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David Hammons Ted Joans: Exquisite Corpse

Na sua primeira exposição individual em Portugal, David Hammons homenageia Ted Joans (1928–2003), artista plástico, músico e poeta, cuja obra é influenciada pelo surrealismo e pelo jazz. 

16 Mar a 26 Mai 2019

Lumiar Cité
Rua Tomás del Negro, 8A, 1750-105 Lisboa

Em 1976, inspirado pelo movimento surrealista francês, Ted Joans iniciou o projeto coletivo Long Distance Exquisite Corpse. Dobrando uma folha de papel várias vezes, cada participante criou uma imagem, deixando uma linha na dobra para o participante seguinte ligar a sua. Os trabalhos artísticos que daí resultaram seguem, geralmente, uma lógica humorística ou confrontante. Explorando noções do inconsciente, as obras vivem na tensão entre o colaborativo e o individual, o consciente e o acaso, o desenho e o objeto. Ao longo dos anos, Joans viajou pelo mundo pedindo a artistas e escritores - incluindo surrealistas europeus, escritores nigerianos e sul-africanos, poetas e músicos de jazz americanos, pintores e intelectuais mexicanos - para adicionar um desenho ao projeto engenhosamente criado em forma de acordeão, a partir de um vulgar papel contínuo de computador. Como Joans refere numa entrevista, “Long Distance Exquisite Corpse é a ideia em construção de uma autoria coletiva ou colaborativa, na qual uma ininterrupta composição produz um significado indeterminado através da intervenção de cada participante”. A inovação deste processo de cadavre exquis é a variação das distâncias entre os participantes, que podem conhecer-se e assistir à adição dos respetivos desenhos, ou estar separados por milhares de quilómetros e apenas serem conectados pelo próprio Joans.

Em 2001, David Hammons filmou Ted Joans desdobrando a longa obra de arte pelo apartamento de Robin D. G. Kelley e Diedra Harris-Kelley, em Nova Iorque, onde, em conjunto com a artista Laura Corsiglia, analisam cada desenho e as histórias criativas e pessoais da, aparentemente, interminável lista de participantes. A câmara segue o desdobrar da obra, enfatizando a sua fisicalidade, o processo ativo necessário para com ela dialogar e a impossibilidade de a visualizar integralmente de uma só vez. A obra colapsa em fragmentos, mas interliga os seus participantes globais, dobrando, desdobrando, obscurecendo, revelando, atravessando grandes distâncias. Hammons acrescenta o seu próprio desenho, dando seguimento à transmissão de longa distância. Como Corsiglia reflete, Long Distance Exquisite Corpse é "o mapa para um tesouro de amizades que se expande através do tempo, do espaço e das disciplinas". Long Distance Exquisite Corpse (1976-2005) resulta de uma colaboração de 132 autores, incluindo, Paul Bowles, Breyten Breytenbach, William S. Burroughs, Mário Cesariny, Barbara Chase-Riboud, Bruce Conner, Laura Corsiglia, Bill Dixon, Allen Ginsberg, David Hammons, Stanley William Hayter, Dick Higgins, Konrad Klapheck, Alison Knowles, Michel Leiris, Malangatana, Roberto Matta, Octavio Paz, Larry Rivers, James Rosenquist, Wole Soyinka, Dorothea Tanning e Cecil Taylor.

Produzido pela Maumaus / Lumiar Cité, o filme Ted Joans: Exquisite Corpse (2001-2018), de David Hammons, teve a sua estreia em Dakar, em 2018. O filme mostra-se agora no espaço Lumiar Cité, na primeira apresentação conjunta com a versão original de Long Distance Exquisite Corpse, desdobrada integralmente, nunca exposta publicamente.
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