Música
"Fantasminha" dos Clã está de volta ao Teatro Nacional São João
Depois de “assombrar” o Teatro Carlos Alberto no início do ano e outras salas de teatro do país – num total de mais de seis mil espectadores –, o “fantasminha” Luca avança para a sala principal do Teatro Nacional São João (TNSJ).

13 Dez a 22 Dez 2017
Fã é um “casamento feliz” entre Nuno Carinhas, diretor artístico do TNSJ e responsável pela encenação, e os Clã, que assinaram a banda sonora do espetáculo musical infantojuvenil. A produção própria do Teatro Nacional São João pode agora ser vista entre 13 e 22 de dezembro, antecipando o período natalício.
Antecipando a reposição de Fã, os Clã lançam agora um disco com o mesmo nome e que resulta do registo em estúdio da banda sonora original do musical. O espetáculo é dedicado ao imaginário de maiores de seis anos, mas “não causa urticária, nem mortal aborrecimento a pais, parentes, educadores, vizinhos, padrinhos, madrinhas e demais companheiros”. O novo CD tem o preço de 12 euros e está à venda a partir de hoje, 24 de novembro, nos locais habituais e também na loja do TNSJ.
Fantasma vaidoso apaixona-se por cantora assustada
Fã põe em movimento a história da cantora Sabina (interpretada por Maria Quintela) que está aterrorizada por se ir estrear no palco onde ensaia. Felizmente, a rapariga tem a ajuda da irmã “rockeira” Sara (Manuela Azevedo) e do diretor de cena Calu (Pedro Frias) que a ajudam a superar os medos e a ensinam que a beleza das coisas está na sua imperfeição. Para tornar a situação mais complicada, surge o “fantasminha” Luca (João Monteiro), órfão de pai e mãe, que vive escondido na teia e subpalco desse teatro e que acaba por se apaixonar pela cantora, pregando várias partidas para chamar a sua atenção.
Do libreto, criado por Regina Guimarães (que já vem trabalhando com os Clã, nomeadamente em Disco Voador), fazem parte canções como A Cantigante – sobre o prazer de cantar –, Ela Não Seria Ela – que aborda as peculiaridades de Sabina –, Super Superstição – que reflete sobre as várias formas de se interromper os azares que teimam em acontecer – ou No Baile das Bombalinas, uma homenagem ao universo do teatro. Ao todo, o espetáculo conta com oito músicas “rock’n’roll” originais compostas pelo guitarrista Hélder Gonçalves e interpretadas ao vivo pelos Clã e pelos três atores.
O espetáculo apresenta-se assim como uma oportunidade dos “Super Novos” e dos “Nunca Irremediavelmente Adultos” aprenderem mais sobre o amor e sobre essa “casa muito grande” e “máquina de prestidigitação” que é um teatro, onde as bonecas são feitas de som e onde “a luz tem a sua mesa / a cena tem uma boca”. Fã consegue, segundo Regina Guimarães, percorrer um fio narrativo que junta o teatro, com a música e dança; a palavra, com o canto e o som criador de paisagens emocionais; e o lendário com o histórico e o avesso do cenário. É um espetáculo que reflete sobre os nossos medos do escuro e as nossas descobertas da luz e aborda coisas sérias, “porventura graves, escorraçando coelhinhos castos e ursos vegetarianos”.
Vamos brincar com fantasmas?
Para além disso, Fã brinca com a cultura popular, assumindo-se o Fantasma da Ópera – história de amor entre um espectro e uma jovem cantora – como a obra de inspiração para a criação de Luca. No entanto, outras lendas e contos estiveram também presentes na “órbitra” do enredo do espetáculo, como é o caso dos irrequietos Poltergeists, o Holandês Voador – um lendário barco que voga e vogará pelos mares até ao fim dos tempos, sem poder aportar – ou ainda a Vénus D’ille, uma estátua preta com olhos brancos e expressão feroz que é desenterrada por arqueólogos e se torna perigosa para os homens que ofendem o Amor.
Paralelamente à encenação, Nuno Carinhas assume ainda os figurinos e a cenografia do espetáculo e é acompanhado por Victor Hugo Pontes (responsável de movimento), Wilma Moutinho (desenho de luz) e Nélson Carvalho (desenho de som). O espetáculo pode ser visto quarta e sábado, às 19h00, quinta e sexta-feira, às 15h00 e às 21h00, e domingo, às 16h00. No dia 22 de dezembro está agendada uma Sessão Descontraída para as crianças com défice de atenção, pessoas com deficiência intelectual, com condições do espectro do autismo ou com qualquer deficiência sensorial, social ou de comunicação, entre outras. O preço dos bilhetes varia entre 7,50 e os 16 euros para os adultos e é de cinco euros para as crianças. Além dos descontos habituais, nas sessões de quarta e domingo há desconto de 50 por cento para famílias, no mínimo de quatro elementos.