Cinema
Retrospetiva Saguenail '17
Organizar em 2017 uma retrospetiva de Saguenail, a primeira no Porto, era imperativo. É um gesto de construção de memória.

31 Jan 2017 | 22h00
3 Fev a 12 Fev 2017
Saguenail continua em plena atividade, estreia inclusivamente o seu filme mais recente na sessão de abertura deste ciclo (Decrescente, 31 de janeiro, Teatro Municipal do Porto - Rivoli).
Mas Saguenail tem um longo percurso na criação de Cinema. É um autor profundamente vinculado à cidade. Urge por isso dar aos espectadores a oportunidade de se confrontar com os seus filmes e de se relacionar com eles. É um autor que se diz experimental e marginal por direito próprio, como resultado da sua postura e dos seus conceitos. É-o, diz-nos, porque respeita o Cinema, porque o compreende nos seus limites e é nessas fronteiras que se sente completo.
Saguenail é um cineasta praticante e militante.
No contexto do ciclo retrospetivo será editado o catálogo Saguenail - um cinema maldito, disponível para compra na bilheteira.
A programação do ciclo é da responsabilidade de Luís Vieira Campos. A coordenação do catálogo do Cineclube do Porto.
Terça-feira, 31 de janeiro | 22h00
SESSÃO DE ABERTURA | TEATRO MUNICIPAL DO PORTO - RIVOLI
DECRESCENTE
PT | 2016 | FIC | 56'
Estamos em guerra. Todos os dias rebentam bombas. Por toda a parte. O atentado terrorista é imparável. O inimigo é invisível. E contudo as armas são as mesmas. Há interesses comuns. E o comum denominador é financeiro. O jogo das alianças negoceia-se e modifica-se constantemente no tabuleiro de xadrez mundial. As ações no terreno seguem o curso das ações na Bolsa. Há vítimas mas os danos são todos colaterais. É preciso porventura reconstruir a geografia à medida que se reescreve a História. E pensar que toda a janela é espelho, toda a imagem reflexo.
Oito personagens simbólicas que representam metaforicamente algumas das forças que dominam o mundo contemporâneo – grandes blocos: EUA, Rússia, Europa, Terceiro Mundo; grandes sectores de atividade: Armamento, Recursos Energéticos, Finanças, Burocracia; oposições ideológicas: Passado Tradicionalista, Juventude Revoltada, Oportunismo Cínico, Desencanto Conformista – jogam uma partida de xadrez verbal durante a qual talvez se decida um futuro próximo.
Sexta-feira, 3 de fevereiro | 21h30
MUDAS MUDANÇAS
PT | 1980 | FIC | 86' | M/12
Baseado em contos populares portugueses, escrito no pós 25 de novembro de 1975 em jeito de alegoria, MUDAS MUDANÇAS reflete sobre o risco de nada mudar quando tudo parecia possível.
Sábado, 4 de fevereiro
18h00
MAU DIA | PAS PERDUS | ACENTUADO ARREFECIMENTO NOCTURNO
PT | 2006 | FIC | 17' // PT | 2008 | FIC | 37' // PT | 2013 | FIC | 20'
Mau Dia
A partir do poema de Jacques Prévert intitulado «Petit déjeuner du matin», MAU DIA experimenta uma dilatação do tempo na qual a banalidade esconde o drama vivido. Todos os elementos são decompostos e, depois, reconstruídos – paredes pintadas, chuva orquestrada, ações mimadas, representadas ou cantadas…
Pas perdu
Não basta ver, é preciso interpretar o que se vê. Os PAS PERDUS de uma mulher que transporta uma mala prestam-se a múltiplas hipóteses – o espectador construirá uma história convocando toda a sua memória cinematográfica.
Acentuado arrefecimento noturno
Expulsa do Éden, a família original é obrigada a enfrentar as agruras da existência. Porém cada um dos seus membros encara diversamente o mundo. A «câmara subjetiva» mostra-nos as visões incompatíveis de cada um. Tensões, ciúmes e sentimentos de culpa levam Adão, Eva e Caim a coligar-se contra Abel, obrigando-o a cometer o primeiro sacrifício.
21h30
MA’S SIN
PT | 1996 | FIC | 73'
Confrontada com um filme americano exclusivamente sonoro (que tenta resgatar os erros que Hitchcock julgava ter cometido, «enganando» o espectador através da manipulação das mentiras e dos flash-backs), uma espectadora é levada a convocar, para resistir aos fantasmas suscitados pelas imagens, toda a história do cinema, desde os primórdios, ou até a da arte dita moderna.
Sexta-feira, 10 de fevereiro | 21h30
BRECHT PARA PRINCIPIANTES | TRELA CURTA
PT | 2015 | FIC | 35' // PT | 2015 | FIC | 86'
Brecht para principiantes
“Havia uma Associação de Solidariedade Social que se ocupava de pessoas com dificuldades. Havia um encenador politicamente comprometido que trabalhava com pessoas em situação difícil, nomeadamente com a tal Associação. Havia um dramaturgo que concebia o Teatro como instrumento de tomada de consciência e que assumia escrever peças didáticas. O encenador foi ter com o cineasta para o desafiar a fazer um filme a partir da sua obra cénica.(...)"
Trela curta
Dez personagens, que ocupam diversos patamares da escala hierárquica (social e política), discorrem sobre a necessidade e os benefícios da infantilização dos que se encontram sob o seu poder.
Sábado, 11 de fevereiro
15h00
OS MEUS MORTOS | L’ÉTERNEL DÉPART
PT | 1998 | FIC | 22' // PT | 2010 | DOC | 32'
Os meus mortos
Uma escritora é visitada pelos fantasmas dos autores, todos mortos tragicamente, que formam o seu panteão pessoal. Ora esses mortos têm um único recado a transmitir-lhe, a saber: «Vem ter connosco.»
L'éternel départ
A luz de Inverno tudo despe. A janela do cineasta dá para o cemitério. Ao filmar as auroras e os poentes, ele interroga-se acerca do sentido dos ciclos naturais e a música de Fernando Lapa sugere-lhe respostas.
16h00
LA REVOYURE
PT | 2013-14 | DOC | 44'
Retrato do cineasta enquanto fantasma, condenado a assombrar os lugares onde foi feliz ou podia ter sido feliz. Assim sendo, as imagens filmadas não correspondem às que os seus olhos vêem, alteradas pela recordação. Só o espectador vê a mesma coisa que a câmara.
17h00
MOURIR BEAUCOUP
PT | 2004 | DOC | 50'
A par da impossível memória panorâmica de um corpo de cidade vivida e morrida, dentro de casa experimenta-se uma hipótese de fim do mundo que é também a de um começo, sob o signo do fecho no aquário, primeiro, do ventre.
18h00
MOURIR UN PEU
PT | 1981-85 | FIC | 91'
MOURIR UN PEU é composto de três curtas-metragens unidas pelo tema da descoberta da América (a cidade filmada como uma viagem marítima, os seus cafés apresentados como um imenso museu da colonização, a volta ao mundo realizada dentro do espaço da casa) e ligadas pela interrogação do cineasta sobre o seu próprio percurso.
21h30
FORA DE CAMPO
PT | 1988 | DOC | 109'
Um mês de agosto, uma rua pacata no centro do Porto, um grupo de aprendizes cineastas, um realizador movido pelo desejo de descobrir tudo o que se encena por detrás e por diante das fachadas da rua onde reside. FORA DE CAMPO mostra como são potencialmente inesgotáveis os lugares que temos por perto.
DOMINGO, 12 de fevereiro | 15h00
DENTRO
PT | 2001 | FIC | 245'
Fruto de um ano de trabalho no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, DENTRO acompanha o processo pelo qual os reclusos se apoderam da «Oresteia» de Ésquilo. Trata-se de um texto que, enquanto celebração da criação do primeiro tribunal, lhes diz diretamente respeito, mas sobretudo de uma partitura que lhes permite exprimir sentimentos profundos de raiva, vingança e culpa.
Bilhetes
Sessão de abertura: €3,00
Passe Geral: €15,00
Passe 11 de fevereiro: €5,00
Bilhete Normal: €3,50
Bilhete Estudante e +65 anos: €2,50
Bilhete Associado Cineclube do Porto: €0,50
A bilheteira abre 30 minutos antes de cada sessão.
Cineclube do Porto:
ccp@cineclubedoporto.pt
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