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Património Material

Sé Catedral de Lisboa

Distrito: Lisboa
Concelho: Lisboa

Sé Catedral de Lisboa Sé Catedral de Lisboa [deambulatório] Sé Catedral de Lisboa [Orgão] Sé Catedral de Lisboa [Abóbada]
Tipo de Património
Património Material
Classificação
Monumento Nacional
Proteção Jurídica
Decreto de 10-1-1907, publicado a 17-1-1907; Decreto de 16-6-1910; Z.E.P., D.G., 2ª Série, nº 213 de 11-9-1961
Identificação Patrimonial
Monumento/Edifício
Época(s) Dominante(s)
Medieval
Estilo(s)
A Sé de hoje é uma mistura de estilos
Uso atual
Igreja Paroquial
Proprietário/Instituições responsáveis
Patriarcado de Lisboa
Descrição


A Sé Patriarcal de Lisboa, ou Basílica de Santa Maria Maior, um dos monumentos medievais mais antigos de Lisboa, data da 2ª metade do séc. XII. Construída no reinado de D. Afonso Henriques, após a tomada de Lisboa aos mouros, situava-se dentro da Cerca Moura. Durante a Idade Média a Sé funcionou como um pólo de fixação religiosa, cívica e cultural. No adro e por vezes no seu interior funcionaram as reuniões dos homens-bons da assembleia municipal. Anexa, existia a Escola da Sé, que foi frequentada por Fernando de Bulhões, futuro Santo António. O Paço Episcopal situava-se no Claustro da Sé, junto ao Beco do Quebra-Costas.

Após 1755 a Sé deixou de servir de assento à diocese, dado que o Terramoto, a que se seguiu forte incêndio, destruiu grande parte da torre sul da fachada, da torre sineira do cruzeiro, e da talha no interior do templo. O desmoronar das torres arrastou consigo a derrocada da abóbada de cantaria da nave central e da capela-mor. Em 1777 iniciou-se uma rápida e pouco cuidada reconstrução da Sé, e só em 1940 foi reconstruída a abóbada de berço idêntica à original.

A Sé pela sua história apresenta marcas das alterações que sucessivamente lhe foram feitas. Podem-se observar duas fases construtivas fundamentais: a românica e a gótica. Desconhece-se o autor do projeto, mas supõe-se que tenha sido um monge estrangeiro uma vez que a primeira fase da arquitetura apresenta afinidades com a escola românica da Borgonha e da Normandia.

A fachada principal apesar de ter sofrido alterações acusa uma estrutura românica: tem duas torres , rosácea e merlões (reconstruções do séc. XX). O portal românico recolhido ao fundo da galilé, mostra arquivoltas semicirculares que assentam em colunelos reentrantes, deixando ver capitéis com relevos de motivos vegetalistas, geométricos e antropomórficos. O corpo da igreja é de planta em cruz latina, com três naves axiais cobertas por abóbadas de aresta em tijolo. Os capitéis do núcleo cruciforme são despojados de qualquer decoração escultórica.

A primitiva planta apresentava uma composição românica na cabeceira até ao séc. XIV, com ábside e dois absidíolos laterais menores e paralelos, de contorno exterior semicircular. Desta estrutura original restam vestígios bem desenhados nas faces interiores e exteriores do transepto, os quais nos mostram que os primitivos absidíolos eram consideravelmente mais elevados que a atual charola. Os anexos adossados exteriormente à sua fachada norte, entre o braço do transepto e o portal lateral, são do período de transição romano-gótica (finais do séc. XII ou princípios do séc. XIII); constituem um acrescento precoce à primitiva estrutura da qual se distingue por uma fenestração já ampla e delicadamente moldurada.

O terceiro período construtivo, entre 1279 e 1325, é representado essencialmente pelo claustro e suas galerias, sendo de salientar os pormenores fantásticos dos baixos relevos nos capitéis. No entanto, só as galerias claustrais térreas foram construídas nessa altura, sendo o andar superior um acrescento bastante mais tardio, supondo-se que tenham feito parte de outro edifício e, posteriormente, trazidos e adaptados à Sé (no período renascentista). O claustro é, por isso, um belo exemplo da fase inicial do gótico português, ainda não totalmente liberto da volumetria, robustez e proporções românicas.

Nas capelas do claustro encontra-se uma grande variedade de peças de escultura tumular e lapidar medieval, sendo também ricas de elementos renascentistas e barrocos provenientes de posteriores alterações. Das arcas tumulares merece especial referência a: de D. Margarida Albernaz (do séc. XIV) por ter estátua jacente e apresentar flancos armoriados, e a de D. João Anes , primeiro arcebispo de Lisboa, ( início do séc. XV). Do mesmo período, anexa ao flanco norte e adossada à torre da fachada está a capela de São Bartolomeu (do nome de Bartolomeu Joanes, seu fundador falecido em 1324 e que aqui tem o seu túmulo). Esta interessante capela tem janelões mainelados, abobadas artesoadas, e arcos ogivados, caractetísticas do estilo gótico.

A fase de maiores transformações foi a de 1325 a 1357 com a construção da nova cabeceira gótica, para substituir a primeira que supostamente foi destruída ou fortemente danificada pelo terramoto de 1344.

As novas obras feitas na capela-mor durante o reinado de D. João I devem ter sido também consequência de danos sísmicos (na segunda metade do séc. XIV ou inícios do séc. XV). A estrutura da nova cabeceira chegou até aos nossos dias apresentando uma capela-mor de ábside poligonal rodeada por um deambulatório para o qual abrem nove capelas radiantes mais baixas que permitem a iluminação direta da charola. As capelas têm planta quadrada fechada por ábside poligonal. No âmbito nacional a Sé é a única catedral medieval que apresenta uma cabeceira com estas características.

O interior da capela-mor perdeu grande parte do seu aspeto gótico devido às alterações feitas durante o período barroco e neoclássico, introduzidas após o terramoto de 1755. Apesar de tudo o deambulatório e as capelas radiantes apresentam quase intacto o seu aspeto primitivo, não tendo sofrido com as alterações da 2ª metade do séc. XVIII nem com os restauros feitos no séc. XX. A cabeceira apresenta exteriormente grande leveza estrutural e interiormente constatam-se características arcaizantes do gótico afonsino. Os arcos das abóbadas artesoadas do deambulatório e das capelas são disso exemplo, contendo capitéis com motivos vegetalistas, típicos dessa época.


Azulejos com a representação de Santo António de Pádua

As capelas radiantes à cabeceira estão despojadas de decoração, mas outrora, estavam decoradas com aplicações de talha, azulejaria e várias peças escultóricas, assim como de retábulos, construções tumulares e alfaias litúrgicas. Em 1755 perderam-se os primitivos túmulos de D. Afonso IV e de sua esposa, restando unicamente algumas peças sepulcrais de grande valor artístico, testemunhas da beleza estatuária tumular trecentista da oficina da Sé. A estes túmulos juntam-se outros de valor: da Infanta D. Beatriz (neta de D. Afonso IV), de Lopo Fernandes Pacheco (fidalgo valido de D. Afonso IV) e de sua mulher. Estes túmulos apresentam semelhanças ao de Bartolomeu Joanes por possuirem também eles um estilo austero na representação do defunto. 

Morada
Largo da Sé
1100-585 Lisboa
Telefone
+351 218 866 752
Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Bibliografia
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.

MOITA, Irisalva, O livro de Lisboa , Livros Horizonte, Lisboa, 1994

Data de atualização
27/09/2023
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