"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

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Pelas tascas de Lisboa para celebrar a cultura do prato do dia

Neste livro, trinta autores prestam homenagem à tasca, restaurante popular, acessível e essencial para a cultura local lisboeta.


Através de fotografias, textos e ensaios gráficos, revêem-se as últimas cinco décadas de história destes locais que, de carvoarias a tabernas, de adegas a casas de pasto, de mercearias a tascas, são ainda hoje centrais nas manifestações da nossa experiência urbana quotidiana. Estes restaurantes já não são as tascas de um imaginário coletivo, mas sim as que se atualizaram ao ritmo a que a cidade se foi moldando.

E é exatamente a partir da vontade do Frame Colectivo - atelier de arquitetura sediado em Lisboa especializado na pesquisa e criação colaborativa entre arquitetura, urbanismo e arte - de criar um projeto experimental que explorasse uma leitura da cidade contemporânea a partir das suas cozinhas mais populares e acessíveis que este livro surge. O mapeamento arquitetónico, social e urbano quis-se heterogéneo e encontrou naturalmente na fotografia e nos ensaios a forma mais eficaz de tentar fazer uma arqueologia destes locais.

Assim como a escolha das tascas, o grupo de artistas convidados pelo Frame Coletivo é também deliberadamente heterogéneo na sua diversidade geracional, de género e de especialização, sendo que todos têm um forte trabalho de documentação artística com uma ligação acentuada ao urbano e às pessoas.

Através das suas fotografias somos levados ao interior destes locais incontornáveis da comensalidade diária, onde podemos observar os momentos quotidianos como a preparação dos pratos, a partilha, os sabores e o espaço em si. Cada fotógrafo teve como objeto uma tasca - 21 no total - em variados bairros e zonas da capital. Por exemplo, Luís Pavão retratou o Cantinho do Aziz, na Mouraria; Valter Vinagre esteve na Tasca do Gordo, em Belém; Augusto Brázio fotografou as pessoas na Tasquinha da Isilda, na Mouraria; Vera Marmelo, parou na Maçã Verde, em Santa Apolónia.

Em paralelo, sete autores criaram conteúdos complementares com base num blog de intercâmbio que alberga entrevistas, referências, imagens e diversas pesquisas. Estes ensaios curtos focam aspetos particulares do universo das tascas, a partir da área de investigação pessoal de cada um. O geólogo Álvaro Domingues apresenta, com humor, uma contextualização histórica da tasca europeia ao passo que a jornalista e realizadora Maria João Guardão enquadra "O das Flores" na atual e preocupante situação, tanto das tascas como de toda a cidade de Lisboa, em que uma forte vaga de despejos afeta o património social e cultural da cidade. Já o conceituado artista angolano Kiluanji Kia Henda apresenta um ensaio gráfico partilhado com Délio Jasse, que retrata a sua experiência pessoal como comensal do Zé dos Cornos, na Mouraria.

[TASCAS] Pelas Tascas de Lisboa é um trabalho de partilha que, através de vários ângulos, disciplinas e estéticas, procura afastar generalizações simplistas sobre esta herança comensal, mostrando e refletindo sobre a sua (sobre)vivência numa cidade fortemente ameaçada pela turistificação e gentrificação que acentua a grande velocidade a desigualdade social.

Estamos em Lisboa, mas independentemente da origem de cada um de nós, existem familiaridades e afetos que nos fazem sentir em casa.

Fotógrafos (por ordem alfabética) 
Nuno Andrade / Beatriz Banha / Catarina Botelho / Augusto Brázio / Tiago Casanova Catarina Osório de Castro / Paulo Catrica / Margarida Correia / Luísa Ferreira
Maura Grimaldi / Céu Guarda / Joana Hintze / Pedro Letria / Joana Linda / Vera Marmelo / Rui Dias Monteiro / Luís Pavão / Pauliana Valente Pimentel / Maria do Mar Rêgo / Francisca Veiga / Valter Vinagre

Autores (por ordem alfabética) 
Inês Brasão / Eduardo Brito / Álvaro Domingues / Délio Jasse / Kiluanji Kia Henda / Filipa Valladares / Maria João Guardão / Patrícia Azevedo da Silva / Maribel Mendes Sobreira 

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