A Associação Geológica Internacional determina a data oficial do início do Antropoceno em 1950. Será que os 60% de primatas, 30% de anfíbios e 21% das espécies de peixes ameaçados de extinção em 2021 estão preocupados? Quem estuda a relação Humano / Outro-Animal não necessita de nenhuma declaração oficial para notar a agitação contemporânea rápida e dramática no ecossistema. As relações Humano / Outro-Animal não são apenas um foco central para o Antropoceno; elas representam ecologias críticas de esperança e de desespero. Mas será que as abordagens disciplinares teóricas e metodológicas tradicionais estão a acompanhar as necessidades e as complexidades destes processos e padrões? Sim e não. Nesta sessão, Agustin Fuentes irá argumentar que, apesar dos desenvolvimentos significativos na teoria e nos métodos, os compromissos históricos e tradicionais asilos disciplinares continuam a ser um obstáculo à inovação e à transformação. Nós (humanos e outros) podemos beneficiar do envolvimento transdisciplinar e inter-espécie. Neste sentido, apresentará breves exemplos de uma investigação sobre as relações humano-primata, humano-hiena, humano-cão e humano-elefante, para mostrar como sinergias, hibridismos, e a teoria evolutiva contemporânea podem ser particularmente úteis nas paisagens atuais dos seres humanos e de outros.

Notas biográficas:
Agustín Fuentes, com formação em Zoologia e Antropologia, é Professor de Antropologia na Universidade de Princeton. A sua pesquisa aprofunda temas como “o como” e “o porquê” do ser humano. Desde perseguir macacos nas selvas e nas cidades, à exploração da vida dos nossos antepassados, passando pela observação do que as pessoas realmente fazem em todo o mundo, Agustin Fuentes tanto se interessa pelas grandes questões como pelos pequenos detalhes da ação dos humanos e dos nossos “parentes mais próximos”. Os seus projetos atuais incluem a exploração da cooperação, da criatividade e da crença na evolução humana, antropologias multiespecíficas, teoria e processos evolutivos e as questões da raça e do racismo. Fuentes é um cientista com uma participação pública ativa, um conhecido blogger, conferencista, tweeter, escritor e explorador da National Geographic. Os livros de Fuentes incluem “Race, Monogamy, and other lies they told you: busting myths about human nature” (U da Califórnia), "The Creative Spark: how imagination made humans exceptional" (Dutton), e "Why We Believe: evolution and the human way of being" (Yale).

Ana Luísa Santos é doutorada em Antropologia, professora no Departamento de Ciências da Vida (DLS) e membro titular do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação são em Antropologia Biológica, particularmente no estudo bio-cultural e multidisciplinar da saúde/doença em populações passadas. Outras áreas de investigação são a história da antropologia e as coleções dos museus. É autora de obras publicadas em revistas e livros nacionais e internacionais, resultantes de estudos realizados em Portugal, Argentina, Jamaica, entre outros países. Foi editora associada do International Journal of Paleopathology e foi vice-presidente da Associação de Paleopatologia. É vice-diretora da DLS, membro da direção da Associação Portuguesa de Antropologia e da Associação Espanhola de Paleopatologia e Coordenadora do Mestrado em Evolução Humana e Biologia.

Gonçalo Santos é professor assistente de Antropologia Sociocultural no Departamento de Ciências da Vida e membro do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Universidade de Coimbra. Ocupou cargos anteriores na London School of Economics and Political Science, no Max Planck Institute for Social Anthropology, e na Universidade de Hong Kong. A sua investigação sobre a China explora novas abordagens a questões de modernidade, subjetividade moral, e transformação social e tecnológica. É o autor de Chinese Village Life Today (Univ. of Washington Press, In Press) e coeditor de Transforming Patriarchy (Univ. of Washington Press, 2017). É fundador e diretor da rede internacional de investigação Sci-Tech Asia, e participante na Iniciativa para o Diálogo EUA-China sobre Questões Globais e no Grupo de Investigação sobre Cultura e Sociedade na Universidade de Georgetown.

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