenografia de João Mendes Ribeiro, Luísa Bebiano e António Augusto Barros, música de Carlos Meireles e desenho de luz de António Rebocho, o espetáculo marca a abertura do Encontro de Teatro Ibérico, que tem sessões às 19h00 até sábado — dia em que também será possível assistir à sessão com interpretação em Língua Gestual Portuguesa, acessível a pessoas surdas e com dificuldades auditivas — e no domingo, às 16h00.
Em “Um Sonho” Agnès, filha do deus Indra, desce à terra para perceber como vivem os humanos.
Nessa imersão iniciática, vai encontrar três figuras coadjuvantes - o Oficial, o Advogado e o Poeta - estilhaços oníricos da biografia do próprio autor, Strindberg, por essa altura empenhado na construção de um novo teatro que pudesse revelar, na esteira das grandes discussões filosóficas da época, de Schopenhauer a Freud, o vasto território do inconsciente e dos sonhos.
No caleidoscópio de figuras e situações com que Agnès se depara no decurso da viagem aparecem os grandes temas de Strindberg: a família e o casamento, as desigualdades sociais mais gritantes que a revolução industrial agudizou, a justiça “que serve todos menos os que servem” e a Escola, encalhada no tempo e no espaço.
O encontro último com o Poeta, irmão e cúmplice na aventura da exigência de uma humanidade mais justa, aproxima-os da música e da poesia, das artes, que, tal como o sonho, são “maiores do que a realidade”.
O espetáculo seguirá posteriormente para Coimbra, onde será apresentado no Teatro da Cerca de São Bernardo, de 27 de novembro a 14 de dezembro.
Dia 3, a partir das 15h00, terá lugar a Conferência/Debate: “O Exemplo do Centro Dramático Galego Como Contributo Para a Reflexão Sobre Modelos de Desenvolvimento Regional”. Este encontro propõe uma reflexão partilhada sobre o papel das instituições culturais na criação artística contemporânea, a articulação entre políticas públicas e liberdade criativa, e os desafios comuns que enfrentam Portugal, Espanha e, em particular, a Galiza. Entre os convidados contam-se Fran Nuñez (Diretor do Centro Dramático Galego), Rui Vieira Nery (Musicólogo), Ana Paula Amendoeira (Vice-Presidente da CCDR Alentejo - Cultura), Pedro Rodrigues (A Escola da Noite) e Luis Miguel González-Cruz (Teatro del Astillero).
De seguida, às 19h00, o aclamado contador e ator Quico Cadaval, figura incontornável da cena galega, apresenta o seu espetáculo Complexo de Édipo, uma hilariante e vertiginosa viagem pelas fronteiras entre o mito e o quotidiano.
A partir da tragédia clássica, Cadaval constrói uma narrativa que mistura o conto tradicional de lareira, o teatro épico e o cabaret literário, onde uma taberneira de um porto galego — que é também mãe do soliloquista — comenta o destino do infeliz Édipo entre receitas de carne assada, histórias de marinheiros e ecos da família real espanhola. Um espetáculo singular, repleto de humor, inteligência e imaginação, em que um só homem se multiplica em vozes e memórias.
O encerramento do festival, dia 4 às 19h00, é marcado pela presença do Centro Dramático Galego (CDG), companhia pública de teatro da Galiza, que celebra este ano 40 anos de atividade.
Com o espetáculo A Serie Clopen, o CDG apresenta uma criação multidisciplinar que combina acrobacias, teatro físico, clown, dança e humor, numa reflexão sobre os desafios da juventude em tempos de incerteza.
A protagonista, Alicia, constrói um canal nas redes sociais para partilhar curiosidades sobre matemática, mas as suas descobertas levam-na a questionar o mundo — a política, a desigualdade, a guerra e o futuro digitalizado.
O espetáculo interroga com leveza e rigor se a arte, o circo e a cooperação podem oferecer respostas num presente dominado pela virtualidade.
Encenado por Pablo Reboleiro, com dramaturgia de Clara Gayo e Pablo Reboleiro, e um elenco de excelência, “A Serie Clopen” reafirma o propósito do CDG de promover o teatro galego dentro e fora das suas fronteiras, fortalecendo os laços culturais entre Galiza e Portugal.
O Encontro de Teatro Ibérico renova, assim, a sua missão de estreitar as relações culturais entre os povos da Península, celebrando a diversidade linguística, artística e humana que nos une. Entre o humor de Cadaval, a energia criativa do CDG e o pensamento partilhado na Conferência/Debate, Évora torna-se, por alguns dias, o palco de uma verdadeira festa ibérica do teatro e das ideias.
Os espetáculos do Encontro dos dias 2 e 4 de novembro, que decorrem na Sala Principal, são pagos, enquanto o debate/conferência e o espetáculo do dia 3 têm lugar no Salão Nobre e entrada gratuita.
Os bilhetes encontram-se disponíveis na bilheteira física do Teatro Garcia de Resende e online em bol.pt.

