Programa contempla quatro iniciativas 

Considerado o primeiro grande dramaturgo português, Gil Vicente não é um autor estranho nos palcos do Teatro Nacional São João (TNSJ). Lembre-se, por exemplo, os espetáculos de sucesso como A Tragicomédia de Dom Duardos (1996, enc. Ricardo Pais), Breve Sumário da História de Deus (2009, enc. Nuno Carinhas) ou Alma (2012, enc. Nuno Carinhas). O poeta regressa agora aos espaços do TNSJ, desta feita num programa que contempla quatro iniciativas – um atelier, uma conferência, um espetáculo e uma oficina – que decorrem entre 6 e 21 de janeiro.

Atelier 50 – Barcas de Gil Vicente reúne cinquenta pessoas para uma leitura encenada da chamada “trilogia das Barcas”: Inferno, Purgatório e Glória, autos que o dramaturgo apresentou na corte de D. Manuel I entre 1517 e 1519 e que representam o ponto culminante do teatro religioso vicentino e o ponto cimeiro da alegoria sagrada do teatro europeu do século XVI. A iniciativa é orientada por Nuno Carinhas, diretor artístico do TNSJ, e Nuno M Cardoso e é uma ação de envolvimento da comunidade no universo teatral. Decorre a 6 de janeiro, no Teatro Carlos Alberto (TeCA), entre as 10h00 e as 13h00 e entre as 14h30 e as 17h30, sendo de entrada gratuita.

Gil Vicente no “seu” tempo e no “nosso” tempo

Segue-se uma conferência de José Augusto Cardoso Bernardes, um dos mais destacados e originais vicentistas, diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e autor de Gil Vicente ou Sátira ede dois volumes de Lirismo no Teatro de Gil Vicente. Destinada ao público em geral e a professores e estudantes do terceiro ciclo do ensino básico e secundário, a iniciativa Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo tem entrada gratuita. Acontece no TeCA, a 15 de janeiro, às 21h00, antecipando a apresentação da Embarcação do Inferno.

500 anos de Embarcação do Inferno

Já entre 17 e 21 de janeiro, o TeCA recebe uma criação d’A Escola da Noite de Coimbra e o Cendrev de Évora – Embarcação do Inferno, o mais estudado auto do Livro das Obras e também o ponto alto do teatro europeu do final da Idade Média. Numa encenação de António Augusto Barros e José Russo, recupera-se um texto de 500 anos para se refletir sobre os tempos atuais, em que vigoram os conceitos de “pós-verdade”. O espetáculo é composto por oito atores e por bonecos criados por Ana Rosa Assunção. Está em cena na quarta-feira, às 21h00; na quinta e sexta-feira, às 15h00 e às 21h00; no sábado, às 19h00; e no domingo, às 16h00. O preço dos bilhetes é de 10 euros e, no último dia, está agendada uma sessão com tradução em Língua Gestual Portuguesa (LGP).

Património vicentino apresentado à comunidade escolar

No dia 20 de janeiro, desta feita no Teatro Nacional São João, os encenadores de Embarcação do Inferno orientam uma oficina, pondo em evidência o trabalho que têm vindo a desenvolver em torno do património vicentino com as comunidades escolares das suas cidades e regiões. A formação tem como objetivo a partilha de algumas ferramentas de trabalho teatral que possam auxiliar os professores na sala de aula no ensino de teatro e, em particular, do Auto da Barca do Inferno. A inscrição tem o custo de 10 euros, incluindo um bilhete para a estreia do espetáculo, e a iniciativa decorre entre as 11h00 e as 13h00 e entre as 14h30 e as 17h30. Informações disponíveis através do número 223 401 956 ou do e-mail oficinas@tnsj.pt.