Literatura2
Eduardo Lourenço lança livro de textos inéditos sobre estética
O novo livro de Eduardo Lourenço Da Pintura com transcrição, organização e prefácio de Barbara Aniello será lançado no próximo sábado, dia 24 de junho, na sede da Ordem dos Médicos, em Lisboa. A obra será apresentada pela investigadora Barbara Aniello.


24 Jun 2017 | 17h00
Da Pintura é o novo livro a integrar a coleção «Obras de Eduardo Lourenço» que a Gradiva tem vindo a editar e que desta vez entra pelo mundo da arte, com a pintura em destaque. O percurso de Eduardo Lourenço na descoberta da arte é uma viagem abrangente, em que apresenta uma multiplicidade de pontos de vista e de abordagens, numa obra que se encontra organizada em três secções: Estética, Exposições, Pintores.
Tendo a pintura como pano de fundo, o filósofo revela uma enorme sensibilidade, uma assinalável capacidade de observação e de reflexão, além de um talento ímpar para estabelecer analogias.
No texto inicial («Eduardo Lourenço, um olhar sem fim»), Barbara Aniello refere:
«Todavia não é apenas de crónica diarística, de pinceladas traçadas na mais silenciosa intimidade, que as páginas que se seguem são amostra reveladora. […] Repletas de sabedoria e de experiência, estas considerações nascem de uma abordagem à arte filtrada pela cultura do pensador que, ao contrário do espelho da música, mergulha aqui num mundo ‘outro’ com todas as ferramentas da sua erudição.»
ÍNDICE
Eduardo Lourenço, um olhar sem fim
Nota da organizadora do volume
I. ESTÉTICA
1.1 A grande ilusão
1.2 Caderno de apontamentos
1.3 A experiência estética
1.4 Considerações finais
1.5 A Arte
1.6 É preciso repensar «Arte»
1.7 Requiem pela Estética
1.8 A arte e a vida
1.9 Arte e surdez
1.10 Fenomenologia e História de Arte
1.11 Carta aberta
1.12 Arte e Expressão
1.13 Pequena meditação sobre a imagem
1.14 O que é a arte
1.15 A evolução das formas
1.16 O Tempo da obra de arte. Scherazade
1.17 O mundo da arte
1.18 Toda a arte é símbolo e coisa
1.19 A classicidade
1.21 Combater
1.22 Sociologia da arte
1.24 A situação da arte na existência humana
1.24 O equívoco do mundo estético.
1.25 José-Augusto França e a sociologia da arte em Portugal
1.26 Pintura, Tempo, Eternidade
1.27 Respostas
1.28 A pintura como objeto de compreensão
1.29 O valor da obra de arte
1.30 As azáleas ou a arte abstrata
1.31 Croce
1.32 O romantismo estético de B. Croce
1.33 Poesia e metafísica
1.35 Senso e não senso da Arte
1.35 As Nymphéas ou a irrealidade do Real
1.36 O espelho profundo
1.37 O pecado sem remissão
1.38 O pintor abstracto
1.39 Escultura e Literatura
1.40 A obra de arte entre realidade e sonho
1.41 Questões de estética
1.42 Supra-realistas e Neo-realistas, ou a Arte, o Real e o Sonho
1.43 Ainda sobre a Estética
1.44 A arte ou as estátuas partidas
1.45 Notas sobre Arte
1.46 O complexo de Eróstato ou a Arte Moderna
1.47 Provocação
1.48 A arte e o mundo
1.49 A querela da reprodução artística
1.50 In-situação do crítico de arte
1.51 A arte e as companhias (de petróleo)
1.52 Sentido e não sentido do moderno. Para um conceito actual de modernidade
1.53 A fala de Deus no mundo da Imagem
1.54 Peinture et Poésie
1.55 Ut musica pictura. Da poesia como pintura
II. EXPOSIÇÕES
2.1 Prado revisitado
2.2 Picasso
2.3 Tàpies
2.4 Suzanne Valadon
2.5 Musée do Louvre
2.6 Kunsthistorickmuseum von Wien
2.7 L’Art vivant 1965-68
2.8 St. Paul de Vence
2.9 Retrospetiva Calder
2.10 Veneza, um retrato.
2.11 Casimiro ou L’anti-Rêve
2.12 Sobre a inconsistência
2.13 A vertigem imóvel
2.14 Imagem e sagrado
2.15 Graça Morais
2.16 As mãos e a noite
2.17 Tempo redimido
2.18 Picasso, Mosqueteiro
2.19 Lumière et Mémoire
2.20 Ver é ser visto
2.21 Espelho sem imagem
2.22 Doloroso esplendor
2.23 Um Conquistador
2.24 Texto sobre texto
2.25 Duas Vanitas
2.26 O Génio dos Outros
III. PINTORES
3.1 Giotto
3.2 Impressionismo
3.3 Abstração
3.4 Apontamentos sobre Pintura
3.5 Kandinsky ou a pintura como objeto de sonho
3.6 Pintores mexicanos
3.7 Pintura. Gauguin
3.8 Melancolia
3.9 Klee
3.10 O nu impressionista
3.11 Criação e contestação
3.12 Picasso destruidor-criador
3.13 Almada-Mito e os Mitos de Almada
3.14 [Almada Negreiros]
3.15 José-Augusto França e a mitologia modernista
3.16 Pintura e melancolia
3.17 Mitografa do ausente
Anexo I — Regresso ao Paraíso. Visita Guiada.
Entrevista conduzida por Valdemar Cruz
Anexo II — Iglesia de S. Tomé
O AUTOR
EDUARDO LOURENÇO nasceu a 23 de maio de 1923, em S. Pedro de Rio Seco, concelho de Almeida, distrito da Guarda. É o filho mais velho (de sete) de Abílio de Faria, oficial do Exército, e de Maria de Jesus Lourenço. Frequenta a Escola Primária na sua terra natal. Depois ingressa no Liceu da Guarda e termina os seus estudos secundários no Colégio Militar em Lisboa. Frequenta o Curso de Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde conclui a Licenciatura no dia 23 de julho de 1946, com uma Dissertação com o título "O Sentido da Dialética no Idealismo Absoluto. Primeira parte".
Assume as funções de Professor Assistente nessa Universidade, cargo que desempenha até 1953. Desde então e até 1958 exerce as funções de Leitor de Língua e Cultura Portuguesa nas Universidades de Hamburgo, Heidelberg e Montpellier. Nos anos de 1958 e 1959, rege, na qualidade de Professor Convidado, a disciplina de Filosofia na Universidade Federal da Baía (Brasil). Ocupa depois o lugar de Leitor a cargo do Governo francês nas Universidades de Grenoble e de Nice. Nesta última Universidade irá desempenhar posteriormente as funções de Maître-Assistant, cargo que manterá até à sua jubilação no ano letivo de 1988-1989.
Publica, em edição de autor, o seu primeiro livro Heterodoxia I em novembro de 1949. Casa com Annie Salomon em 1954. Em 1966, nasce o seu filho adotivo, Gil. Ao seu livro Pessoa Revisitado – Leitura Estruturante do Drama em Gente é atribuído o Prémio Casa da Imprensa (1974). Em 10 de junho de 1981, é condecorado com a Ordem de Sant’Iago d’Espada. Pelo seu livro Poesia e Metafísica recebe, no ano de 1984, o Prémio de Ensaio Jacinto Prado Coelho. Dois anos mais tarde, é distinguido com o Prémio Nacional da Crítica graças a Fernando, Rei da nossa Baviera. Por ocasião da publicação da sua obra Nós e a Europa – ou as duas razões, é galardoado com o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon, que distingue o conjunto da sua obra. Dirige, a partir do Inverno de 1988, a revista Finisterra - Revista de Reflexão e Crítica. É nomeado Adido Cultural junto da Embaixada de Portugal em Roma. É condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique (Grande Oficial). Recebe, no dia 1 de julho de 1992, o Prémio António Sérgio. Participa no Parlamento Internacional de Escritores que decorre entre 28 e 30 de setembro de 1994 em Lisboa. Pela sua obra O Canto do Signo recebeu em 1995 o Prémio D. Dinis de Ensaio.
Nos últimos anos, Eduardo Lourenço recebeu inúmeras distinções, entre as quais se destacam: Prémio Camões (1996), Officier de l’Ordre de Mérite pelo Governo francês (1996), Chevalier de L’Ordre des Arts et des Lettres pelo Governo francês (2000), Prémio Vergílio Ferreira da Universidade de Évora (2001), Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra (2001), Cavaleiro da Legião de Honra (2002), Prémio da Latinidade (2003), Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2003), Prémio Extremadura a la Creación (2006), Medalha de Mérito Cultural pelo Governo português (2008), Medalha de Ouro da Cidade da Guarda (2008) e Encomienda de Numero de la Orden del Mérito Civil pelo Rei de Espanha (2009).
Eduardo Lourenço é ainda Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Rio de Janeiro (1995), Universidade de Coimbra (1996), Universidade Nova de Lisboa (1998) e Universidade de Bolonha (2006).
Desde 2002 exerce as funções de administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian.
Foi galardoado com o Prémio Pessoa 2011.
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