Matosinhos cidade de cultura 

Matosinhos destaca-se, na Área Metropolitana do Porto, pela coerência e sistematicidade da sua programação cultural. Uma política cultural local, aliás, deve primar pela estruturação de actividades perenes e não apenas pelo espectáculo ou pelos eventos de cariz efémero. Além do mais, importa ter em conta, igualmente, as linhas de força da programação dos concelhos metropolitanos, de forma a evitar duplicações desnecessárias.
Existem duas áreas estratégicas da programação cultural: a aposta na música e nas artes plásticas.

Na primeira, destacam-se ciclos temáticos de relevância nacional, como é o caso dos Grandes Momentos da Música de Tecla e os Grandes Momentos da Música de Câmara, a par do ciclo Vozes. Trata-se, reconhecidamente, de iniciativas que recrutam a excelência dos intérpretes nacionais, merecendo, igualmente, o reconhecimento e a consagração da crítica especializada, ao mesmo tempo que recebem públicos cada vez mais fidelizados e alargados. Simultaneamente, criam-se ocasiões especiais de homenagem a grandes compositores, promovendo a audição integral das suas obras.
De referir, ainda, que a autarquia aposta, também, na formação de públicos para o jazz, tendo já conquistado lugar de relevo o Festival Internacional de Jazz nos mais consagrados circuitos de itinerância.

Nas artes plásticas, a diversidade impõe-se, quer destacando artistas de âmbito local (como Augusto Gomes), quer promovendo exposições de grandes mestres de âmbito nacional (Júlio Resende, Álvaro Siza, Abel Salazar...), ao mesmo tempo que se estimula a difusão de trabalhos das mais diferentes áreas de expressão, como a fotografia, a escultura , a arquitectura. o design e o artesanato.

Uma outra linha estratégica de actuação prende-se com a preservação e dignificação da memória local, tornando-a presença activa no imaginário dos matosinhenses e não mera referência "museológica". Assim, existe uma vasta linha editorial que contribui para o conhecimento das descobertas arqueológicas locais, das referências cruciais da evolução histórica e das lendas, mitos e narrativas que atravessam o tecido simbólico do concelho.

No entanto, o "bairrismo" de fechamento não impera na política cultural local. Não raras vezes se promovem e apoiam jornadas de reflexão promovidas por instituições sediadas fora do concelho, daí resultando edições de reconhecida qualidade (caso dos estudos de homenagem a Óscar Lopes) ou conferências com ilustres convidados das mais variadas proveniências territoriais e ideológicas.

Finalmente, a cultura é também produção de ocasiões, festa e animação, quer a propósito de efemérides (25 de Abril, por exemplo...), quer ainda associando-se a datas religiosas (Senhor de Matosinhos), quer, também, vivificando o amplo espaço público (ruas, praças, jardins...).