"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Portugal no Mundo

Portugal no Mundo: Quioto

País: Japão

Interior do templo Myoho-in (foto Helena Serra) Sino no templo Myoho-in (foto Helena Serra) Jardim do templo Myoho-in (foto Helena Serra) Fosso do Palácio Nijo-jo (foto Helena Serra) Entrada do Palácio Nijo-jo (foto Helena Serra) Palácio Nijo-jo (foto Helena Serra) Jardim do Palácio Nijo-jo (foto Helena Serra)
Tipo de Património
Portugal no Mundo
Valor patrimonial
Valor Histórico
Descrição

S. Francisco Xavier foi o primeiro europeu a visitar a cidade no inverno de 1551, onde chegou a 13 de janeiro. O seu propósito era obter autorização do imperador para pregar o evangelho e estabelecer na capital uma igreja em louvor de Nossa Senhora. Na impossibilidade de se avistar com o imperador, Xavier não se demorou em Quioto mais do que onze dias.
 
Em 1559 Gaspar Vilela foi a Miaco, embora também sem sucesso. Seria mais tarde Luís Fróis a estabelecer a comunidade jesuíta na capital. A desejada igreja da Assunção de Nossa Senhora seria então magnificamente erguida com grande oposição dos bonzos budistas mas com todo o apoio de Nobunaga e das autoridades que facilitaram o terreno e isenção de impostos nos materiais. A construção durou mais de um ano e empregou mais de setecentos operários sob a supervisão de Organtino. O artista Kano Motohide representou o templo, ao estilo japonês, num leque que hoje está no Museu Municipal de Cobe. A igreja era de facto, como então se objetava, tão alta que dela se avistavam as propriedades vizinhas. A igreja que ficou conhecida por Namban-ji ou templo Namban foi inaugurada no Natal de 1576 mas já a 15 de agosto desse ano tinha sido aí rezada a primeira missa.

O templo Myoho-in guarda ainda hoje o sino de metal que foi da igreja da Assunção de Nossa Senhora e ostenta o monograma JHS e a data de 1577. O mesmo templo guarda entre outras preciosidades a carta que o Vice Rei da Índia, D. Duarte de Menezes, dirigiu a Toyotomi Hideyoshi em 1587 e que é o único documento que se conheça, trocado entre o representante da coroa de Portugal e o dirigente japonês. Serviu esta missiva na época para atenuar a perseguição que então Hideyoishi levantara contra os cristãos, circunstância que foi profundamente analisada pelo prof. Koichiro Takase num excelente estudo publicado em 1995 para a Fundação Cidade de Lisboa a pedido da Embaixada de Portugal no Japão.

Foi Quioto o centro cultural do Japão aí se concentrando os artistas que trabalhavam para os abastados bonzos, para o xogun e também para o imperador. Foi em Miaco que se estabeleceu a famosa escola de Kano, várias gerações de artistas pintores, autores dos mais belos e famosos biombos ditos namban, como os que pertencem ao Museu Nacional de Arte Antiga, mas também das pinturas que ornamentam o castelo, ou palácio Nijo-jo em Quioto. Construído em 1603 por Ieyasu, esta soberba residência assistiu ao último período da presença portuguesa no Japão e decerto aos dramas da perseguição.         

Ligado ao Japão ancestral, Quioto continua a ser o centro das artes e ofícios tradicionais como a arte do chá e aqui se instalam as principais escolas. Também por isso, a cidade preserva a tradicional doçaria japonesa, muitas vezes ligada à cerimónia do chá, e com ela algumas receitas introduzidas pelos portugueses como os fios de ovos ainda hoje confecionados em Quioto e vendidos em todo o Japão. De excelente qualidade, irrepreensivelmente embalados, os queiran somen japoneses são parentes dos fios de ovos que se comem na Tailândia e vale a pena contar a história. Uma das mais importantes heranças dos portugueses no Japão foi no campo da gastronomia e doçaria. Especialmente as famílias cristãs optaram pelas receitas portuguesas que confecionavam diariamente. Quando foram expulsos os cristãos, alguns deles para o Sudoeste Asiático, levaram consigo os hábitos alimentares e as suas tradições familiares.  Uma dessas cristãs foi Dª. Guiomar de Pina, luso descendente que na Tailândia veio a casar com um grego, Falcão, que chegou a primeiro ministro. Quando o governo deste caiu e Falcão foi morto, Dª. Guiomar foi servir no palácio real onde acabou por introduzir algumas receitas portuguesas como os foi tong, fios de ovos portugueses reexportados do Japão e que hoje são o doce tradicional da Tailândia.
 
Portugal contemporâneo está representado em Quioto num painel que José de Guimarães concebeu para a moderna estação de caminhos de ferro e que facilmente se identifica no átrio principal pela jovem que bebe cerveja.

A língua portuguesa é ensinada em várias universidades de Quioto, sendo que o Departamento de Estudos Luso Brasileiros da Universidade de Estudos Estrangeiros de Quioto confere licenciatura em português desde 1967.  É aliás esta universidade um centro lusófono na medida em que, para além do suporte que dá ao ensino da língua, realiza anualmente o Concurso de Eloquência em Português para Estudantes Universitários Japoneses e organiza iniciativas de promoção da cultura, tornando-se desta forma razão da visita obrigatória das autoridades portuguesas quando de passagem pela cidade.

A cultura portuguesa tem sido divulgada em Quioto através de diversas iniciativas como as exposições “Via Orientalis” (1993), “Perfis de Portugal por Sumiko” (1993), “Camões” (1998), “Peregrinação” coletiva de artistas portugueses (1998), “O Descobrimento do Brasil” (2000), “Eça de Queiroz entre Milénios” (2001), “A Arte da Azulejaria em Portugal” (2002), e “Saramago” (2002) sendo a mais relevante de todas a apresentação em 1999 da exposição “Esplendores de Portugal”, no Museu Municipal da cidade e as viagens do Centro Nacional de Cultura (1992 e 2010).
 
Portugal tem também um Cônsul Honorário nesta cidade desde 1930.
Núcleos mais importantes
Fonte de informação
Centro Nacional de Cultura
Bibliografia
CARVALHO, Eduardo Kol de - Portugal e o Mundo: o Futuro do Passado – 4. Japão, CNC, 2003 (com o apoio do Instituto Portugês de Apoio ao Desenvolvimento - IPAD)
Data de atualização
09/11/2020
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