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Roteiros

Rota Vicentina abre caminho de Sagres a Lagos e multiplica-se em quilómetros e novidades

O novo trilho no Algarve junta-se a novos percursos circulares: a rota acrescenta mais 300km de caminhadas, sempre sob o mote do turismo sustentável. E há 1000km para pedalar.

Sagres-Lagos, uma corrente de belas praias (aqui, Figueira) DR Vistas do trilho Sagres-Lagos DR Sagres-Lagos: outra das praias do percurso, Boca do Rio DR O troço termina em Lagos, uma das capitais turísticas do Algarve (Praia de São Roque com Meia Praia) DR Cercal-São Luís, Pedro Cunha Cercal-São Luís, Pedro Cunha No troço Sagres-Lagos DR


Sete anos depois do seu lançamento, a Rota Vicentina, rede de percursos pedestres no Algarve e Alentejo pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, corta a meta em Lagos e mais que duplica o traçado com que começou: passa a somar 740 quilómetros. O revigorado trilho que tem o cabo de São Vicente como ponto essencial é a estrela das novidades, que deverão estar disponíveis no site da rota até final de maio, mas há muitas mais, entre percursos circulares e de bicicleta ou atividades de cultura local, natureza e bem-estar.

“Mais que uma duplicação em percursos, é um upgrade”resumiu à Fugas Marta Cabral, presidente da Associação Rota Vicentina. Sempre com o mote do “turismo responsável e sustentável”, sublinha que não se trata apenas de “criar percursos”, mas de “investir numa estrutura que permite continuidade e sustentabilidade”. O crescimento do turismo no país e na região nos últimos anos criou “muitas oportunidades” mas também “desafios”, além de uma “série de pressões”, refere Marta Cabral, dando como exemplo o “caravanismo selvagem”, “um tipo de prática que nos preocupa”.

É contra fenómenos assim que a associação trabalha, propondo um outro turismo, com a rede a interligar os passeios pelas belezas naturais com propostas que abrangem já “cerca de 200 empresas, entre alojamentos, restaurantes, transportes e atividades”, além do trabalho de promoção do turismo sustentável na região junto de jornalistas e operadores turísticos internacionais. Querendo aproveitar a atração da costa para levar mais gente para o interior, os caminhos cruzam-se também com os das culturas locais, propondo aos visitantes ir “mais fundo e compreender melhor como é que esta região se compõe” e “a sua ligação serra-mar”.  

Do Cabo de São Vicente a Lagos

Ao longo dos últimos meses, a associação trabalhou o percurso pela costa que interliga Sagres e Lagos. Como sempre, contando também com o apoio de voluntários (“300 este ano”, agenda até junho aqui). Esta passagem pela costa sul é um cortar de meta natural para a rota, já que o parque natural em que se integra é delimitado a poucos quilómetros de Lagos, no Burgau. Com estes velhos caminhos costeiros recuperados e sinalizados, somam-se cerca de 47km ao Trilho dos Pescadores, que começa em Porto Covo e tinha já 125km.

O novo troço, marcado pelo Cabo de São Vicente (local milenar de peregrinação e que batiza esta costa e rota), permite admirar penhascos e arribas, seguir por partes do Algarve sem pressão turística junto à costa mas também por vários troços onde esta se sente, e, sublinhe-se, por algumas das praias mais bonitas da região. Este “trilho está mais exposto a locais com turismo mais massificado”, reconhece Marta Cabral, mas isso pode também permitir “sensibilizar” estes turistas para “este universo sustentável”.

Já na segunda âncora da rota, o Caminho Histórico, que começa em Santiago do Cacém e cruza o interior terminando, precisamente, no cabo de São Vicente (230km de caminhos), também não faltam novidades, particularmente em percursos circulares: há 17 novos passeios neste domínio, o que vai ao encontro de dois objetivos desta associação privada sem fins lucrativos: “dispersar as pessoas pelo território” e “aumentar a estadia média por alojamento”. Entre outros, há novos passeios por Santiago do Cacém, Sabóia-Santa Clara ou Odeceixe, além de várias propostas por São Martinho das Amoreiras, São Luís ou Cercal do Alentejo, entre outros percursos “ligados à identidade alentejana”.

1000km em bicicleta

Já quanto a passeios em duas rodas, há agora um “sistema de mais de 1000km de trilhos cuidadosamente selecionados para BTT”. Terá apoio de um centro de BTT em Odemira e várias estações de apoio em locais estratégicos dos percursos. Mas há mais: o turismo ciclável terá uma proposta que interliga os aeroportos de Lisboa e Faro e cujo percurso digital estará disponível no site da rota, integrando alojamentos e outros serviços bike friendly. Neste caso, a proposta totaliza 510km.

Outra área em crescimento na rota são as atividades complementares aos passeios: há 16 experiências locais, “preparadas por uma equipa de programadores culturais de referência internacional”, que incluem passeios de barco ou de burro e aulas de surf, no domínio da natureza, e propostas culturais em que os guias são das comunidades do território, “como um passeio com uma pessoa ou uma família”, aprender sobre artesanato, construção em taipa, agricultura, pesca ou música. Nos domínios do bem-estar, pode contar-se com retiros temáticos, ioga ou massagens. 

Com o cruzar da meta em Lagos, admite a presidente da Rota Vicentina, completa-se o território natural e “identitário” destes caminhos. Para o futuro, as novidades deverão passar por criação de mais percursos circulares, novos programas e dinamização de atividades com as comunidades locais e parceiros. Em agenda, estão ações de sensibilização, inclusive junto das escolas, uma carta de princípios e boas práticas para empresas e turistas e, para breve, a estreia de um documentário. 


por Luís J. Santos in Público | 14 de maio de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público 

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