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Cinema

Histórias do Cinema: Olaf Möller/ G.W. Pabst

Edição de julho das "Histórias do Cinema", dedicadas ao cinema de Pabst em cinco sessões-conferência a realizar às 18h, na Cinemateca Portuguesa.

13 Jul a 17 Jul 2015

Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema
Rua Barata Salgueiro, 39, 1269-059 Lisboa
A edição de julho das "Histórias do Cinema", dedicadas ao cinema de Pabst em cinco sessões-conferência a realizar às 18h, entre 13 e 17, numa escolha e com apresentação e comentários do crítico e programador alemão Olaf Möller, propõe cinco longas-metragens pouco vistas do realizador prometendo uma rara oportunidade para ver e debater a obra insuficientemente conhecida do conhecido autor de "Die Buchse der Pandora". As cadernetas para o conjunto das sessões estão disponíveis em regime de pré-venda na bilheteira da Cinemateca até 10 de julho.
 
Olaf Möller, alemão natural de Colónia, é um dos nomes mais destacados no atual panorama internacional da escrita sobre cinema. Tem publicado textos nalguns dos mais importantes órgãos da imprensa especializada em cinema, sendo colaborador regular de revistas tão prestigiadas como a Cinema Scope ou a Film Comment. Além disso, assinou e/ou colaborou em diversas monografias, mais frequentemente centradas em cineastas e temas da área dita experimental. A este trabalho acresce a sua atividade de programador, que inclui colaborações regulares com a Cinemateca Austríaca, o Festival de Oberhausen e sobretudo o Il Cinema Ritrovato de Bolonha, para o qual tem organizado diversas retrospetivas históricas, normalmente com enfoque em autores ou zonas da história do cinema ainda mal iluminadas pela historiografia consagrada. O seu interesse em Pabst – cineasta cuja obra posterior aos anos trinta é tradicionalmente subvalorizada e muito pouco vista – é ainda um reflexo da sua preocupação em explorar os recantos mais obscuros e enigmáticos da história do cinema, como o atesta a escolha de cinco títulos que estão entre os menos estudados e “considerados” da obra do autor de DIE BUCHSE DER PANDORA.

Estranhíssimo destino o de Georg Wilhelm Pabst (1885-1967), entre a fama mundial que conheceu na época do final dos anos vinte e princípios dos anos trinta e o rápido empalidecimento da sua estrela depois disso, até à quase total obscuridade – para o público internacional, pelo menos – das suas últimas décadas de atividade, já no pós-guerra. Formado artisticamente nos meios da vanguarda teatral vienense, chegou ao cinema como assistente de realização e em 1923 assinou o primeiro filme como realizador. Em 1925, o sucesso de DIE FREUDLOSE GASSE (com Greta Garbo) inaugura o seu período áureo, marcado por filmes arrojados estética e tematicamente, e pelo frequente trabalho sobre figuras femininas que se tornaram memoráveis, nomeadamente o caso de Louise Brooks, protagonista de dois dos seus mais famosos filmes, DIE BÜCHSE DER PANDORA e TAGEBUCH EINER VERLORENEN. Durante esse período, em que rodou várias grandes produções, tão ambiciosas comercialmente como artisticamente (WESTFRONT 1918, um filme de guerra, ou DIE DREIGROSCHENOPER, em colaboração com Brecht e Weill), Pabst apenas rivalizava com Lang em popularidade e reconhecimento. Mas ao contrário de Lang, que se fixou definitivamente no estrangeiro depois da chegada dos nazis ao poder, Pabst voltou à Alemanha no final da década de trinta, após passagens fugazes e não muito bem sucedidas por França e Estados Unidos (onde rodou um único título, A MODERN HERO). Essa ironia do destino – o regresso à Alemanha em guerra na época em que praticamente todos os principais nomes das gloriosas décadas anteriores haviam partido – marcou o princípio da invisibilidade internacional de Pabst, que não foi recuperada nem com os filmes que realizou no pós-guerra, a ponto de ser hoje comum encontrar, mesmo entre os cinéfilos bem informados, quem pense que Pabst se retirou, ou morreu, durante a Segunda Guerra. Não se retirou nem morreu, e filmou até 1956, obras importantes em termos históricos que começam hoje a ser recuperadas e reavaliadas (como DER LETZTE AKT, sobre os últimos dias de Hitler, que aqui vimos há poucos meses), mas também melodramas que retomam o seu interesse em personagens femininas (como DER BEKENNTNIS DER INA KAHR). Através destes cinco filmes selecionados e comentados por Olaf Möller, perceberemos melhor a dimensão de tudo o que está por revelar condignamente na obra de um cineasta que se oferece ao mais bizarro dos paradoxos, pois dele se pode dizer que é em simultâneo, muito conhecido e muito desconhecido.

Como rubrica regular de programação as “Histórias do Cinema” assentam na ideia de um binómio, para cinco tardes e em torno de cinco filmes (ou em cinco sessões, com número variável de obras projetadas): dum lado, um investigador de cinema – historiador, crítico, ensaísta, podendo também tratar-se de realizador ou técnico, por exemplo; de outro, um autor ou um tema histórico abordado pelo primeiro. O investigador discorre e conversa sobre o tema numa sequência de encontros que são antes de mais pensados como uma experiência cumulativa.

Apresentadas e comentadas por Olaf Möller, em inglês.
 
Dia 13, Segunda­-feira, 18:00
ABWEGE
Crise
de Georg Wilhelm Pabst
com Brigitte Helm, Gustav Diessl
Alemanha, 1928 – 98 min / mudo, intertítulos em alemão traduzidos eletronicamente em português | M/12
 
Realizado logo antes das duas obras-primas que Pabst faria com Louise Brooks (DAS TAGEBUCH EINER VERLORENEN e DIE BUCHSE DER PANDORA), ABWEGE é a história da frustração sexual de uma mulher, cujo marido está demasiado ocupado para lhe dar atenção e que procura a companhia de outros homens, na mítica Berlim dos anos loucos que antecederam o nazismo. Marcada pela presença de Brigitte Helm no papel principal, a história serve de pretexto a uma realização rigorosa, “sem efeitos espetaculares, que explica as relações humanas pelo comportamento, as ações, o cenário, o ambiente e os rostos. Cada elemento participa de uma narração visual, cujo ritmo é flexível”, como bem observou Freddy Buache.
 
Dia 14, Terça­-feira, 18:00
DIE HERRIN VON ATLANTIS
Atlântida
de Georg Wilhelm Pabst
com Brigitte Helm, Heinz Klingenberg,
Gustav Diessl,
Vladimir Sokoloff
Alemanha, 1932 – 87 min / legendado eletronicamente em português | M/122
 
Segunda adaptação ao cinema do romance de Pierre Benoît, depois da bela versão de Jacques Feyder (1921). A extravagante trama narrativa põe dois oficiais europeus dos anos vinte, que foram à África do Norte em busca do mítico reino da Atlântida, diante de Antineia, a rainha deste reino. Longe dos cenários naturais utilizados por Feyder, a versão (alemã) de Pabst dá à história da civilização perdida nas areias do Saará e dos trágicos amores de Antineia, uma atmosfera expressionista, explorando os cenários oníricos de Erno Mutzer com a fotografia de mestre Eugen Schuftan.
 
Dia 15, Quarta­-feira, 18:00
A MODERN HERO
Herói Moderno
de Georg Wilhelm Pabst
com Richard Barthelmess, Jean Muir,
Marjorie Rambeau, Verree Teasdale
Estados Unidos, 1934 – 71 min / legendado eletronicamente em português | M/12
 
O único filme americano de Pabst é a adaptação de um best¬ seller da época, de Louis Bromfield, contando o percurso de um emigrante na América que de trabalhador de circo vai subindo socialmente até se tornar um magnate e enfrentar uma brusca e dramática mudança de destino.
 
Dia 16, Quinta­-feira, 18:00
LA MAISON DU SILENCE
A Casa do Silêncio
de Georg Wilhelm Pabst
com Aldo Fabrizi, Jean Marais, Daniel Gélin, Cosetta Greco,
Eduardo Ciannelli, Paolo Stoppa
Itália, França, 1952 – 94 min / legendado em português | M/12
 
O filme de Pabst com argumento de Giorgio Prosperi a partir de uma ideia de Cesare Zavattini (e há quem credite uma participação de Jean Cocteau na conceção do episódio com Jean Marais) é conhecido de várias maneiras conforme a versão dos países produtores. Por exemplo, LA VOCE DEL SILENZIO ou DIE STIMME DES SCHWEIGENS. A apresentar na versão francesa.
 
Dia 17, Sexta­-feira, 18:00
DAS BEKENNTNIS DER INA KAHR
“A Confissão de Ina Kahr”
de Georg Wilhelm Pabst
com Curd Jurgens, Elisabeth Muller, Albert Lieven
RFA, 1954 – 111 minutos / legendado eletronicamente em português | M/12
 
Um dos últimos filmes de Pabst, que dois anos depois, em 1956, se retiraria da atividade. DAS BEKENNTNIS DER INA KAHR tem vivido na mesma semiobscuridade da dos outros filmes desta ponta final de Pabst, mesmo se é tido como um dos melhores exemplos tardios da sua habilidade no melodrama e no retrato de personagens femininas. É a história de uma mulher que, deprimida pelas traições do marido, planeia o envenenamento de ambos. Mas só o marido morre, o que a leva ser acusada e julgada por assassínio. Primeira exibição na Cinemateca.

BILHETES
Para esta rubrica, a Cinemateca propõe um regime de venda de bilhetes específico, fazendo um preço especial e dando prioridade a quem deseje seguir o conjunto das sessões. Assim, quem deseje seguir todas as sessões (venda exclusiva para a totalidade das sessões, máximo de duas coleções por pessoa) poderá comprar antecipadamente a sua entrada pelo preço global de € 22 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 12 – Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 10) entre 8 e 12 de junho. Os lugares que não tenham sido vendidos serão depois disponibilizados através do normal sistema de venda no próprio dia de cada sessão, no horário de bilheteira habitual e de acordo com o preço específico destas sessões, € 5 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 3 – Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 2,60).
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