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Morreu José Mário Branco

José Mário Branco é considerado um dos compositores portugueses mais importantes e renovadores do século XX, sobretudo a partir da revolução de 25 de Abril de 1974.

2011: concerto no Festival Silêncio - Foto Arquivo DN/ Nuno Pinto Fernandes 1976: José Mário Branco (ao centro) na conferência de imprensa da União Democrática Popular (UDP) - Foto Arquivo DN 1974: José Mário Branco com Luís Filipe Costa no programa da RTP, "O Caso da Semana" - Foto Arquivo DN 1987: espetáculo no Teatro Villaret, em Lisboa - Foto Arquivo DN 2008: concerto com Camané Foto - Arquivo DN José Mário Branco, em 2018 - Foto Fábio Poço/ Arquivo Global Imagens 1983: José Mário Branco, espectáculo de apresentação da União Portuguesa dos Artistas de Variedades (UPAV), no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.© Arquivo DN

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
, anunciou José Mário Branco logo no seu primeiro álbum, editado em 1971, em França, onde se encontrava exilado. Esse disco, com poemas de Natália Correia, Alexandre O'Neill, Luís de Camões e Sérgio Godinho, seria um marco na história da música portuguesa, no entanto, o início da sua carreira tinha acontecido antes, com a gravação em 1967 do primeiro EP, Seis cantigas de amigo.



Nascido no Porto em maio de 1941, filho de professores primários, José Mário Branco é considerado um dos compositores portugueses mais importantes e renovadores do século XX, sobretudo a partir da revolução de 25 de Abril de 1974. Foi militante do Partido Comunista Português e exilou-se em França em 1963, só regressando a Portugal em 1974. Sempre achou, como disse no disco lançado em 1976, que A Cantiga é uma Arma.

Além de cantor, autor e compositor, foi também produtor. Ao longo da sua carreira, colaborou com diversos músicos, entre os quais José Afonso (por exemplo, nos discos Cantigas do Maio e Venham Mais Cinco), Sérgio Godinho, Luís Represas, Fausto Bordalo Dias, Janita Salomé, Amélia Muge, Carlos do Carmo e Camané (produziu todos os discos do fadista).

Foi fundador do GAC - Grupo de Acção Cultural, fez parte da companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de Artistas e Variedades.

A edição de Ser solidário, em 1982, inclui a gravação de FMI, uma das composições mais célebres de José Mário Branco.



O último álbum de originais, Resistir é vencer, data já de 2004. O título mais uma vez era todo um programa. Nas diversas entrevistas que deu a propósito deste lançamento, José Mário Branco afirmou-se mais radical nas suas ideias e, ao mesmo tempo, mais ponderado, com os pés no chão.

Depois disso, José Mário Branco participou no projecto Três Cantos, ao lado de Sérgio Godinho e Fausto Bordalo Dias, que resultou numa série de concertos, um álbum e um DVD.

Em 2006, com 64 anos, José Mário Branco iniciou uma licenciatura em Linguística, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Terminou o 1º ano com média de 19,1 valores, sendo considerado o melhor aluno do seu curso. Desvalorizou a Bolsa de Estudo por Mérito que lhe foi atribuída, dizendo que é "algo normal numa carreira académica".

Em 2016, estreou no Indie Lisboa o filme Mudar de Vida, de Nelson Guerreiro e Pedro Fidalgo, dedicado à vida e à obra do músico.

Em 2018, José Mário Branco cumpriu meio século de carreira, tendo editado um duplo álbum com inéditos e raridades, gravados entre 1967 e 1999. A edição sucede à reedição, no ano anterior, de sete álbuns de originais e um ao vivo, de um período que vai de 1971 e 2004.


in Diário de Notícias | 19 de novembro de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias
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