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"Caiu um dos Grandes", diz associação dos Profissionais da Imagem
A Associação Portuguesa dos Profissionais da Imagem (APP Imagem) regiu à morte do fotojornalista Eduardo Gageiro, em Lisboa, aos 90 anos, afirmando que “caiu um dos Grandes”.

A APP Imagem lembra, numa publicação nas redes sociais, que Eduardo Gageiro “deixa um vasto arquivo, de um obra com mais de 70 anos", em que o reporter fotográfico "se debruçou nas diversas realidades nacionais”.
Também o espaço cultural Narrativa, em Lisboa, fundado pelo fotojornalista Mário Cruz, considera a obra de Gageiro “um registo histórico de Portugal sem paralelo na fotografia nacional”.
“A sua dedicação em prol da documentação da democracia portuguesa e das questões sociais que a atravessam foi absolutamente ímpar e a exposição que realizou no ano passado – ‘Factum’ [na Cordoaria Nacional] - revelou precisamente esse resultado ao expor, de forma muito clara, o alcance e dimensão do seu trabalho”, lê-se numa publicação da Narrativa nas redes sociais.
A Embaixada de Portugal na Bélgica lamentou a morte de Eduardo Gageiro, “um dos mais notáveis fotojornalistas portugueses, cuja lente captou, com rara sensibilidade e rigor, momentos fundamentais da história contemporânea de Portugal — em particular a Revolução do 25 de Abril — bem como o quotidiano das portuguesas e dos portugueses ao longo de décadas, deixando um testemunho visual extraordinário do país e do seu povo”.
O Município de Tábua, no distrito de Coimbra, recorda as ligações familiares do fotojornalista Eduardo Gageiro à localidade de Mouronho e o reconhecimento da "importância da sua obra", com a atribuição da Medalha do Concelho, em 2010.
"Eduardo Gageiro foi um dos maiores fotojornalistas portugueses, colaborando com as principais publicações do País e Estrangeiro, sendo reconhecido ao longo da sua carreira com mais de 300 prémios", entre os quais o World Press Photo, em 1975, recordou o município, em comunicado.
Empregado de escritório na Fábrica de Loiça de Sacavém, entre 1947 e 1957, Eduardo Gageiro "conviveu diariamente com pintores, escultores e operários fabris, que o influenciaram na sua decisão de fazer fotojornalismo", lê-se na biografia disponível no seu 'site'.
Gageiro publicou a sua primeira fotografia aos 12 anos no Diário de Notícias, "com honras de primeira página", iniciando a atividade de repórter no Diário Ilustrado em 1957.
Ao longo da carreira trabalhou para as revistas O Século Ilustrado, Eva, Almanaque, Match Magazine, agência Associated Press (Portugal), foi editor da revista Sábado e manteve uma longa atividade como 'freelancer'.
O seu trabalho abrangeu também a Companhia Nacional de Bailado, a Assembleia da República e a Presidência da República, a editora alemã Deustche Gramophone e companhias internacionais como a Yamaha e a Cartier.
Eduardo Gageiro foi condecorado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique e cavaleiro da Ordem de Leopoldo II, da Bélgica.
Entre as distinções da sua carreira, conta-se o World Press Photo em 1975.
Eduardo Gageiro foi nomeado "membro de honra" do Fotokluba Riga (ex-URSS), do Fotoclube Natron e da Novi Sad (ex-Jugoslávia), da Osterreichisdhe Fur Photographie, da Áustria, e recebeu o prémio de excelência da Fédération Internationale de l’art Photographique (FIAP), em Berna, na Suíça.
No II Congresso Internacional de Repórteres Fotográficos, realizado em S. Paulo, Brasil, em 1966, foi nomeado vice-presidente da organização.
Mestre Fotógrafo Honorário da Associação de Fotógrafos Profissionais desde 2009, é o único português com uma fotografia em exposição permanente na Casa da História Europeia, em Bruxelas, desde 2014, indica a sua biografia.
No início deste ano, a Câmara Municipal de Torres Vedras adquiriu o acervo do fotógrafo, que já se mantinha à sua guarda e conservação.
Até 13 de setembro está patente na Galeria Municipal de Torres Vedras a exposição “Pela Lente da Liberdade”, que parte desse acervo.
Fonte: LUSA | 04 de junho de 2025