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Roteiros

Trilhos das Jans, em Nisa

Percurso Pedestre de Nisa, com início em Amieira, freguesia anterior à fundação do país e uma das doze vilas da Ordem de Malta. 

Acesso: NISA > EN 364 > AREZ > EM 528 > AMIEIRA DO TEJO
Grau de dificuldade: MÉDIO
Extensão: 12,6 KM

Atravesse as estreitas ruas de calçada de pedra, espreite as arcadas dos antigos Paços do Concelho e suba ao castelo medieval para contemplar a soberba vista sobre o vale do Tejo. Visite também a igreja do Calvário e a capela de S. João Batista. Saia pela estrada alcatroada, no largo da Junta de Freguesia, passando junto a um lagar de azeite. Encontrado o caminho de terra batida, siga entre muros, na companhia de azinheiras e oliveiras. Depois de uma ligeira subida, instalam-se na paisagem as estevas e as giestas e surgem os primeiros sobreiros e vinhedos.

  Amieira do Tejo

Siga em frente ou amplie o trajeto até Vila Flor, onde uma estreita quelha nos leva até às ruínas da igreja. Abandone o caminho principal e acompanhe os eucaliptos por um atalho onde desfrutará de uma panorâmica sobre Albarrol e a ribeira do Figueiró, que serpenteia vales inclinados antes de atravessar uma ponte romana e desaguar no Tejo. Após uma ligeira subida, cruzamo-nos de novo com os muros de xisto e a vegetação selvagem. 

 Ruínas da Igreja de Vila Flor

Os percursos intersetam-se e avançam em direção ao Tejo, com uma visão privilegiada sobre o Gardete e a barragem do Fratel, porta de entrada na Beira Baixa. Terrenos baldios, onde é normal encontrarmos algum gado, iniciam-nos na descida acentuada até à margem. Aqui começam os três quilómetros do muro de sirga, entre a Barca da Amieira e a barragem do Fratel. Tenha em atenção que o piso se torna escorregadio com a humidade, devendo evitar-se aquando das grandes descargas de água. Seguimos paralelamente ao rio, que corre apressadamente, comprimido entre as margens xistosas de onde se contempla o voo rasante de aves como a garça-real ou o corvo-marinho. Para trás ficam um pontão com arco em xisto e a foz do rio Ocreza, escorrendo por encostas com oliveiras em socalco. Deste lado, abundam mortunheiros e medronheiros, substituindo-se ao arvoredo das tapadas. Com a estação da Barca da Amieira defronte, chegamos ao cais, em cuja rampa descansam os barcos de pesca característicos da zona. Siga a estrada alcatroada, passando pelo parque de merendas com vista para o Tejo e para a praia dos ladrões, tomando à direita, junto às ruínas de um lagar, um caminho de terra. A subida acentuada é amenizada pela sombra de sobreiros e azinheiras, até à estrada alcatroada, onde espreitam o castelo de Amieira, a ribeira da Maia e, mais adiante, nas hortas da vila, velhas picotas.

Terminado o percurso, e fazendo justiça ao adágio “o peixe do Figueiró, quem o apanha come-o só”, prove as sopas de peixe ou de feijão com couve, o ensopado de borrego, as migas de batata com entrecosto frito e as cavacas. Do artesanato local fazem parte os bordados e os artigos em madeira e cortiça.

Arte Rupestre
O Tejo possui um importante complexo de arte rupestre de mais de 40 mil gravuras, a maior parte delas submersas desde 1974 pela albufeira da barragem do Fratel, lugar obrigatório para a pesca e os desportos náuticos. A imagem acima integra o núcleo de S. Simão, um dos que se encontram à superfície, e representa um caçador com um veado sobre os ombros.


Castelo da Amieira
Construído no séc. XIV por Álvaro Gonçalves Pereira, prior da Ordem de Malta, o castelo de Amieira fez parte da linha de defesa do Tejo. Palco de guerra na crise dinástica de 1383-85, foi residência de alcaides, prisão e cemitério. Junto a um dos quatro torreões deste monumento nacional encontra-se a capela de S. João Batista, com um teto decorado em esgrafito.

Rainha Santa Isabel e a lenda das Jans

Entre os muitos passageiros, a barca da Amieira terá transportado o corpo da infanta aragonesa que casou com D. Dinis, mais tarde canonizada e conhecida como rainha Santa Isabel. Falecida em Estremoz e sepultada em Coimbra, esta foi conduzida pelo caminho que ia desde a Amieira até à margem do Tejo, trajando um vestido de linho tecido pelas Jans, nome dado às mulheres invisíveis que fiavam um linho muito fininho e sem nós. Uma lenda da região conta que quem quisesse uma peça tecida por estas fadas, teria de deixar de noite o linho e um bolo de farinha de trigo a cozer na lareira. Terminado o trabalho, estas desapareciam misteriosamente, levando consigo o petisco.

  • Aspetos de interesse

   BARCA DA AMIEIRA
O local tem este nome por haver uma embarcação que faz a ligação entre o apeadeiro ferroviário da Barca da Amieira, situado na margem norte do Tejo, na Beira Baixa, e a estrada que conduz à localidade de Amieira, já no Alentejo, unindo assim os dois cais que entram rio adentro.

MURO DE SIRGA
A jusante da barragem do Fratel são visíveis os muros de sirga, outrora essenciais à navegação até Ródão. O nome refere-se ao grosso cabo de sisal utilizado para rebocar os barcos a partir da margem. Neste caso, percorra os três quilómetros que se estendem da barca da Amieira à barragem do Fratel, sempre paralelamente ao rio, através de um belíssimo exemplar destas construções tradicionais, contemplando a beleza da paisagem envolvente.

  • Fauna e flora em destaque

ESPARGO: Apreciado na culinária e rico em vitaminas C e E, é utilizado no tratamento de nevrites, reumatismo, má visão e dores de dentes. Com as hastes verde-escuro do espargo bravo podem fazer-se omeletas.

CARPA: Peixe de dorso castanho-esverdeado, comum nas albufeiras e cursos de corrente fraca com vegetação abundante. Alimenta-se de invertebrados, plantas e algas. Pode chegar aos 120 cm e viver até aos 50 anos.

A ter em conta: Tenha em atenção que o piso do muro de sirga se torna escorregadio com a humidade, devendo evitar-se durante e imediatamente após as grandes descargas de água.



Contactos úteis:
Junta de Freguesia de Amieira do Tejo - Tel: 245 457 315
Associação Rumo - Tel: 245 457 295
Casa do Balcão - Tel: 245 457 218
Sociedade Educativa Amieirense - Tel: 245 457 305

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