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Nuno Pinto Fernandes fotografou o "Fim da Linha" em Calais e agora é uma exposição

Inaugurou este sábado a exposição do fotojornalista Nuno Pinto Fernandes, em Alfândega da Fé, sobre os últimos dias do campo de refugiados de Calais, em França, em outubro de 2016.

Fotografia vencedora do prémio "Objetiva Europa", do Sindicato dos Jornalistas, em colaboração com o Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal em 2019. [© Nuno Pinto Fernandes] [© Nuno Pinto Fernandes] [© Nuno Pinto Fernandes]

 

No final de outubro de 2016, cerca de 20 mil migrantes foram obrigados a deixar um dos maiores campos de refugiados de então na Europa, Calais, em França, mais conhecido como a "selva". O fotojornalista Nuno Pinto Fernandes recebeu a notícia pela televisão, comprou um bilhete de avião, outro de comboio, despediu-se da mulher e, de mochila às costas, foi para França, sem data de regresso planeada.

Tinha apenas noção de que queria ficar até ao fim, fosse isso quando fosse. A reportagem durou 21 dias, durante os quais o fotojornalista procurou retratar as vidas de quem ali se abrigou, os confrontos diários com a polícia (na altura, estimou-se que foi preciso mobilizar 1250 agentes para esvaziar o campo) e entre os próprios migrantes, de diferentes nacionalidades, raças, credos.

Nem tudo eram lutas, ao DN, onde veio depois a publicar a reportagem, Nuno Pinto Fernandes, fotojornalista há 12 anos, recorda os incêndios, a tensão, mas também os pequenos-almoços "cheios de conversa com pessoas impecáveis". Ainda mantém o contacto com vários dos migrantes que fotografou há quatro anos, outros já nem sequer estão vivos, como um rapaz que conheceu no campo, que conseguiu entrar dentro de um camião para chegar a Inglaterra e foi encontrado morto três dias depois na sequência de um acidente.

"Gosto muito deste tipo de trabalhos de reportagem. Eu gostava muito de ir à Síria, ao Afeganistão, ao Sudão do Sul. Gosto de estar ali no meio da confusão. É onde me sinto bem a fazer o meu trabalho", diz o fotojornalista freelancer, que colabora com o Diário de Notícias.

São estas as fotografias que estarão expostas entre este sábado (15 de agosto) e 18 de outubro no Centro de Interpretação do Território de Sambade, a aldeia de Nuno, em Alfândega da Fé. "Sinto com mais orgulho ter exposto pela primeira vez aqui do que no Louvre", diz o fotojornalista, que já venceu, no ano passado, com uma das fotografias o prémio "Objetiva Europa" do Sindicato dos Jornalistas, em colaboração com o Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal.

O trabalho "Fim da Linha" é composto por 20 fotografia, sendo que a "21.ª ainda está por concluir. Ainda quero ir a Calais e a Inglaterra ter com alguns dos migrantes com quem fiquei em contacto. É um trabalho que ainda não acabou".


por Rita Rato Nunes, in Diário de Notícias | 15 de agosto de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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