Ópera
Teatro Nacional de São Carlos apresenta a ópera "I Capuleti e i Montecchi"
A tragédia dos amantes de Verona sobe ao palco do Teatro Nacional de São Carlos, numa aclamada produção do Teatro La Fenice de Veneza que tem viajado por muitos teatros líricos da Europa.
14 Abr a 22 Abr 2018
Mihaela Marcu e Alessandra Volpe interpretam os papéis principais, Arnaud Bernard é o encenador e Giampaolo Bisanti assume a direção musical, regressando a São Carlos depois de Messa da Requiem de Verdi em 2016 e de Anna Bolena de Donizetti em 2017.
Ópera em dois atos com libreto de Felice Romani, I Capuleti e i Montecchi não se baseia na versão de Romeu e Julieta de William Shakespeare mas sim numa história italiana da Renascença à qual o próprio bardo inglês recorreu. Mais compacta, a obra de Vincenzo Bellini acompanha as últimas 24 horas dos jovens amantes que o confronto familiar e político entre Capuletos e Montéquios separou, evocando a sua melancolia e desespero em belíssimas árias de grande virtuosismo vocal como a célebre "Oh, quante volte".
I Capuleti e i Montecchi estreou em 1830 no Carnaval de Veneza - no mesmo Teatro que agora traz esta produção a São Carlos - e foi um dos grandes sucessos de Bellini. O desditoso romance de Romeu e Julieta foi o veículo ideal não só para alguma da mais terna e comovente música por ele composta, com linhas melódicas finamente ornamentadas e amplo uso expressivo da voz, mas também para momentos de grande dinamismo e coros triunfais de popularidade garantida. Então com 29 anos de idade, Bellini revelava já um apurado instinto dramático e musical que floresceria em La sonnambula,Norma e I Puritani, obras posteriores que cimentariam o seu lugar no panteão do bel canto, ao lado de Rossini e Donizetti.
Os sumptuosos cenários de Alessandro Camera e os elegantes figurinos de Carla Ricotti dão um espírito de época à produção de Arnaud Bernard, que situa I Capuleti e i Montecchi num museu em obras. Quadros literais e figurativos vão-se revelando e ganhando vida à medida que a ação decorre, culminando num final memorável. As jovens Mihaela Marcu e Alessandra Volpe, que têm construído as suas reputações internacionais com papéis como Julieta e Romeu, são acompanhadas em palco por Davide Giuisti (Tebaldo), Christian Luján (Lorenzo), o veterano português Luís Rodrigues (Capellio) e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, enquanto Giampaolo Bisanti dirige a Orquestra Sinfónica Portuguesa.
O musicólogo Alexandre Delgado fará uma breve apresentação de I Capuleti e i Montecchi no Salão Nobre 30 minutos antes de cada récita. A entrada é livre mediante apresentação de bilhete para a ópera.
Sinopse
ATO I
Verona, século XIII. Ao nascer do dia, os partidártios de Capellio, chefe dos Capuleti, reúnem-se no seu palácio. O ódio ancestral que opõe as famílias veronesas dos Capuleti e dos Montecchi conhece novo capítulo desde que Romeo, chefe dos Montecchi, matou em combate o filho de Capellio. Apesar de circunstâncias tão funestas, Romeo conseguiu conquistar o coração de Giulietta, a filha de Capellio. Mas a mão de Giulietta foi entretanto prometida a Tebaldo, homem de confiança dos Capuleti. Tebaldo e todos os Capuleti juram vingar a morte do filho de Capellio e de provocar a queda dos Montecchi. Um emissário dos Montecchi – afinal Romeo disfarçado – vem propor a paz e sugere reconciliar as duas famílias casando Giulietta com Romeo. Capellio recusa. Insiste em exigir vingança e apresenta Tebaldo como seu futuro genro. Romeo fica horrorizado ao descobrir que tem um rival. Giulietta anseia por Romeo e não consegue suportar a ideia do seu iminente casamento com Tebaldo. Eis que chega Lorenzo, médico e servidor de Capellio que tem uma surpresa para ela: conseguiu que Romeo viesse disfarçado ter com ela e fazê-lo entrar por uma porta secreta. Romeo tenta persuadir Giulietta de fugir com ele, mas sem sucesso. Dividida entre o amor e o sentido do dever, ela teme perder a sua honra. No palácio de Capellio, os convidados chegam para festejar as bodas de Tebaldo e de Giulietta. Romeo, disfarçado de Guelfo, entra com Lorenzo e revela-lhe que, durante os festejos, os Montecchi vão atacar de surpresa os Capuleti. Com efeito, uma violenta batalha não tarda a acontecer. Uma vez restabelecida a calma, Giulietta agradece ao destino por interrompido o seu casamento com Tebaldo; mas está preocupada com Romeo que, entretanto, aparece e volta a suplicar-lhe que fuja com ele. São interrompidos por Capellio, Tebaldo, Lorenzo e pelos soldados dos Capuleti que perseguem os partidários dos Montecchi. Tebaldo reconhece Romeo como sendo o emissário que veio propor a paz. Todavia, a situação só fica verdadeiramente esclarecida quando Romeo afirma ser seu rival, que Giulietta o ama e que os Montecchi chegarão para socorrer o seu chefe. As duas fações ficam firmemente decididas a retomar a luta. Romeo e Giulietta ficam consternados.
ATO II
Nos seus aposentos, Giulietta espera ansiosamente o resultado dos combates. Lorenzo vem informá-la que Romeo está em segurança, propondo-lhe depois um audacioso estratagema para facilitar a sua fuga: beber uma poção que a mergulhará num sono aparentemente mortal. Depois, ela será transportada para a cripta da família dos Capuleti. Lorenzo assegura à jovem que Romeo e ele mesmo estarão presentes quando ela despertar. Decidida a tentar tudo por tudo, Giulietta bebe a poção no preciso instante em que seu pai entra para lhe dizer que se prepare para ser a esposa de Tebaldo. Já quase inconsciente, pede ao pai que a perdoe, afirmando que em breve morrerá. Capellio ignora o que a filha lhe diz e despede-se. Capellio, agora desconfiado de Lorenzo, ordena a sua detenção para que ele não possa informar Romeo da pretensa morte de Giulietta. Romeo tenta desesperadamente entrar no palácio para se encontrar, tal como previsto, com Lorenzo, mas depara-se com Tebaldo. Os dois homens trocam insultos e preparam-se para duelar. Eis senão quando ouvem os lamentos devido à morte de Giulietta. Ao verem o cortejo fúnebre, os dois rivais, aterrados, depõem as armas. Escoltado pelos seus fiéis seguidores, Romeo entra no recinto onde se encontra a cripta dos Capuleti. Pede aos seus amigos que abram o caixão de Giulietta, esperando poder contemplar a sua bem-amada pela última vez. Desesperado, suplica que o deixem sozinho entregue à sua dor, e bebe veneno para se reunir a Giulietta na morte. Pouco depois, a jovem desperta do seu sono profundo e revela a Romeo o estratagema. Mas é tarde demais. Romeo morre e Giulietta, despedaçada pela dor, cai inanimada sobre o corpo do seu amado. Capellio e os seus partidários surpreenderam os companheiros de Romeo e perseguiram-nos até à cripta. Eis que chega Lorenzo. Horrorizados, todos descobrem o sucedido.
Biografias
Giampaolo Bisanti
Direção Musical
Natural de Milão, estudou direção de orquestra, clarinete, piano e composição no Conservatório Giuseppe Verdi daquela cidade. Foi premiado por diversas vezes em concursos internacionais de direção musical tais como o Dimitris Mitropolous, em Atenas, em que o Presidente do Júri foi Sir Neville Marriner. Nas últimas temporadas tem-se destacado como um dos mais notáveis e reconhecidos maestros da sua geração. É regularmente convidado por alguns dos mais prestigiantes teatros de ópera do mundo como a Deutsche Oper Berlin, a Ópera de Zurique, a Semperoper Dresden, o Teatro La Fenice, o Maggio Musicale Fiorentino, o Liceu de Barcelona, o New National Theatre em Tóquio, a Wien Staatsoper, entre outros. É, desde novembro de 2016, maestro principal no Teatro Petruzzelli de Bari.
Arnaud Bernard
Encenação
Iniciou os seus estudos de violino aos seis anos de idade, tendo ingressado no Conservatório Nacional de Estrasburgo aos 17, onde concluiu diversas disciplinas como violino, orquestra e análise. Posteriormente, foi contratado como violinista da Orquestra Filarmónia de Estrasburgo em 1986 e 1987. Em 1988, tornou-se assistente do renomado encenador Nicolas Jöel. Simultaneamente, foi assistente de Jean-Claude Auvray em digressões em França e na Alemanha. Foi o encenador mais novo a encenar uma produção na Arena de Verona. Mais recentemente, encenou La fanciulla del West em Zagreb e Otello no Teatro Bolshoi em Moscovo. De compromissos futuros destacam-se Simon Boccanegra na Opéra de Lausanne, Rigoletto na Fondazione Petruzzelli em Bari e La Dame de Pique na Norwegian National Opera em Oslo. Foi nomeado nove vezes para os The Golden Masks em Moscovo por La Juive e La bohème. A sua encenação de Roméo et Juliette recebeu outras quatro nomeações.
Mihaela Marcu
Giulietta
A jovem soprano de nacionalidade romena iniciou a sua carreira no coro e em concertos na Timisoara National Opera, tendo vindo a concluir os seus estudos na CEE Musiktheater Academy de Viena. É, desde 2009, solista na Timisoara National Opera, onde se estreou em papéis como Lauretta em Gianni Schicchi, Musetta e Mimì em La bohème, Micaela em Carmen, Hanna Glavary em Die lustige Witwe e Rosalinde em Die Fledermaus. Em 2011, estreia-se com êxito nos papéis de Violetta em La traviata e Donna Anna em Don Giovanni. Dos seus compromissos recentes e futuros destacam-se Giulietta em I Capuleti e i Montecchi numa digressão a Omã com o Teatro Filarmónico de Verona, La traviata em Marselha, Musetta em La bohème nas Termas de Caracalla em Roma, Giulietta em I Capuleti e i Montecchi e Adina em L’elisir d’amore no Teatro La Fenice, Anna Glavary em Die lustige Witwe em Cagliari, Musetta em La bohème em São Paulo e Gilda em Rigoletto em Nice.
Alessandra Volpe
Romeo
Terminou com distinção os cursos de canto e piano no Conservatório de Bari. Foi convidada pela Accademia Nazionale di Santa Cecília, em Roma, para cantar na ópera Norma e pelo Teatro alla Scala para Die lustige Witwe. Já cantou em Rusalka em Glyndebourne Opera Festival e interpretou Hedwige em Guillaume Tell no Festival Rossini de Wildbad. Estreou-se em Carmen no Canadá, na Welsh National Opera de Cardiff, na Ópera de Zurique e na Den Norse Opera & Ballet numa produção do famoso encenador Calixto Bieito. Como Fenena em Nabucco, estreou-se na Opera de Tenerife e na Opera de Oviedo. Nas últimas temporadas interpretou Donna Elvira em Don Giovanni, Giovanna Seymour em Anna Bolena, Adalgisa em Norma no Theater St. Gallen e Maddalena em Rigoletto (Oviedo). Em 2017, estreou-se como Amneris em Aida (Bari), no papel titular de Margherita de J. Foroni no Wexford Opera Festival e como Cesira em La Ciociara de Marco Tutino no Teatro Lírico de Cagliari.
Ficha Artística
I Capuleti e i Montecchi
de Vincenzo Bellini {1801-1835}
Ópera em dois atos com libreto de Felice Romani {1788-1865}
Teatro Nacional de São Carlos
14, 16, 18 e 20 de abril às 20h, 22 de abril às 16h
Direção Musical Giampaolo Bisanti
Encenação Arnaud Bernard
Cenografia Alessandro Camera
Figurinos Carla Ricotti
Desenho de Luz Stella Kaltsou
Giulietta Mihaela Marcu
Romeo Alessandra Volpe
Tebaldo Davide Giusti
Capellio Luís Rodrigues
Lorenzo Christian Luján
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Maestro Titular Giovanni Andreoli
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Maestrina Titular Joana Carneiro
Produção Arena di Verona, Teatro La Fenice
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