Festivais
QUEER - International Queer Film Festivals
Programação Completa Queer Lisboa 25 & Queer Porto 7

17 Set a 25 Set 2021
12 Out a 16 Out 2021
Queer Porto 7 anuncia também a programação completa, que se estenderá por cinco salas da cidade, e com uma nova competição dedicada à produção nacional.
A 13 de setembro de 1997 tinha início a primeira edição do então denominado Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa. A noite de abertura teve lugar na Cinemateca Portuguesa com a exibição de um objeto singular, a curta-metragem Un chant d’amour, de 1950, ato isolado na realização, do novelista e dramaturgo francês, Jean Genet. Com este mote iniciamos a contagem decrescente para o Queer Lisboa 25, que se realiza de 17 a 25 de setembro no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa, com um programa de 76 filmes procedentes de 27 países, que contempla clássicos da história do cinema queer e propostas desafiantes de realizadorxs emergentes que prometem dar que falar.
Homenageamos Genet abrindo a 25.ª edição com o clássico de 1982, Querelle, de Rainer Werner Fassbinder, filme póstumo que tem por base o Querelle de Brest, de Genet, e que nos transporta para um universo marcado pela violência e pelo erotismo. Por sua vez, cabe a The Watermelon Woman, de Cheryl Dunye, o Encerramento do festival, importante marco do New Queer Cinema e reconhecido enquanto um dos mais importantes filmes lésbicos, realizado por uma mulher negra. O duo musical brasileiro Noporn junta-se também à Noite de Encerramento, para um pocket show exclusivo onde irão interpretar faixas dos filmes Beira Mar e Tinta Bruta, exibidos no festival em anos anteriores.
O jurado da Competição de Longas-Metragens conta com a argumentista e realizadora Fátima Ribeiro, a mítica performer e atriz Jenny Larrue, e o ator Manuel Moreira. Os oito títulos que compõem esta lista cobrem uma gama ampla de modalidades narrativas e sensibilidades, sendo de destacar a tríade de estreias na realização composta por: Madalena, primeira longa-metragem do realizador brasileiro Madiano Marcheti, estreada no Festival de Roterdão, e que narra as histórias que rodeiam o desaparecimento de uma mulher trans; The Scary of Sixty-First, realizado e protagonizado por Dasha Nekrasova, vencedor do prémio Melhor Primeira Obra na Berlinale de 2021, onde o polémico caso de Jeffrey Epstein serve de inspiração para um thriller psicológico repleto de ironia; e por fim Garçon chiffon, proveniente de Cannes 2020, onde Nicolas Maury assume a realização e o papel principal num retrato agridoce de um ator gay que atravessa uma crise existencial. É de destacar ainda o regresso da dupla baiana Ary Rosa e Glenda Nicácio ao festival com Até o Fim, onde a iminência da morte de um progenitor suscita um reencontro entre quatro irmãs.
Na Competição de Documentários o júri será composto por Ana Aresta, presidente da ILGA Portugal, a jornalista e produtora da RTP Manuela Silva Reis, e Miguel Ribeiro, codiretor do DocLisboa. A lista de filmes propostos transporta-nos para um conjunto de diferentes geografias, mapeando a multitude de vivências e problemáticas dos indivíduos e comunidades queer. A questão das migrações está presente em filmes como Silent Voice, de Reka Valerik, onde um refugiado checheno perde a voz como consequência da violência psicológica do processo migratório, e em Miguel's War, de Eliane Raheb, vencedor do Teddy Award em 2021, que foca a história de vida de Miguel Jelelaty*, libanês radicado em Espanha. De Espanha chega também Sedimentos, de Adrián Silvestre* (vencedor do Grande Prémio do festival em 2017 com Los Objetos Amorosos), onde somos convidades a embarcar numa viagem com um grupo de seis mulheres trans. Destaque ainda para La Fabrique du Consentement: Regards Lesbo-Queer, de Mathilde Capone, corajosa abordagem ao complexo tema do consentimento e importante contributo para o debate público em torno da sexualidade.
O júri da Competição de Curtas-Metragens será composto pelo realizador Ricardo Branco, pela atriz Cleo Diára, e pela jornalista e crítica de cinema Teresa Vieira. Um terço dos trabalhos que apresentamos nesta secção são de cineastas que já marcaram presença no festival, alguns inclusive vencedores de outras edições, como é o caso de Yann Gonzalez, Marc Wagenaar e Cris Lyra. Portugal encontra-se representado por duas curtas: A Table for One, de Carlos Lobo, que subverte e inscreve novos significados na obra de Steven Spielberg; e Luz de Presença, de Diogo Costa Amarante, que competiu pelo Urso de Ouro no último Festival de Berlim. Red Aninsri; or, Tiptoeing on the Still Trembling Berlin Wall, de Ratchapoom Boonbunchachoke, chega a Lisboa depois da sua estreia em Locarno, contando uma história de espionagem protagonizada por uma mulher trans e trabalhadora sexual, enquanto Vagalumes de Léo Bittencourt, estreado em Clermont-Ferrand, revela o lado noturno de um emblemático parque do Rio de Janeiro. Destaque também para The Fans, de Seva Galkin, curta banida no Festival de Moscovo, uma observação arrepiante sobre masculinidade e homossexualidade na Rússia contemporânea.
O mesmo júri avaliará a Competição “In My Shorts”, dedicada a filmes de escolas de cinema europeias. Nove títulos constituem esta competição, este ano com uma forte presença francesa. Da Fresnoy chegam Diamanda s’en va, de Antoine Granier, de regresso ao festival depois de no ano passado ter conquistado um lugar na Competição Queer Art, e Scum Mutation, de Ov, manifesto animado de alta voltagem sobre as políticas do corpo. Não distante dessas problemáticas identitárias chega-nos o documentário/autorretrato Jo, um canto à luta de um homem negro e transgénero. Destaque ainda para três filmes que estarão representados presencialmente pelos seus autores: Supreme, de Youssef Youssef, também repetente no festival; Eden, de Sven Spur, onde um personagem deambula pela cidade procurando satisfazer os seus desejos carnais; e Gare aux coquins, de Jean Costa, que nos transporta para o universo do cruising na Córsega.
Por fim, o júri da Competição Queer Art será composto pelx artista e educadore transfeminista Dani D’Emilia, e pelo montador e programador Tomás Baltazar. Nesta lista é de salientar a presença de Acts of Love, de Isidore Bethel e Francis Leplay, uma docuficção que utiliza o universo das dating apps para mostrar as várias formas que o desejo e a intimidade assumem após o término de um relacionamento, ou o regresso de um nome já familiar ao festival, Gustavo Vinagre, para apresentar Desaprender a Dormir, um exercício de procura pela líbido sexual no cruzamento entre ficção científica e pornografia. Ainda na temática do desejo, Passion, de Maja Borg, retrata a descoberta de um poder libertador em polos aparentemente antagónicos como os do Cristianismo e do BDSM. Menção ainda para Vaga Carne, de Grace Passô e Ricardo Alves Jr., espetáculo de palco agora adaptado ao ecrã, onde uma voz assume e incorpora uma identidade feminina, debatendo-se com as questões sócio-político-culturais que circunscrevem essa categoria. Bethel, Leplay e Borg marcarão também presença no Cinema São Jorge.
Na ocasião do vigésimo quinto aniversário, tanto do festival como da Associação ILGA Portugal, surge uma parceria que se materializou no Queer Focus deste ano, um programa de filmes e debates, onde se procura localizar, dentro de objetos fílmicos, questões de especial relevância histórica, social e cultural para as comunidades LGBTQIA+. Começando pelo documentário que recupera o movimento lésbico na Holanda e o seu lugar de destaque no feminismo holandês, The City Was Ours. Radical Feminism in the Seventies, realizado por Netty van Hoorn, seguido de uma conversa com Eduarda Ferreira e Daniela Bento. Do Brasil, apresentamos Mães do Derick, de Dê Kelm, uma história de coparentalidade no seio de uma família não-monogâmica repleta de identidades não-normativas. Cured, de Patrick Sammon e Bennett Singer, propõe uma incursão pela história das práticas preconceituosas da clínica e da psiquiatria e será seguido de uma conversa com Zélia Figueiredo e Henrique Pereira. A violência dos processos migratórias em Instructions for Survival, de Yana Ugrekhelidze, é seguido de um debate com Margarita Sharapova e Sara Soares. Em Todo a la Vez: la Mirada de Paco y Manolo*, de Alberto Fuguet, vemos o mundo pelo olhar dos fotógrafos espanhóis criadores da revista Kink, que participarão numa conversa após a exibição do filme. Ainda em torno da sexualidade, e cumprindo a tradição das Hard Nights do festival, apresentamos Raw! Uncut! Video!, de Ryan A. White e Alex Clausen, um documentário sobre a produtora de porno fetiche Palm Drive Video. A lista completa-te com o comovente Wojnarowicz: F**k You F*ggot F**ker de Chris McKim, filme com base nos arquivos do artista norte-americano e de pessoas que lhe são próximas, ao qual se seguirá uma conversa com o realizador. E porque queremos também assinalar a história do Queer Lisboa - e voltando ao “maldito” ou “Saint Genet”, como o apelidou Sartre-, desafiámos dois jovens performers a criarem cada um uma performance a partir do Un chant d’amour, performances que serão estreadas aqui no festival: Slot, de Eduardo Batata, que explora a dimensão do toque, da privação e do corpo enclausurado, e A Mind Enclosed In Language Is In Prison, de Rafaela Jacinto, onde os bonecos de criança feitos de lã fazem pulsar um imaginário silencioso cheio de fantasia e desejo.
A secção Panorama deste ano é composta por quatro filmes, onde se destacam Enfant Terrible, de Oskar Roehler, biopic teatral sobre a figura de Fassbinder, e Saint-Narcisse, a nova longa-metragem de Bruce LaBruce, onde a descoberta de um irmão gémeo suscita uma reflexão bem humorada sobre narcisismo. Completam esta secção Shiva Baby, de Emma Seligman, e P.S. Burn this Letter Please, de Michael Seligman e Jennifer Tiexiera, onde a descoberta de umas cartas recupera um importante pedaço de história da comunidade queer norte-americana.
Sobre a Retrospetiva de Gus Van Sant e Carte Blanche previamente anunciadas, as mesmas, por motivos que se prendem com direitos do espólio de Andy Warhol, sofreram alterações: Gerry, de Van Sant, substitui o documentário biográfico de Andy Warhol e o seu Batman Dracula, divulgados no passado mês de maio. O resto do programa mantém-se, bem como a conversa com o realizador na Cinemateca Portuguesa.
Durante toda a extensão do festival, e prolongando-se também para o Queer Porto 7, o público poderá aceder online ao programa Outros Sistemas, uma seleção composta por objetos artísticos interativos cuja existência é possibilitada pelo digital, e que procura refletir sobre a emergência de novas narrativas que confrontam a expressão queer com as particularidades dos formatos digitais.
Queer Porto 7
Depois de uma edição completamente atípica no ano passado, o Queer Porto regressa recuperando uma das premissas que fundaram o Festival: a de trabalhar com vários espaços da cidade. Assim, a par do Teatro Rivoli, vamos estar na Reitoria da Universidade do Porto, na Faculdade de Belas Artes, no Maus Hábitos e na mala voadora. Para além de retomar uma programação que inclui atividades como masterclasses e performances; anunciamos também a criação de uma nova secção competitiva em parceria com a Reitoria da Universidade do Porto, o Prémio Casa Comum, dedicado exclusivamente ao cinema queer português.
A sessão de abertura ficará a cargo de Bo McGuire e da sua mais recente longa-metragem Socks on Fire, uma carta de amor cinematográfica de um neto para uma avó, que tem como pano de fundo a luta entre uma tia homofóbica e um tio drag queen, por uma propriedade. Na Noite de Encerramento teremos Au coeur du bois, de Claus Drexel, passado no Bois de Boulogne, e que foca nas trabalhadoras de sexo que compõem a mitologia desse espaço.
Outro destaque do Queer Porto 7 é a presença da realizadora alemã, Monika Treut, nome incontornável do novo cinema queer na Europa desde a década de 80, que vem apresentar o seu recente Genderation, um documentário que, passados mais de 30 anos, olha para os protagonistas do seu clássico Gendernauts, de 1986, também incluído na programação da presente edição do festival e que será seguido de uma masterclass com a realizadora.
Tal como em Lisboa, o Queer Focus irá ter uma componente de debates após o visionamento dos filmes, trazendo para a Reitoria da Universidade do Porto The City Was Ours. Radical Feminism in the Seventies, seguido de conversa com Ana Luísa Amaral, poeta, professora jubilada, pioneira dos estudos feministas e dos estudos queer na FLUP; e Cured, juntando-se ao debate Jorge Gato, psicólogo clínico e docente da FPCEUP, e Mia de Seixas, representante da Rede Ex-Aequo Porto. Exibido numa sessão especial no Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia, chega-nos Famille tu me hais, de Gaël Morel, um retrato de um conjunto de jovens expulsos de casa devido à sua orientação sexual, e acolhidos pela associação Le Refuge. O documentário é seguido de uma conversa com Telmo Fernandes, sociólogo, representante da ILGA Portugal, e Paula Allen, psicóloga e diretora técnica do Centro Gis.
Na Competição Oficial destaque para Tiempos de Deseo, documentário da portuense Raquel Marques, quem, num exigente e subtil treino de intimidade, acompanha a gravidez da ex-companheira; La mif, de Fred Baillif, Melhor Filme na Generation da última Berlinale, uma incursão a uma casa de acolhimento de raparigas menores que expõe as feridas de um sistema de tutela no limite; e Deus tem AIDS, de Gustavo Vinagre e Fábio Leal, composto por um mosaico de gestos, provocações e testemunhos de artistas soropositivos brasileiros. O júri desta competição será composto pela cineasta e programadora Amarante Abramovici, pelo encenador e programador da RTP Daniel Gorjão e pelx artista larose s. larose.
Partilhando o mesmo júri, a Competição In My Shorts do Queer Porto recebeu mais submissões de filmes portugueses de escola que em qualquer dos anos anteriores, com forte presença da Escola Superior de Teatro e Cinema e da Universidade da Beira Interior. Da primeira chega-nos Buganvílias, de Diana Filipa, filme que liberta ansiedades através de metáforas fluorescentes, enquanto a segunda se encontra representada por Rúben Sevivas com Sobrevoo, meta-comentário e conquista de um outro filme que estava condenado a não ser feito, e por Sibelle Lobo com Mais que Sangue, exercício poético que nos transporta para o universo dos rituais.
A nova competição dedicada ao cinema português, Prémio Casa Comum, vem abrir espaço a um olhar mais atento à forma como o nosso cinema tem abordado a questão queer em anos recentes, sem esquecer uma necessária releitura da história. É esse o trabalho delicado que Tiago Resende faz em Películas, ao ler uma carta a Luís Miguel Nava, o poeta de Viseu, terra de onde é natural o realizador. Também André Murraças resgata a história, ao recuperar um conto de António José da Silva Pinto, em O Berloque Vermelho. Já Paulo Patrício lembra-nos essa outra figura, a de Gisberta, justamente evocada em cinema, teatro e literatura, a que este O Teu Nome É acrescenta algo de muito novo. O programa completa-se com mais seis curtas-metragens.
O colectivo PROMETEU volta a estar presente nesta 7ª edição. Num ano ainda atípico, juntam-se assim esforços para habitar o espaço dos Maus Hábitos durante a semana do festival, através de uma programação que procura novas formas de voltar a humanizar o encontro.
*A presença de Miguel Jelelaty, Adrián Silvestre e Paco y Manolo em Lisboa, assim como a exibição dos seus filmes, foram possíveis graças ao apoio do Programa de Internacionalización de la Cultura Española (PICE), da Acción Cultural Española na sua modalidade de “Movilidad”
PROGRAMA JÁ ANUNCIADO A 17 DE MAIO
O Queer Lisboa regressa em 2021 para a edição que celebra o seu 25.º aniversário, a acontecer entre 17 e 25 de setembro no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema. Um dos destaques da próxima edição é a parceria com a BoCA Bienal e com a Cinemateca Portuguesa, na homenagem à obra de um dos autores mais prolíficos do cinema Queer norte-americano: Gus Van Sant. A convite da BoCA, o cineasta e artista plástico irá criar o seu primeiro musical de palco, inspirado no universo criativo da Factory de Andy Warhol, em colaboração com músicos e performers portugueses. No contexto da sua visita, o Queer Lisboa irá organizar uma retrospetiva que pretende dar a conhecer as várias facetas da sua obra.
Os filmes exibidos serão Mala Noche (1985), que é quase unanimemente considerado o título inaugural do chamado New Queer Cinema (NQC), que abre caminho a obras de realizadores como Todd Haynes, Laurie Lynd, Tom Kalin, Jennie Livingston, Isaac Julien ou Derek Jarman. O NQC, quase num contraciclo com o estigma sofrido pelas comunidades queer em plena epidemia do VIH/sida, vem apresentar uma nova forma de se representar as personagens queer no ecrã, segundo uma diferente abordagem às subjetividades de sexo, género e sexualidade. Em 1991, Van Sant estreia no Festival de Cinema de Veneza, My Own Private Idaho, largamente inspirado no “Henry IV” (Partes I e II) de Shakespeare – o mesmo ano em que Jarman estreia a sua adaptação do “Edward II” de Christopher Marlow, marcando-se assim uma agenda do NQC numa reescrita e queerização da história. Uma incursão no universo da prostituição masculina, My Own Private Idaho ficará para sempre marcado pela memória do ator River Phoenix, imortalizado nessa imagem icónica da Pietà, deitado nos braços da personagem de Keanu Reeves.
Segunda parte da sua Trilogia da Morte e fortemente inspirado no massacre do liceu de Columbine de 1999, em 2003 estreia-se Elephant, no Festival de Cannes. Acompanhando a rotina de diversas alunas e alunos do liceu, nas horas que precedem ao massacre, Van Sant observa a rotina dos estudantes, ambos vítimas e assassinos, num filme de uma rara elegância e humanismo, aliados a uma estrutura narrativa de repetição que reforça um sentimento de niilismo e alienação. Protagonizado por Sean Penn, em 2008, Van Sant estreia Milk, o magnífico biopic sobre o ativista e político Harvey Milk, assassinado em 1978 pelo seu colega do Município de São Francisco, Dan White, numa impressionante reconstituição histórica que não deixa de ser uma homenagem ao ativismo LGBTQI+. A retrospetiva termina com os sete episódios de Ouverture of Something That Never Ended, uma encomenda da casa italiana Gucci, e corealizado com o seu diretor artístico, Alessandro Michele. O filme narra um dia na vida da personagem interpretada por Silvia Calderoni, corpo andrógino que desafia as noções normativas de género e que marca esta exuberante alegoria queer, que mais do que uma ode à moda, é uma homenagem a artistas e personalidades do universo queer como Paul B. Preciado, a cantora e poeta britânica Arlo Parks, o ator e dramaturgo Jeremy O. Harris, ou a cantora Florence Welch, entre outros inúmeros participantes.
No ano em que celebra o seu 25.º aniversário, o Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer, lança também um projeto de itinerância, com o objetivo de levar a experiência do festival a várias localidades do país, já a partir de novembro de 2021 e prolongando-se até à Primavera de 2022. Este projeto, organizado em parceria com a ILGA-Portugal, tem como objetivo descentralizar o debate sobre as questões LGBTQI+ e dar a conhecer a um público mais alargado algum do melhor cinema que integrou a programação do Queer Lisboa 25, em setembro. Os filmes propostos abordam uma diversidade de temáticas ligadas às migrações, refugiados e direitos humanos; ao estigma ainda prevalente sobre o VIH/sida; aos indivíduos transgénero e suas relações familiares e problemáticas clínicas ligadas aos processos de transição; o percurso do ativismo LGBTQI+ e o seu impacto nas diferentes sociedades um pouco por todo o mundo e o seu efeito transformador nas mentalidades, na ação política e na própria ciência; entre outras muitas questões que os filmes selecionados levantam.
As sessões de cinema são seguidas de conversas e debates, com a participação de agentes locais, complementando-se desta forma a experiência cinematográfica com testemunhos pessoais e profissionais, procurando assim traçar-se a realidade das vivências e comunidades LGBTQI+ de cada cidade de acolhimento do projeto. Numa outra vertente, a programação sugerida abre também caminho a um diálogo sobre as origens, história e futuro do cinema queer, com a participação dos programadores do Queer Lisboa.
+ info: http://queerlisboa.pt/