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Exposições

Exposição “Morphosis” para ver no MU.SA

A exposição revela o encontro excecional entre a designer têxtil, Vanessa Barragão, e a ceramista Catarina Nunes. Apesar da distinção das técnicas e dos materiais que utilizam, Nunes e Barragão criam formas biomórficas e proliferantes que refletem a sua profunda ligação às dinâmicas e expressões da natureza.

29 Jun a 1 Out 2023

MU.SA - Museu das Artes de Sintra
Av. Heliodoro Salgado, Estefânea – 2710-575 Sintra
Preço
Entrada livre
Ambas as artistas abraçam uma sensibilidade e uma visão ambiental, bem como um genuíno interesse em questionar os fenômenos naturais do ponto de vista da relação indecifrável entre matéria e energia.

Na linha do movimento modernista que se desenvolveu a partir de meados do século XX, as duas artistas apropriam-se e redefinem técnicas milenares e materiais tradicionais seguindo abordagens inovadoras.

Catarina Nunes trabalha principalmente em cerâmica escultórica e instalação. Utilizando os quatro elementos primários da terra, água, ar e fogo, assim como uma grande variedade de matérias como a faiança, o grés, a porcelana, o vidro soprado, o metal e a mica, a artista cria o seu mundo de inspiração marinha, de formas orgânicas e de criaturas misteriosas, enquanto experimenta questões relacionadas com a espacialidade e a volumetria. Nunes também investiga a física dos cristais de sal que cultiva nas suas estruturas de parede concebidas como rabiscos tridimensionais. Para além da interação entre a cerâmica e a escultura, a artista também expande a sua prática para o domínio da instalação contemporânea, misturando diferentes médiuns.

À semelhança dos anteriores artistas pioneiros no campo da arte em fibra, quando romperam com o rectângulo, a moldura e depois com a parede  — expandindo assim as possibilidades do médium — Barragão experimenta a volumetria, a espacialidade, a gravidade e a dimensionalidade, transcendendo o peso e os constrangimentos dos materiais. Utilizando principalmente materiais reutilizados como lã, tencel e juta, e misturando técnicas entre as quais o crochê, a feltragem, a tapeçaria esmirna e outras manipulações de fibras, a sua abordagem envolve práticas de reciclagem e reconversão de desperdícios provenientes da indústria têxtil. A produção de Barragão é alimentada pelas suas questões espirituais, para as quais procura respostas através da exploração do reino vegetal e da vida marinha.

Morphosis evidencia o modo como Nunes e Barragão expandem o respectivo campo de ação ao produzirem instalações multimédia, compósitas e interactivas, recorrendo a dispositivos originais, vídeo, gravações sonoras e sensores de movimento. Ao trabalharem com técnicas ancestrais — tradicionalmente associadas ao artesanato e às artes aplicadas — ultrapassam as fronteiras da arte da fibra e da cerâmica, ao mesmo tempo que aliam os dois campos de forma atípica e revitalizante. 

Vanessa Barragão 
Enquanto designer têxtil, Vanessa Barragão inspira-se na natureza, que impulsiona os processos, temas, formas e cores que explora nas suas criações. Com uma especial capacidade de escala, Barragão produz instalações escultóricas de parede ou suspensas que oscilam entre composições não-representacionais e referências a paisagens de superfícies e texturas, a órgãos do corpo ou a algumas criaturas não identificadas. Barragão cria formas e padrões orgânicos que proliferam pela superfície, evocando frequentemente os fundos marinhos com a sua diversidade de organismos marinhos, corais, algas, seixos e conchas.

BIO
A artista e designer têxtil, Vanessa Barragão, vive e trabalha no Algarve (Portugal). Após a sua formação em design de moda na ULisboa (2010-2016), tornou-se designer na Fábrica Artesanal Tapetes Beiriz em 2016 e fundou o Studio Vanessa Barragão no Porto. Os seus trabalhos têm sido expostos em várias exposições colectivas a nível mundial entre as quais a “Paragone: What's with mediums today?” no Museu da Água em Lisboa (2023), Festival Iminente em Lisboa (2022), "(Im)materiality" no Not a Museum, Lisboa e CCA, Águeda (2022), "Flora | Fauna | Fibre: Textiles in Contemporary Art" no Mary M. Torggler Fine Arts Center, EUA (2022), "The Art of Mushrooms" no Museu Serralves, Porto (2022), "Crafting A More Human Future - Homo Faber Event" nas Fondazioni Giorgio Cini, Venezia, IT (2022), “Le Festival International Des Textiles Extra Ordinaires” no Musée Bargoin, Clermont-Ferrand, FR (2022), 12th From Lausanne to Beijing International Fiber Art Biennale Exhibition'' no Yunnan Museum, PRC (2022), "Tools for Conviviality'', na Cheongju Craft Biennale, Cheongju, KR (2021), "Underneath the Serene Sky” na CoBrA Gallery, em Xangai, PRC (2021) e "Threads + Colours 2'' na KPC Yarn, SYD, AU (2017).

Catarina Nunes
Com as suas séries intituladas Carnívora e Extinction in Progress, Catarina Nunes evoca as questões da poluição, do declínio da biodiversidade e da degradação maciça dos habitats naturais e dos ecossistemas. As obras representam fósseis e invertebrados marinhos como corais, anémonas, vermes marinhos e esponjas com os seus poros e canais. A ausência de cores e de vidrado em Extinction in Progress é uma referência directa à perda dos recifes de coral e da vitalidade dos fundos marinhos. No mesmo registo visual, a série intitulada Kodama, que também é constituída por peças escultóricas parcialmente desnudadas e não vidradas que evocam organismos marinhos, tem a particularidade de produzir sons. Ao esfregar suavemente a superfície das obras com as mãos, a interação táctil cria a impressão auditiva do mar.

As unidades individuais de argila e arenito que a artista produz, multiplicam-se e espalham-se nas paredes com um efeito proliferante, elevando assim o médium da cerâmica ao domínio da instalação contemporânea. Para além de conceber estas estruturas como rabiscos tridimensionais (desenhos volumétricos que se estendem no espaço), Nunes também complexifica a instalação através de um processo químico de nucleação de cristais que desencadeia utilizando uma solução super saturada de cloreto de sódio sobre as superfícies rugosas das cerâmicas.

BIO
Baseada em Lisboa, Catarina Nunes trabalha sobretudo em cerâmica escultórica e instalações. Licenciada em “Design - Tecnologia Cerâmica” pela ESAD-CR, e mestrado em Cerâmica Contemporânea na Tama Art University, Tóquio, Erasmus “Design de cerâmica e vidro” na UCE, Birmingham. Leciona “Projeto e Tecnologia Cerâmica” na Escola Artística António Arroio. Desde 1998, participa regularmente em exposições colectivas e individuais onde se destacam: 2020 Projeto de cruzamento entre arte e ciência (Biologia marinha), Universidade de St. Andrews, Reino Unido; “Projeto Extremophilarum” Museu da Fábrica da Baleia, Museu de Angra do Heroísmo, Açores (2021); “Trajetória(s) 100 anos de ensino artístico”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa (2019); "Os sítios do barro" Complexo Cultural da Levada, Tomar (2019); “Melhor da Europa” Evento Homo-Faber, Veneza (2018); Bienal de Cerâmica de Aveiro”, Aveiro (2018); “Corpo e Matéria” Galeria Shiki Miki, Lisboa, (2018); “Vestígios de mar” Centro Municipal de Cultura, Ponta Delgada, Açores (2018); “Novos graus de sigilo” Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa (2016); “Arte próxima” CCAM de Catalunya, Barcelona (2016); “Tulipamwe”, Galeria Nacional da Namíbia, Windhoek (2015);  “Flumen” Museu de Coruche, Coruche (2014); “Ephemeral”, Setagaya Art Gallery, Tóquio (2006).

Curadoria e textos por Katherine Sirois
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