Comédia
"As Aves": Obra-prima de Aristófanes ganha nova vida no palco das Comédias do Minho
As Comédias do Minho, em cocriação com a mala voadora, apresentam uma nova adaptação de "As Aves", uma das mais emblemáticas obras de Aristófanes, considerada a sua obra-prima, apesar de ter alcançado o segundo lugar na competição dionisíaca de 414 a.C. Com texto e encenação de Jorge Andrade, esta versão contemporânea estreia a 31 de outubro, em Valença, propondo uma reflexão sobre poder, persuasão e liberdade, numa abordagem que convida o público para uma viagem visual e sonora, fundindo teatro, dança e música.

31 Out 2024 | 21h00
O tom é de comédia, mas o tema central é sério e muito atual. Na peça "As Aves", Aristófanes transporta-nos para uma fábula política que, apesar de datada da Grécia Antiga, mantém sua relevância nos dias de hoje, trazendo ao palco uma reflexão crítica sobre a sociedade.
A história segue dois homens, que abandonam Atenas em busca de uma vida melhor. Acreditam que um homem, transformado em ave e capaz de voar e observar o mundo de cima, poderá guiá-los. Um desses homens é Pistetero. Ao descobrir a forma como as aves vivem, Pistetero decide que quer partilhar esse estilo de vida e, com a sua impressionante capacidade de persuasão, convence-as a fundar uma cidade onde se preserve a harmonia da vida das aves. As aves, inicialmente desconfiadas dos humanos, acabam por sucumbir à sua retórica, a ponto de o reverenciarem como um deus. Capaz de encantar as multidões, Pistetero instala-se como líder absoluto. Esta adaptação de "As Aves" traz ao palco uma história povoada por pássaros, humanos e deuses, onde as palavras, quando bem ditas, soam como melodias que encantam e seduzem.
A partir do texto daquele que é considerado o maior representante da comédia antiga, a peça, que conta com interpretação de Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa e Tiago Barbosa, questiona assim o poder das palavras mostrando como a persuasão pode moldar a realidade e transformar uma utopia num regime de controlo. Pistetero torna-se o símbolo de como a retórica pode elevar, mas também subjugar.
Teatro, dança e música numa fusão única
Esta adaptação de "As Aves" aposta numa forte componente musical e visual. O tradicional coro síncrono é reinventado, proporcionando uma nova musicalidade às palavras de Aristófanes, enquanto a coreografia, delicadamente desenhada, transforma o palco num espaço onde o voo das aves se confunde com o gesto humano, questionando as fronteiras entre o natural e o artificial.
Os figurinos, assinados por José Capela, são uma extensão da própria metamorfose cénica, simbolizando a fusão entre o humano e o não-humano. Cada peça de vestuário é uma obra viva, traduzindo o imaginário das aves em movimento. O cenário, pensado como um espaço de utopia, transporta a cidade imaginária de Aristófanes para o presente, questionando as ambições e os excessos da sociedade contemporânea.
Uma digressão pelos cinco municípios do Vale do Minho
Depois da estreia em Valença, "As Aves" voa para uma digressão até 1 de dezembro pelos cinco municípios que integram o projeto Comédias do Minho: Valença, Vila Nova de Cerveira, Melgaço, Paredes de Coura e Monção. Este itinerário reforça a missão das Comédias do Minho de aproximar o teatro às comunidades locais, promovendo a descentralização cultural e o acesso a produções artísticas de qualidade em regiões com menor densidade populacional.
"As Aves" é uma coprodução entre as Comédias do Minho, a mala voadora, o Centro Cultural de Belém e o Centro Cultural de Lagos.
As Comédias do Minho tem Parceria Institucional com a República Portuguesa - Cultura e a mala voadora é uma estrutura financiada pela República Portuguesa - Cultura /Direção-Geral das Artes.
Ficha artística e técnica
direção Jorge Andrade, com assistência de Maria Jorge
texto Jorge Andrade, a partir de Aristófanes
com Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa, Tiago Barbosa
cenário e figurinos José Capela, com edição de imagem de António MV
execução dos figurinos Isabel Gonçalves (Blue)
aves Miss Suzie
luz João Fonte
sonoplastia Sérgio Delgado
direção técnica João Fonte (mala voadora) + Vasco Ferreira (Comédias do Minho)
apoio técnico Théo Wengleswki (Comédias do Minho)
produção Joana Mesquita Alves, Sofia Freitas e Cláudia Teixeira (mala voadora) + Pedro Morgado e Luís Carlos Silva (Comédias do Minho)
coprodução mala voadora, Comédias do Minho, Centro Cultural de Belém e Centro Cultural de Lagos.
M/12
Duração: 80’
Entrada livre sujeita à lotação da sala
Calendário de apresentações
VALENÇA - 31 de outubro a 3 de novembro
31 de outubro - Sede do Rancho de Friestas | 21h00
1 de novembro - Sede da Junta de Freguesia de Arão | 21h30
2 de novembro - São Tomé em Verdoejo | 21h00
3 de novembro - Sede do Rancho de S. Julião | 16h00