Exposições
Museu do Fado recebe exposição de homenagem a Celeste Rodrigues
Referência maior da história do Fado, Celeste Rodrigues faria 100 anos no dia 14 de março de 2023. Recordar a sua vida e o seu legado é celebrar uma complexa geometria temporal que acompanha mais de sete décadas de atividade artística e que ilumina boa parte da história do Fado dos séculos XX e XXI.

14 Mar a 3 Set 2023
Na inauguração da exposição atuam os músicos que acompanhavam habitualmente Celeste Rodrigues: Gaspar Varela e Pedro de Castro na guitarra portuguesa, André Ramos na viola de Fado e Francisco Gaspar na viola baixo.
No quadro do Centenário de Nascimento da artista, revisitamos o seu vastíssimo legado através da sua discografia, dos seus repertórios, troféus, galardões, adereços de actuação, periódicos, pinturas e filmes, numa exposição em que vários testemunhos se combinam para iluminar a sua biografia artística. Ao refazermos o mosaico desta fascinante viagem, ganhamos uma mais nítida e fundada consciência do lugar central de Celeste Rodrigues na história do Fado e do seu papel na renovação deste género musical e na sua projeção internacional.
«Celeste Rodrigues viveu 95 anos de uma vida rica. Uma vida plena de muitas outras vidas. (...) Desde a sua estreia, aos doze anos, interpretando o Fado dos Três Bairros na Marcha de Alcântara, desenhou um caminho feito de um amor imenso à arte que abraçou. Ao longo de mais de sete décadas de actividade artística, pisou os palcos das salas de concerto mais prestigiadas do mundo, cantou regularmente nas melhores casas de Fado de Lisboa e gravou largas dezenas de discos, tendo sido das primeiras fadistas a consagrar-se internacionalmente. A relação familiar de enorme proximidade com a artista portuguesa mais universal de todos os tempos – Amália Rodrigues, sua irmã, três anos mais velha - nunca a impediu de desenhar um itinerário artístico pleno de autenticidade e de consolidar um vastíssimo legado onde se inscrevem inúmeros temas populares do nosso imaginário musical coletivo. (...)
Enaltecendo as raízes profundas de uma herança coletiva, Celeste Rodrigues criou um vastíssimo legado, de importância central no património histórico do Fado: Esquina da Minha Rua, Lenda das Algas, Gaivota Perdida, Limão Verde Limão, Esta Lisboa, Fado Celeste, Praia de Outono, Meu Amor é Longa a Noite, Meu Nome Baila no Vento, Fado das Queixas, Eu Dantes Cantava, Marcha de Alfama, Silêncio Cala-te Vento, são apenas alguns dos temas que inscreveu no nosso imaginário coletivo. Criadora de um estilo inconfundível, Celeste Rodrigues fez do canto fadista a arte interpretativa por excelência. (...)
Para todos os que com ela conviveram, Celeste Rodrigues foi - é - um exemplo e uma inspiração. A sua integridade, artística e humana, contagiou o coração de artistas de diferentes gerações e de distintos estilos musicais. Aclamada pelo público e profundamente acarinhada pelos seus pares, Celeste Rodrigues transformou-se numa referência central para as mais jovens gerações do Fado, que na sua figura matriarcal sempre encontraram o conselho e a amizade, assídua e generosa.
"Desci pela escada da madrugada a tentar sorrir para o mundo…". Assim começava o livro de memórias de Celeste Rodrigues, nunca concluído. Memórias que Diogo Varela Silva, seu neto, partilha nas páginas do livro que acompanha esta exposição e através das quais podemos atestar quão extraordinária e inteira foi esta mulher, em todas as pessoas que foi. Por isso mesmo se reúnem aqui tantos testemunhos, de familiares, amigos e companheiros de viagem, celebrando a eterna Celeste e o legado maior de integridade, humanidade e arte com que continuará a inspirar-nos a todos.»
Sara Pereira, Diretora do Museu do Fado
Se Alguém Me Procurar | CELESTE RODRIGUES
Letra: Ricardo Maria Louro . Música: Pedro de Castro
Guitarra Portuguesa: Pedro de Castro . Viola de Fado: André Ramos . Baixo: Francisco Gaspar
Realizador: Sebastião Varela . Produção: Hot Chilli Films . Produtor: Diogo Varela Silva
“Sozinha de ilusões naveguei em barco parado no rio, despida de emoções atraquei no cais do meu vazio. Foram levadas pelo vento dos sonhos que outrora tive. Por isso canto no fado aquilo que minha alma vive. Ontem fui, hoje não sou, menos serei amanhã. Sinto que a minha sombra vai fugindo apressada. Está tão cansada de mim e eu dela estou cansada.” Celeste Rodrigues
Horário: terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00. A última entrada é às 17h30.