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Património em perigo: Ponte Velha do Vouga

Trata-se de uma das principais obras do género com origem no século XIII. Integrava-se no trajeto da estrada coimbrã ou estrada real entre Lisboa e Porto. Começou a ser construída quando a capital ainda era Coimbra. Teve reconstruções parciais e ampliações nos séculos seguintes.

Foto de David Machado


A monumental ponte do antigo burgo e vila de Vouga, hoje também conhecida como ponte velha do rio do Vouga, localiza-se na freguesia de Lamas de Vouga, concelho de Águeda, distrito de Aveiro, Portugal.

História

Situada sobre o rio Vouga, esta ponte foi construída no século XIII, junto à histórica vila e burgo de Vouga. As mais antigas referências atualmente conhecidas são do 2º quartel desse século: dois legados testamentários em favor da ponte, um não posterior a 1239 e outro datado de 1245. Tinha já nessa altura pelo menos 10 arcos, dos quais ainda existem vestígios. Pensa-se que teria, no total, 12 arcos, com um comprimento a aproximar-se dos 160 m. A ponte fazia parte da chamada estrada coimbrã, via que ligava a cidade do Porto e o noroeste de Portugal à cidade de Coimbra, e que seguia de perto a velha estrada romana.

No sopé do monte onde existia o castelo ou civitas do Marnel e bem próximo da ponte, formou-se o burgo de Vouga, que passou a funcionar como sede do mais extenso e antigo município do Baixo Vouga, conhecido como territorio Vauga ou terra de Vouga. A importância da ponte para esta região levou a que o seu brasão tivesse como figura central precisamente a representação de uma ponte.

As cheias e o progressivo assoreamento do rio foram obrigando a sucessivas reconstruções da ponte, por vezes com alteamento e/ou alongamento do tabuleiro. A história destas intervenções tem vindo a ser clarificada em estudos recentes. Sabe-se que sofreu uma intervenção em meados do século XVI, reinado de Dom João III, mas não se sabe em que consistiu. Em 1594, um italiano, Giovanni Battista Confalonieri, secretário do patriarca de Jerusalém, passando por ali em peregrinação a Santiago, realçou que a ponte do Vouga era tão longa como a ponte de Sant’Angelo, em Roma (uma das famosas pontes romanas sobre o Tibre).

Em 1708, a ponte já estava tão assoreada que, em tempo de cheias, passava-se o rio em barca. Por volta de 1713, a mando de Dom João V, foi construída uma nova ponte em cima dos pilares e arranques de arcos da ponte medieval. A nova ponte ficou com 15 arcos.

Em 1773, os primeiros dois arcos do lado sul, que seriam arcos pequenos, estavam arruinados. Em 1773-1776, passava-se o rio numa barca de passagem. Em 1785-1789, existiam passadiços de madeira. Em 1791, Dona Maria I mandou restaurar a ponte. Os dois arcos arruinados deram então lugar a três novos arcos, dois dos quais são os maiores da ponte atual. A ponte ficou então com 16 arcos e cerca de 225m.

Em 1930-1932, foi instalado um novo tabuleiro, mais largo, em betão armado. Em 1944-1945, o acesso norte foi elevado e o 16º arco terá ficado soterrado.

Apesar das intervenções do século XVIII, subsiste uma boa parte das estruturas da ponte medieval. Além disso, muitos silhares e aduelas da ponte medieval, com as características marcas dos canteiros medievais, estão reutilizados na ponte construída por Dom João V.

Ao contrário do que por vezes aparece escrito, esta ponte ainda não foi objeto de classificação.

Em 2011, desabou um dos pilares.

Cronologia de um abandono 

Na sequência da construção de uma nova ponte a jusante da ponte antiga, esta ficou sem manutenção e o seu estado deteriorou-se rapidamente: 

  • 1996 - Ponte velha de Vouga passou para a responsabilidade da Câmara Municipal de Águeda.
  • 2001 - Queda da ponte de Entre-os-Rios assusta a Câmara Municipal de Águeda, que decide ordenar uma inspeção à ponte velha de Vouga; são identificados alguns problemas na estrutura.
  • 2008-2009 - Ponte tem um pilar muito degradado e um abatimento no tabuleiro. Alcides de Jesus, Presidente da Junta de Lamas de Vouga, lança vários alertas sobre o estado da ponte.
  • 2010 - Câmara Municipal de Águeda pede nova inspeção ao estado da ponte, segundo a qual a ponte deveria ser fechada ao trânsito e a sua reabilitação custaria mais de 2 milhões de euros.
  • 2011, maio - A ponte foi formalmente encerrada ao trânsito, mas continuou a ter trânsito.
  • 2011, setembro - Alcides de Jesus volta a chamar a atenção para o estado da ponte em Assembleia Municipal.
  • 2011, 12 de novembro - Por falta de manutenção, o 7º pilar e os dois arcos centrais da ponte cederam à força das águas.
  • 2011, 14 de novembro - CMA informa que vai realizar estudo com vista à demolição da ponte.
  • 2011, novembro-dezembro - Levanta-se um coro de vozes em defesa da ponte.
  • 2011, 23 de dezembro - Assembleia de Freguesia de Macinhata do Vouga aprova por unanimidade moção em defesa da reconstrução da ponte «que muito orgulhava o nosso concelho», «por ser um legado dos nossos avós, que devemos preservar por todos os meios ao nosso alcance».
  • 2012 - Foram removidos os escombros do pilar arruinado e salvaguardada a inscrição alusiva à obra de Dom João V.
  • 2012-2022 - Sucessivas tomadas de posição em defesa da ponte, quer nos órgãos autárquicos, quer na comunicação social, sem resultado.


Fonte: Wikipédia

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