Teatro
Bosch Beach
Por ocasião do 500º aniversário da morte do pintor Hieronymus Bosch, o LOD muziektheater reúne o compositor Vasco Mendonça, o escritor Dimitri Verhulst e o encenador Kris Verdonck numa produção de teatro musical baseada na sua obra.
20 Out a 21 Out 2016
Os seus quadros são conhecidos pelas criaturas peculiares em cenários bizarros. As cenas, muitas vezes sinistras, como em O Jardim das Delícias Terrenas e O Juízo Final, combinam um julgamento severo em relação ao pecado com a vida quotidiana da época de Bosch. Enquanto cristão devoto no dealbar do humanismo, via comportamentos sexuais ilícitos, ganância, gula, estupidez, violência e vaidade a toda a sua volta, e então decidiu que o inferno era na terra. As personagens nos seus quadros estão empaladas, semidevoradas, correm nuas por entre incêndios e encontram-se num mundo onde os pássaros são do tamanho de pessoas e as árvores têm olhos. No entanto, estas figuras não estão a sofrer – será isto um sintoma da sua ignorância, ou da sua escolha de viver assim?
Em Bosch Beach, a ideia do inferno na terra é tomada como ponto de partida para uma visão sobre o mundo de hoje através dos olhos de Bosch. Como seria o inferno hoje? Talvez fosse como o autor de ficção científica J.G Ballard tantas vezes o descreveu: um mundo com a pequena-burguesia espraiada à beira de uma piscina, comprazendo-se na inércia da sociedade de consumo, com uma orquestra residente a tocar em pano de fundo. No tempo de Bosch, havia a noção de “Falso Paraíso”. As pessoas vivem naquilo que, à primeira vista, parece ser “o melhor dos mundos possíveis”, mas visto de outra perspetiva este falso paraíso não é muito diferente do inferno na terra.
Onde está o falso paraíso dos nossos dias, o nosso inferno na terra? Onde é que a moralidade e a responsabilidade fazem um apelo à humanidade? Verdonck opta pela praia de Lampedusa, um lugar lindíssimo, onde os turistas tomam banhos de sol e nadam no mar cristalino das praias de areia branca. Tomando banhos de sol nas praias esplêndidas de Lampedusa enquanto refugiados dão à costa, esse poderia ser o inferno na terra do século XXI.
Bosch Beach joga com a ambiguidade deste lugar e com as impossíveis questões de culpa que traz consigo. Confrontados com o fluxo de refugiados, não só em Lampedusa, mas agora também em Calais, Kos, Macedónia e por aí adiante, há um forte apelo moral. Será que devemos cuidar destas pessoas? Para além desta questão, o problema da responsabilidade pela situação global é ainda mais complexo. Não seremos nós, no Ocidente rico, os responsáveis pela pobreza e pelas guerras em África? Não mantemos nós o nosso estilo de vida à custa dos padrões de vida e da estabilidade noutros continentes? E, neste caso, será que podemos e devemos sentir-nos responsáveis enquanto indivíduos? E em consequência disso, como deveríamos então agir?
sala principal
7,5€ a 15€
duração: 75 min
classificação etária: a classificar pela CCE
música: Vasco Mendonça
libretto: Dimitri Verhulst
encenação: Kris Verdonck
dramaturgia: Kristof Van Baarle
cantores: Rodrigo Ferreira (contratenor), Damien Pass (baritono), Marion Tassou (soprano)
maestro: Etienne Siebens
orquestra: Orquestra Gulbenkian; Elena Ryabova 1º solista (Violino 1), Jordi Rodriguez 1º solista (Violino 2); Lu Zheng 1º solista / Leonor Braga Santos 2º solista (Violas); Martin Henneken 1º solista / Raquel Reis 2º solista (Violoncelos); Manuel Rêgo 1º solista (Contrabaixo); Cristina Ánchel 1º solista (Flauta); Iva Barbosa 1º solista / Ricardo Alves 2º solista (Clarinetes); Stephen Mason 1º solista / David Burt 2º solista (Trompetes); Rui Fernandes 1º solista (Trombone); Abel Cardoso 1º solista (Percussão)
orquestra criação: ASKO Schönberg; Mirjam Teepe (flauta, flautím, flauta alto, flauta de êmbolo), David Kweksilber (clarinete baixo), Erik van Deuren (clarinete baixo, clarinete contrabaixo), Eline Beumer (trompete, trompete piccolo, cornetim), Frank Braafhart (trompete, trompete piccolo, cornetim, didgeridoo), Arthur Kerklaan (trompete, trompete piccolo, cornetim, didgeridoo), Koen Kaptijn (trombone), Joey Marijs (percussão), Jeroen Geevers (percurssão), Joseph Puglia (violino), Jan Erik van Regteren Altena (violino), Bernadette Verhagen (violino), Asdis Valdimarsdóttir (viola), Rares Mihailescu (violoncelo), Marcus van den Munckhof (violoncelo), James Oesi (contrabaixo)
extras: Robbe Peeters, Simon Van Schuylenbergh, Astrid De Haes, Freek De Cracker
secretário: Wim Hoogewerf
coreografia: Marc Iglesias
tutor de piano: Lies Colman
tradutor neerlandês-português: Arie Pos
adereços: Eefje Wijnings, Andrea Kränzlin
cenário: Kris Verdonck, Eefje Wijnings
construção do cenário: A Two Dogs Company
iluminação: Jan Van Gijsel
coordenação técnica: Jan Van Gijsel, Nic Roseeuw
técnicos: Bram De Cock, Diderik Suykens, Jan Van Gijsel, Chris Vanneste
diretora de produção: Isabel Vermeulen
produção: LOD muziektheater
coprodução: Jheronimus Bosch 500 Foundation, A Two Dogs Company, Kaaitheater, Maria Matos Teatro Municipal, House on Fire, ASKO Schönberg, Concertgebouw Brugge, Fundaçao Calouste Gulbenkian, Theater Mousonturm Frankfurt
em colaboração com: Flanders e o programa “Holanda Convidado de Honra” na Feira do Livro de Frankfurt 2016, Klarafestival Brussel
crédito fotográfico: Museo Nacional del Prado
em colaboração com: Gulbenkian Música
Uma coprodução da rede House on Fire, com o apoio do Programa Cultura da União Europeia.

