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Conferências

A Origem da Verdade segundo Nietzsche e Heidegger

Decorrerá durante o presente mês de maio o seminário A Origem da Verdade segundo Nietzsche e Heidegger, integrado no projeto Patrimónios da Humanidade, promovido pelo Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta. O seminário será conduzido pelo Professor Doutor Hélder Telo (Praxis/Universidade da Beira Interior).

16 Mai a 23 Mai 2023

Online
Preço
Entrada livre
O seminário decorrerá exclusivamente online e decorrerá nos dias 16 e 23 de maio, sempre às 17 horas (hora de Lisboa). A participação é gratuita, mas requer inscrição prévia para o e-mail lit.human.cosmo@gmail.com.

A verdade e os seus opostos (a falsidade, a mentira, a ilusão, a aparência) são algo com que lidamos constantemente. Além disso, o conceito de verdade é desde o começo da história da filosofia um dos seus conceitos mais centrais. No entanto, a despeito desta familiaridade com ele e da sua importância, este é também um conceito muito problemático. Essa problematicidade decorre não só do facto de o conceito de verdade ter sido compreendido de muitas maneiras diferentes ao longo dos tempos, mas também do modo como foi muitas vezes posto em causa – incluindo nos debates mais recentes sobre a possibilidade de vivermos numa era pós-verdade.

O objetivo deste seminário é clarificar o sentido do conceito de verdade e mostrar a sua importância para a nossa vida. Para esse efeito, vamos considerar dois modos de abordar a verdade que a consideram a partir da questão da sua origem. Trata-se, pois, de perceber como é que se constitui qualquer coisa como verdade e como é que a análise da sua constituição permite distinguir entre verdades (ou supostas verdades) mais pobres ou mais ilusórias e verdades num sentido mais pleno do termo. Esta é a abordagem que encontramos tanto em Nietzsche, como em Heidegger, e o seminário vai precisamente concentrar-se em dois textos destes autores em que muito claramente se vê isso.

Primeiro, vamos considerar o modo como Nietzsche descreve a génese da verdade no opúsculo Acerca da Verdade e da Mentira no Sentido Extramoral. Como veremos, Nietzsche descreve as motivações fisiológicas e sociais que levaram a inventar qualquer coisa como a verdade e a estabelecê-la como um elemento central da vida. Para além disso, Nietzsche defende como esta origem fisiológica e social normalmente produz uma versão pobre de verdade e, com base nisso, defende também que a arte é a melhor modo de aproveitar esta invenção do ser humano e ser fiel ao seu sentido.

Num segundo momento, vamos passar para Heidegger e considerar um diferente modo de conceber a origem da verdade. No parágrafo 44 de Ser e Tempo, Heidegger defende que as formas mais imediatas ou óbvias de pensar sobre a verdade (e em especial a verdade como enunciado verdadeiro) são possibilitadas por um sentido mais profundo de verdade: a saber, a verdade como desvelamento. Este sentido de verdade assenta, por seu turno, naquela que é para Heidegger a determinação ontológica fundamental da nossa existência: o cuidado. Desse modo, Heidegger identifica uma origem existencial e ontológica para o cuidado, a partir do qual desenha também a possibilidade de uma verdade autêntica.

Ainda que o estudo destes dois textos esteja longe de esgotar o pensamento destes autores sobre a verdade e a sua origem, ele permitirá não só perceber a importância de considerar a verdade à luz da sua origem, mas também pensar sobre as principais diferenças e sobre a complementaridade das conceções de verdade que encontramos em Nietzsche e Heidegger.

Hélder Telo é investigador auxiliar no Praxis – Centro de Filosofia, Política e Cultura (Universidade da Beira Interior), onde desenvolve um projeto de investigação com o título “Cuidado e Verdade na Ética: Uma Reflexão Heideggeriana em Diálogo com Platão e Foucault”. Doutorou-se em Filosofia na Universidade Nova de Lisboa (2018), com a tese Unexamined Life on Trial: A Crucial Problem in Plato’s Writings, e realizou parte da sua investigação doutoral na Albert-Ludwigs-Universität Freiburg e no Boston College. Foi bolseiro de pós-doutoramento no Instituto de Filosofia da Nova (Universidade Nova de Lisboa) entre 2020 e 2022, onde desenvolveu um projeto de investigação sobre a arte de viver e a relação com a verdade em Platão e no pensamento contemporâneo. Lecionou durante vários anos no Centro Luís Krus (Universidade Nova de Lisboa) e integra atualmente a equipa do projeto exploratório “Mapping Philosophy as a Way of Life: An Ancient Model, A Contemporary Approach” (2023-24), sediado na Universidade Nova de Lisboa e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Os seus interesses abarcam tanto pensadores antigos (Platão, Aristóteles e estoicos), como pensadores contemporâneos (Nietzsche, Heidegger, Scheler, Hadot e Foucault). Neste quadro, explora questões como o desejo de verdade, o cuidado de si e de outros, a filosofia como modo de vida e as emoções éticas. As suas publicações mais recentes incluem: “The Care of Others in Marcus Aurelius’ Meditations” (Springer, 2021) e “Plato’s Philosophical Mimesis: On the Pedagogical and Protreptic Value of Imperfection” (Schol?, 2022).
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