Ateliers, Cursos e "Workshops"
Curso sobre a História da Azulejaria de Lisboa, por Celso Mangucci
Os programas iconográficos aplicados à azulejaria, desde os meados do século XVI até o final do século XVIII, fazem parte de uma prática persistente das artes plásticas produzidas em Portugal.

12 Out a 18 Nov 2017
Com frequência em combinação com outras artes, os azulejos figurativos responderam ao propósito de dotar a arquitetura de discursos traduzidos em imagens, com mensagens explícitas, de conteúdo moral, religioso ou político. Como não poderia deixar de ser, essa atividade pictórica apoiou-se numa teoria artística com profundas raízes nas obras dos pensadores da época.
O curso “Azulejos e Arquitetura”, promovido pelo Museu de Lisboa, pretende dar a conhecer as formas de articulação desses discursos teóricos e artísticos, nos quais colaboraram diversos profissionais, entre mestres ladrilhadores, pintores, iconógrafos e arquitetos, responsáveis por uma grandiosa produção nas olarias da cidade.
Inscrições e informações:
Museu de Lisboa - Palácio Pimenta
Tel: 217 513 200 | e-mail: info@museudelisboa.pt
Nº total de horas: 15 horas
Propina: 40€ (inclui acesso à Quinta dos Azulejos)
Máximo 35 inscrições
50% - funcionários da CML e EGEAC; portadores do cartão ICOM;
estudantes universitários 25% - Grupo de Amigos do Museu Nacional do Azulejo
P R O G R A M A:
1 [12/10 - 18h] Introdução Como se articula um programa iconográfico realizado em azulejos? As contribuições dos arquitetos, teólogos, poetas, pintores e escultores na definição do discurso de imagens. Os exemplos do programa alegórico do teto de Fernão Gomes para o Hospital de Todos os Santos e da entrada régia de Felipe III de Espanha, em Lisboa, em 1619. Os emblemas e a pintura de brutescos. A teoria e a prática do poeta Francisco Leitão Ferreira nas festas do casamento de D. João V e D. Mariana de Áustria (1709). A ideia e a composição iconográfica nos textos de Cirilo Wolkmar Machado, Joaquim Machado de Castro e Manuel da Costa.
2 [19/10 - 18h] O que faz um pintor de azulejos? A estrutura da organização da produção de azulejos e as olarias da Madragoa e da Mouraria. A forma de colaboração entre os pintores, mestres oleiros e ladrilhadores. A contribuição dos arquitetos, pintores e iconógrafos na definição do programa de imagens. O estatuto social dos pintores de azulejo.
3 [26/10 - 18h] A festa e os programas iconográficos para jardins. As visitas régias às quintas de recreio da aristocracia foram acompanhadas pela celebração de faustosas festas e pela realização de extensos programas iconográficos nos jardins. As quintas dos Marqueses de Fronteira, em Benfica (c.1670), dos Azulejos, no Lumiar, de António Colaço Torres (1753), e a dos Senhores de Belas (1795). A genealogia e a justificação política do estatuto da nobreza. As galerias de retratos régios do Palácio Galveias (1799-1810) e do Paço Ducal de Vila Viçosa (1800-1810).
4 [02/11 - 18h] As crónicas religiosas, a hagiografia e a narrava histórica nos programas iconográficos Análise dos programas figurativos de carácter histórico expresso nos azulejos da igreja de São Vítor de Braga (1694), da igreja do convento de Nossa Senhora da Assunção de Arraiolos (1700) e do convento de São João Evangelista de Évora (1711). Comparação entre os programas da Portaria de São Vicente de Fora (1710) e da sala dos Reis do Mosteiro de Alcobaça (c.1760).
5 [09/11 - 18h] A matriz cristã e didática dos programas dedicados às Obras de Misericórdia e ao sacramento da Sagrada Eucaristia O arcebispo de Évora D. Frei Luís da Silva Teles e os azulejos para a igreja de Santiago de Évora (1699). A talha dourada, a pintura e os azulejos da igreja da Misericórdia de Évora (1710-1716). A metáfora poética e os emblemas nos programas marianos. Os emblemas nos azulejos da Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jesus (1710) e da Ermida de Nossa Senhora de Monserrate (1783).
6 [16/11 - 18h] O discurso pedagógico e científico dos jesuítas. Os azulejos da Aula da Esfera do colégio de Santo Antão e do Colégio do Espírito Santo de Évora (1744-1749) combinam um discurso de afirmação institucional com a divulgação de temas eruditos das aulas de teologia, matemática, latim, filosofia e retórica.
7 [18/11 - 15h] Visita guiada Quinta dos Azulejos, no Lumiar, de António Colaço Torres
CELSO MANGUCCI
Celso Mangucci nasceu em São Paulo e licenciou-se em Antropologia na Universidade de Campinas. Residente há muitos anos em Portugal, especializou-se na história da azulejaria portuguesa, com textos monográficos dedicados ao estudo da produção das olarias lisboetas, sobre o pintor de azulejo Valentim de Almeida e o mestre ladrilhador Bartolomeu Antunes. Colaborou com o Museu Nacional do Azulejo em exposições dedicadas à azulejaria do século XVII e à chinoiserie na cerâmica portuguesa, e com a Fundação Calouste Gulbenkian no projeto de reedição da Azulejaria em Portugal no século XVIII, de João Miguel dos Santos Simões. É investigador convidado do Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora e da Rede de Investigação em Azulejo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Prepara a sua tese de doutoramento sobre a azulejaria barroca dos colégios jesuítas, como bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.