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CAPELA DAS ALBERTAS

Absorvida pelo corpo mais recente do museu e integrada no circuito da visita, a capela das Albertas conjuga talha e azulejo, revelando-se como um exemplar assinalável desta combinatória que o barroco português explorou de modo singular.

Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga

Capela das Albertas
Encerrada para obras de conservação e restauro

A edificação da capela do convento de Santo Alberto remonta a finais do século XVI, quando quatro monjas espanholas chegaram a Lisboa, em 1584, para fundar um cenóbio que observasse o rigor das disposições que Teresa de Ávila imprimiu à primitiva regra carmelita. Foi sua fundadora a Madre Maria de San José, prioresa do convento de San José de Sevilha, cuja biografia nos dá Frei Belchior de Santa Ana na Chronica de Carmelitas Descalços, 1657.

Para além do culto a Santo Alberto, o facto do cardeal Alberto ter patrocinado o levantamento da igreja e de a dotar de muitas alfaias religiosas, estará na origem da denominação que veio a adotar.

Absorvida pelo corpo mais recente do museu e integrada no circuito da visita, a capela das Albertas conjuga talha e azulejo, revelando-se como um exemplar assinalável desta combinatória que o barroco português explorou de modo singular.

A talha afirma-se através de gramáticas decorativas que se aliam pelo desenvolvimento contido dos seus elementos. No essencial, exprime-se pelos enrolamentos de acantos ‘gordos’ que se expandem pela nave e capelas laterais, e pela capela-mor onde as colunas torsas dos altares exprimem bem a época de D. João V, de particular efeito no altar-mor onde se verifica já a assimilação de motivos Rocócó.

O azulejo progride em composições ornamentais ou figurativas e em padrões geométricos ou decorativos do século XVIII. Descobrem-se, todavia, fabricos mais recuados. Na primeira capela do lado esquerdo, do Santo Cristo da Fala, que lhe dá o nome, mandada erguer, em 1597, pelo padre Diogo Fernandes, capelão-cantor da casa real e muito devoto do convento de Santo Alberto, encontramos o frontal de altar de final do século XVI, característico de Talavera, ou os painéis de Gabriel del Barco, datáveis de c. 1670, que desenvolvem uma narrativa em torno do ciclo espiritual carmelita. É ainda nesta capela que se localiza outra exceção ao programa global setecentista, como o comprova o retábulo maneirista, talha e pintura de finais do século XVI.

Na imaginária e na pintura integrantes da estrutura retabular reconhecemos Santa Teresa de Ávila e Santo Alberto em duas esculturas do altar-mor, e Santa Teresa, de novo, numa das pinturas que ladeiam a janela do coro-alto de onde, recolhidas atrás das grades, as irmãs seguiam as horas e os ofícios religiosos.

Uma atmosfera que funde o ouro da talha e o brilho dos azulejos paira por entre o delicado equilíbrio deste espaço que ainda hoje mantém a carga religiosa, origem da sua existência e que se afirma, enquanto unidade espacial integrada, como a mais antiga e autêntica memória do edifício do museu.

No exterior do edifício, alinhado na rua das Janelas Verdes, pode ver-se o belo portal proto-barroco com a inscrição “este convento de Santo Alberto é das freiras descalças de Nossa Senhora do Carmo”.


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