O programa do último concerto da temporada sinfónica da Orquestra Sinfónica Portuguesa no Centro Cultural de Belém é marcado por mais um diálogo entre os grandes compositores da história da música (Tchaikovsky e Mozart) com uma compositora contemporânea portuguesa (Clotilde Rosa), que estreia Paisagem Interior.

Paisagem Interior, Clotilde Rosa (n. 1930) -  estreia mundial

Obra composta entre 1999 e 2000, por encomenda da Secretaria de Estado da Cultura, apresenta-se neste ano de 2017 em estreia mundial no CCB. Paisagem Interior surge de uma espécie de percurso ao longo da vida da compositora, um espelho refletor da sua vida, das suas vivências culturais e dos seus afetos.

Paisagem interior é uma obra marcada por pontos contrastantes, são manifestações mais densas, ritmicamente, ou instrumentos que se juntam, simbolizando vivências mais violentas da sua inspiração, que contrastam com passagens mais etéreas.

Concerto para Clarinete e Orquestra em Lá menor, K. 622, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

O Concerto para Clarinete é um dos símbolos da mais afortunada criação musical de Mozart e constitui um legado para a Humanidade. Foi composto na fase final da sua vida, num período marcado por uma crescente atividade de composição para si mesmo, seguindo os traços da sua própria inspiração.

Não obstante, foi um período de solidão e sentimento de fracasso, não só pela incompreensão do público para com ele, um compositor muito à frente no seu tempo, como também pelo desespero crescente, em parte devido à sua miséria económica, em parte devido à sua solidão psíquica, sentindo o abandono da sua esposa Constanze, de alunos da classe nobre, amigos e de toda a sociedade vienense.

O solista desta obra será Horácio Ferreira, Jovem Músico do ano 2014, primeiro clarinetista a vencer o nível médio e superior do Prémio Jovens Músicos, que também venceu prémios no “Concours Debussy” em Paris, no prestigiado “Prague Spring Competition” em Praga e venceu o Concurso Internacional de Clarinete “J. Pakalnis” em Vilnius.

Sinfonia n.º 6 em Si menor, op. 74 (Pathétique), Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840- 1893)

A Sinfonia n.º 6 foi designada por Patetit?eskaja ou Pathétique por sugestão de Modest, irmão do compositor, na medida em que o termo, em russo, tem um significado próximo a apaixonado, cheio de emoção e sofrimento, também bastante relacionado com a significação do Pathos grego.

A obra estreou a 28 de outubro de 1893, em S. Petersburgo, dirigida pelo próprio Tchaikovsky. Mas a Pathétique não agradou aos músicos da orquestra e à audiência, que contemplou a performance com aplausos comedidos. Poucos dias após a estreia da obra, Tchaikovsky faleceu, em circunstâncias ainda duvidosas, que envolveriam ainda mais a sinfonia numa aura de mistério: foi morte acidental, por cólera, após beber um copo de água não fervida ou o "escândalo" relacionado com a sua homossexualidade (conforme indicava a musicóloga Alexandra Orlova) que ditou uma espécie de suicídio socrático?

No dia 15 de maio, às 11h, no CCB, a Orquestra Sinfónia Portuguesa interpreta a Sinfonia Pathétique para escolas, num concerto comentado por Pedro Wallenstein.

BIOGRAFIAS

Horácio Ferreira

Clarinete

Diplomado pela Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo na classe de António Saiote, foi bolseiro da Fundação Gulbenkian na Escuela Superior de Musica Reina Sofia em Madrid onde estudou com Michel Arrignon e em Paris com Nicolas Baldeyrou. Como solista apresentou-se com as principais orquestras portuguesas, entre outras, em Portugal, Espanha, França, Itália, Lituânia, Suécia, Dinamarca, EUA, Canadá, China e Brasil. Estreou em Portugal a versão para orquestra da Sonata nº 1 de Brahms/Berio e em Espanha a Contradança de Telmo Marques. Gravou para a RDP/RTP, France Musique, Radio Catalã e Televisão Húngara.

Nomeado “Rising Star” pela Fundação Gulbenkian e Casa da Música, Horácio Ferreira tocou nas mais prestigiadas salas de concerto europeias, destacando-se o Concertgebouw de Amsterdão, o Musikverein de Viena, a Philharmonie de Paris ou a nova Elbphilharmonie de Hamburgo.

Alan Buribayev

Direção musical

Maestro Principal da Astana Opera House e Maestro Convidado Principal da Japan Century Symphony Orchestra de Osaka. Nasceu numa família de músicos: o pai era violoncelista e maestro e a mãe pianista. Graduado com distinção pelo Kazakh State Conservatory como violinista e maestro, continuou os seus estudos de direção musical na University of Music em Viena com o Prof. Uros Lajovic. O primeiro prémio na Lovro von Matacic Conducting Competition, em Zagreb, abriu-lhe as portas a convites internacionais de diversas orquestras. Em 2001, foi um dos finalistas da Malko Conducting Competition, em Copenhaga, e foi galardoado com o Prémio Especial como reconhecimento pelo “seu extraordinário talento”. Nesse mesmo ano, ganhou a Antonio Pedrotti Competition. Dentre os seus compromissos destacam-se colaborações com as orquestras NHK Symphony, Barcelona Symphony, Royal Philharmonic, Basel Symphony, Stavanger Symphony e Ulster, bem como espetáculos com a St. Gallen Symphony, Kyushu Symphony, Belgrade Philharmonic, St. Petersburg Philharmonic, Russian National Orchestra e Deutsche Symphony Orchestraem Berlim. Foi MaestroPrincipal da Norrköping Symphony Orchestra entre 2006 e 2011, da Brabants Orchestra de2007 a2012 e da RTE Orchestra entre 2010 e 2016.

Ficha Artística

TEMPORADA SINFÓNICA - Concerto Sinfónico "Reconhecimento"

Centro Cultural de Belém, 14 de maio, 17h

Clotilde Rosa Paisagem Interior (estreia mundial)

Wolfgang Amadeus Mozart, Concerto para clarinete e orquestra em Lá maior, K 622

Piotr Ilitch Tchaikovsky, Sinfonia n.º 6 em Si menor, op. 74

Clarinete, Horácio Ferreira

Direção Musical, Alan Buribayev

ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA

Maestrina titular Joana Carneiro

Concerto comentado para escolas "Pathétique"

Centro Cultural de Belém, 15 de maio, 11h

Piotr Ilitch Tchaikovsky, Sinfonia n.º 6 em Si menor, op. 74
Direção Musical, Alan Buribayev