Música
Sabaton + Accept
Os suecos SABATON e os germânicos ACCEPT vão subir ao palco do Coliseu do Porto, numa noite que tem tudo para ser memorável.

20 Jan 2017 | 20h00
"«The Last Stand», o novo disco dos SABATON, dá o mote para a digressão mais extensa de sempre dos suecos, que regressam por fim a Portugal a 20 de janeiro. Com os lendários ACCEPT como suporte, juntam-se no palco do Coliseu do Porto duas gerações de heavy metal."
Que o heavy metal é uma besta resiliente já toda a gente sabia, mas quando o género começou a tomar forma, nos idos dos 60, provavelmente ninguém imaginava que se mantivesse vivo – e de ótima saúde! – umas épicas quatro décadas depois. Após a explosão N.W.O.B.H.M., liderada pelos Iron Maiden nos 80s, a febre espalhou-se pelo mundo e, durante a década seguinte, transformou-se num sucesso estratosférico. O surgimento do thrash, do death metal e da música extrema em geral, em paralelo com o fenómeno grunge, acabaram por afastar as franjas mais ortodoxas do estilo das tabelas de vendas durante a primeira metade dos 90s, mas a música manteve-se a fervilhar no underground e, já caminho do novo milénio, uma nova vaga tratou de arrastar o heavy metal para o Séc. XXI, provando que, apesar das mudanças profundas na indústria, na imprensa e nos gostos do público, nada podia derrubar esta força da natureza. No dia 20 de janeiro de 2017, os suecos SABATON e os germânicos ACCEPT vão subir ao palco do Coliseu do Porto e, numa noite que tem tudo para ser memorável, a Invicta vai ser palco da muito salutar união de duas gerações distintas do heavy metal mais tradicional, representadas nesta ocasião por dois dos nomes mais icónicos e emblemáticos de que há memória no espectro do som eterno em muito, muito tempo. Dois porta-estandartes de uma tendência resistente, que por esta altura é muito mais um estilo de vida do que “apenas” um género musical.
Apanhando o comboio guiado pelos Hammerfall e quejandos, que provaram a validade do heavy metal numa altura em que toda a gente, à exceção dos indefetíveis, davam a tendência como morta e enterrada, os suecos SABATON surgiram em cena mesmo na viragem para o novo milénio. No espaço de uma década, transformaram-se num dos maiores sucessos que o movimento tem hoje para apresentar. Apoiados em álbuns aplaudidos de forma universal como «The Art Of War» e «Carolus Rex», numa ética de trabalho verdadeiramente impressionante – só durante 2007 deram cerca de 80 concertos em mais de 20 países – e em espetáculos verdadeiramente arrebatadores, ofuscaram rapidamente toda a competição. Hoje são já uma das maiores bandas dentro do género em que se movem, esgotando salas cada vez maiores em nome próprio e atuando em muitos dos eventos de referência do metal, reiterando a ideia de que o plano de conquista mundial tem dado os frutos – e que o crescimento de que têm vindo a gozar não mostra sinais de abrandamento. Como é que uma banda destas pode subir ainda mais alto? Foi com essa questão que Joakin Brodén, Pär Sundström e companhia se viram confrontados na ressaca do sucesso de «Heroes». Já com um Golden God Award na bagagem, ficaram a matutar na pergunta e a resposta surge agora na forma de «The Last Stand». Com data de edição apontada para 18 de agosto de 2016, esta coleção de hinos épicos de heavy/power metal, apoiados nos riffs de guitarra ultra-poderosos, na percussão contundente, em refrões antémicos e solos mirabolantes, é uma prova irrefutável, e anti-bala, do nível superior que os SABATON habitam.
Formados ainda na década de 60, os alemães ACCEPT já têm o seu nome inscrito no panteão do som eterno. Em evolução nos 70s, sobreviveram à explosão de popularidade durante a década seguinte e, tendo como apoio uma sequência de discos clássicos – entre o seu fundo de catálogo figuram títulos incontornáveis como «Balls To The Wall» e «Metal Heart» –, tornaram-se uma das referências do heavy metal alemão. Liderados pelo carismático Udo Dirkschneider, partiram então à conquista do mundo – e só pararam quando, a meio dos 90s, o interesse em relação ao que faziam começou a diminuir e a sua carreira começou a parecer uma sequência de falsas partidas. É verdade que, no mundo da música pesada, poucas foram as bandas que tiveram oportunidade de celebrar o seu sucesso mais que uma vez, mas foi precisamente isso que os músicos liderados pela dupla formada pelo guitarrista Wolf Hoffmann e pelo baixista Peter Baltes conseguiu há seis anos, com um “álbum de regresso” que deixou muito boa gente de queixo caído. Com Mark Tornillo a preencher de forma surpreendente o lugar deixado vago por Udo atrás do microfone, «Blood Of The Nations» subiu às tabelas de vendas um pouco por todo o lado, destacando-se o #4 na Alemanha. Foi aí que começou a marcha para a segunda vitória, cimentada por discos, «Stalingrad», «Blood Of The Nations» e «Blind Rage»», de qualidade superior, que mantiveram a fasquia bem alta, atingindo vendas na casa das centenas de milhar e permitindo-lhes fazerem tours mundiais esgotadas perante audiências totalmente rendidas ao seu heavy metal. Poucos foram os grupos que, ao longo dos anos, conseguiram reescrever a história, mas isso só reforça a ideia de que estes teutonic terrors mantêm o mesmo vigor que tinham quando surgiram em cena.
Os bilhetes para o concerto custam 28€, à venda a partir de 5 de julho, em pré-venda exclusiva no site oficial dos Sabaton, e a 8 de julho nos locais habituais.
BIOGRAFIA
As raízes dos Sabaton remontam a 1999, ano em que a banda começou a tomar forma em Falun, na Suécia. À semelhança de muitos outros músicos da mesma geração, o quinteto começou por trabalhar no duro, tocando em pequenas salas e gravando uma sequência de maquetas que, em 2002, deram origem a «Metalizer», um disco que se manteve inédito durante vários anos devido a problemas legais. Dois anos volvidos, extremamente frustrados com as dificuldades com que se debatiam, decidem por fim esquecer o passado e começar de novo. Nesse mesmo ano fecham-se em estúdio e gravam a maqueta «Panzer Battalion», que vem mostrar todo o crescimento que tinham sofrido desde a gravação da abortada estreia de longa-duração. Nesse momento tornou-se claro que o grupo se tinha tornado muito melhor a nível de composição e as canções refletiam esse afinar da fórmula, captando a atenção de diversas editoras. Profundamente desiludidos com a indústria depois de terem passado meses a tentar resolver uma negociação encalhada, os Sabaton decidiram seguir caminho e optaram por gravar sem ajudas externas. As captações de «Primo Victoria» foram integralmente pagas pelos próprios membros da banda e, com o disco pronto, abordaram então algumas editoras com vista à edição... As licitações, claro, começaram de imediato. A independente sueca Black Lodge avançou com uma oferta suficientemente justa e saiu vitoriosa da contenda, disponibilizando disco em março de 2005.
O muitíssimo aguardado primeiro longa-duração do grupo transformou-se num dos mais bem-sucedidos registos de estreia assinados por uma banda de heavy metal num selo independente e permitiu-lhes dar início a uma fase de crescimento exponencial que, mais de uma década depois, continua a não dar mostras de abrandamento. Passaram a tocar em clubes cada vez maiores, transformando-se primeiro num enorme sucesso comercial na Suécia e, uns escassos meses depois, “rebentando” em todo o velho continente. Para os elementos do coletivo, nesse momento tornou-se claro que não era possível terem uma vida "normal" – manter empregos, apartamentos ou namoradas deixou de ser uma prioridade. Um sacrifício, uma escolha difícil, mas que os músicos assumiram como sendo o que tinham de fazer para concretizarem os seus objetivos. A banda passou a estar primeiro e, já após uma sequência de espetáculos sempre em crescendo, que incluíram uma tour de seis semanas com os Edguy e Dragonforce, voltam a estúdio cerca de um ano após as últimas captações. O resultado da sessão, intitulado «Attero Dominatus», chegou às lojas em 2006, transformou-se num dos álbuns de metal mais vendidos desse ano na Suécia e arrecadou vários prémios em todo o mundo. Agora reconhecidos em todo o continente estavam capazes de percorrer com sucesso a Europa como cabeças-de-cartaz; em 2006 protagonizaram mais concertos que a maioria das bandas e, só nesse ano, fizeram três tours europeias, bem como uma mini-digressão sueca com os Lordi. A primeira atividade de 2007 foi a quarta campanha pelo velho continente, em que – segundo a generalidade da imprensa – ofuscaram os já estabelecidos Therion e Grave Digger. Na ressaca de «Attero Dominatus», disponibilizaram por fim «Metalizer», depois de vários anos de negociações com a editora que tantos problemas lhes criou em início de percurso. Destinado sobretudo aos fãs de longa data e sem qualquer campanha de promoção por trás, o disco-duplo transformou-se num fenómeno de vendas e, na Suécia, chegou ao #1.
É neste ponto, a crescer rapidamente muito além do expectável, que os cinco músicos embarcam na sua maior tour como headliners até então, fazendo 80 concertos em mais de 20 países e atuando em diversos dos maiores festivais do género. Sem perderem muito tempo, e com as boas reações aos concertos a servirem de bom augúrio para o futuro, os Sabaton voltam a fechar-se em estúdio no início de 2008. Os reputados Abyss serviram de palco às gravações de «The Art Of War» que, produzido pelos irmãos Tommy e Peter Tägtgren, lhes permitiu ultrapassarem os discos anteriores e chegarem a um novo nível. Inspirado num livro escrito 600 anos aC por um general chinês, ao quarto longa-duração a banda mostrou toda a grandiosidade do seu heavy metal, apoiada num conceito a preceito. Com um som mais pesado, canções mais poderosas e um grafismo ainda mais épico, invadiram as lojas em maio de 2008 e deram início a um plano de conquista mundial, que os viu embarcarem na primeira digressão norte-americana, uma rota que incluiu passagem pelo SXSW, em Austin, no Texas. Regressaram então a casa armados com novos contactos e contratos, com o intuito de se estabelecerem do outro lado do Atlântico. Nada interessados em ficar sentados à sombra dos louros recolhidos, editam «Coat Of Arms» e «Carolus Rex», em 2010 e 2012, respetivamente, ganham algum tempo para respirar em 2013 com a lançamento do registo ao vivo «Swedish Empire Live» e, em maio de 2014, editam «Heroes». Produzido por Peter Tägtgren, o sétimo álbum de uma trajetória sempre em crescendo revelou-se outro sucesso. Durante o ciclo de promoção, os concertos em Wacken e Falun, a cidade natal do grupo, foram os pontos altos e deram origem ao DVD «Heroes On Tour», editado em março de 2016. Sem descanso, os Sabaton provam ser uma das bandas mais trabalhadoras da história do metal moderno com a edição do seu novo registo de originais, intitulado «The Last Stand», no próximo dia 18 de agosto.
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