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Marchas populares deixam fatos e músicas na gaveta. “Para o ano cá estaremos em força”

Por causa da pandemia de Covid-19 as marchas populares estão proibidas de sair à rua. A Renascença falou com os responsáveis por duas delas que mostram tristeza por não verem arcos e cor a desfilar pela Avenida da Liberdade, mas dizem que é por um bem maior, a saúde. Os grupos afastam a realização de festas simbólicas.

Foto: Tiago Petinga / Lusa

 

Não há memória recente de ver chegar o mês de junho e de não assistir às marchas populares de Lisboa. A Covid-19 veio para também aqui fazer história.

Nos últimos nove anos, Pedro Jesus tem sido o coordenador da marcha do Alto do Pina, a vencedora em 2019. Em declarações à Renascença, diz que “todos os anos estavam envolvidas nas marchas cerca de 80 pessoas” e é com tristeza que conta que “já havia trabalhos em curso, trabalho de letra e arranjos musicais, coreografia projetada e até já tinham começado os ensaios de canto”.

Não esconde a tristeza “por não haver estes festejos, pois Lisboa e os bairros vivem disto, mas algo maior se tem de proteger que é a saúde de todos”.

A marcha esteve em Macau a convite do turismo daquele país, em janeiro passado, e na altura, diz Pedro Jesus, “percebemos o impacto que a epidemia (agora pandemia) ia causar e que isso iria trazer problemas sérios”.

Alto do Pina, os campeões em título, durante o desfile do ano passado. Foto: Ginásio Alto do Pina

 

O responsável admite, ainda, ter tentado adiar as festas e encontrar um “plano B” com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), mas “ficou tudo cancelado”.

“Com muita pena nossa achamos que teria sido possível organizar algo com menor dimensão das Festas de Lisboa, mas o decreto é tácito e a posição da CML é não haver festejos. Não vamos, por isso, organizar qualquer evento ou manifestação alusiva aos santos populares”, revela Pedro Jesus.

A Associação Ginásio do Alto do Pina vai aproveitar para lançar memórias de tempos antigos nas redes sociais como forma de assinalar a data.

Considera o coordenador da marcha que “a lei é omissa em relação às associações sem fins lucrativos e coletividades, mas nós acabámos por não fazer nada. Não queremos criar ajuntamentos e não queremos ser os prevaricadores”.

Tinham autorização da Junta de Freguesia do Alto do Pina para um arraial popular na Alameda, “mas não o vamos fazer”, confessa.

Quanto aos trabalhos e produções que já estavam em curso, Pedro Jesus afirma que têm agora “mais um ano para pensar”, reforçar e aprimorar o projeto. “No ano passado fomos campeões, vamos tentar fazer ainda melhor para o ano, temos muito tempo para preparar o novo projecto”, sublinha.

“Alfama tem muitos momentos bons para recordar”

Também Alfama, outra das marchas mais premiadas, já estava com preparativos em curso. João Ramos, coordenador da marcha há 17 anos explica à Renascença que “estavam escolhidos os marchantes, as letras e músicas estavam feitas, a orquestração, tirámos medidas para a roupa, já material comprado para confeção dos trajes e arcos”.

Marcha de Alfama não vai desfilar este ano, mas prepara iniciativas online. Foto: Fernando Mendes (arquivo)

 

Os trabalhos estão suspensos desde fevereiro. “Ficámos à espera de uma posição do município e quando veio arrumámos tudo o que estava feito e fica tudo em standby para o próximo ano. Vamos aproveitar tudo, não comprámos manteiga nem leite, nas marchas os materiais são recuperáveis, não se estragam”, desdramatiza.

João Ramos rejeita qualquer tipo de festa, mesmo que definida dentro dos padrões exigidos pela lei e em nome da saúde.

“É tudo muito fácil quando se começa, mas depois não há mão, mesmo que se queira fazer algo simbólico”, diz o coordenador da marcha de Alfama.

O responsável acrescenta que “esse simbolismo pode ser de 30 a 40 pessoas com regras e, de repente, pode resvalar para outra dimensão sem controlo”.

“Vamos estar todos em casa nos nossos lares a recordar online os momentos mais marcantes das marchas”, recomenda João Ramos, na esperança de que no próximo ano os desfiles na Avenida e a festa voltarão.

Os ensaios deviam ter começado no passado dia 27 de abril. “Fizemos um direto para todos os marchantes a simular que estavam a ensaiar com a Vanessa Rocha. Foi uma forma simbólica de marcar a data e, provavelmente, no dia 12 de junho vamos fazer algo parecido para assinalar a saída da marcha, a descida pela Avenida e a chegada ao bairro”, explica.

É com orgulho que João Ramos diz à Renascença que “para o ano cá estaremos em força! Para já, Alfama tem muitos momentos bons para recordar”, num bairro onde as marchas movem paixões e costumam envolver diretamente mais de 70 pessoas, 50 delas marchantes.

“Todos temos de compreender que esta é a melhor solução. Tal como não faz sentido celebrar a festa da Páscoa no Natal, se não pudermos celebrar o Santo António no seu dia, temos que perceber que, por mais que nos custe, há outros valores mais importantes que os festejos”, conclui João Ramos, coordenador da marcha de Alfama.

Ensaio da marcha de Alfama. Foto: DR

 

Festas de Lisboa no computador

As marchas de Lisboa não saem este ano à rua, mas algumas iniciativas vão chegar aos bairros através da internet. Cultura na rua #quasejuntos foi o título escolhido para este ano.

A EGEAC, responsável pela gestão de alguns dos mais emblemáticos espaços culturais e pela realização das Festas de Lisboa e de outros momentos culturais de referência da cidade, organizou uma programação alternativa. O Festival à Janela e o Cinema Estendal foram cancelados, devido à pandemia de Covid-19, mas há outras propostas que respeitam o distanciamento físico.

Tronos de Santo António

Este ano os tradicionais tronos de Santo António não vão estar nas ruas, mesmo assim o concurso reinventou-se e não se deixou de fazer.

Os três vencedores vão ter o trabalho divulgado numa exposição online disponível no dia 13 de junho nas plataformas digitais do Museu de Lisboa e Cultura.

O desafio dirigido a miúdos e graúdos foi usar materiais reciclados e muita imaginação, sempre com o Santo António em destaque num trono.

OPA - Oficina Portátil de Artes

Um projeto pedagógico e artístico de raiz intercultural, a Oficina Portátil das Artes (OPA) regressa este ano, numa edição diferente.

O projeto da Associação Sons da Lusofonia apoia promessas do hip hop na grande Lisboa, agora numa versão totalmente online, através de um convite à participação de novos talentos e de um conjunto de sessões de participantes de edições anteriores.

A iniciativa que termina em agosto com os concertos selecionados.

Programa:

2 de junho – Lançamento do convite para participação (até 21 de Junho)

6, 7, 13 e 14 de junho – Sessões de participantes anteriores

1 e 2 de agosto – Apresentação dos resultados da participação em formato concerto

Ecotemporâneos

Todos os domingos de junho serão preenchidas com sessões de leituras de livros online. As quatro sessões do projeto Ecotemporâneos contam com diferentes convidados e poderão ser acompanhadas no Instagram da BoCA.

Programa:

Dia 7 - Julião Sarmento (Artista plástico)

Dia 14 - Teresa Villaverde (Realizadora de cinema)

Dia 21 - Tiago Rodrigues (Encenador e Diretor do Teatro Nacional D. Maria II)

Dia 28 - Capicua (Rapper)

 


por Liliana Monteiro, in Renascença | 8 de junho de 2020

Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença 
 

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