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Escritores lusófonos unem voz contra a “escalada” do populismo e xenofobia

Em Carta Aberta, quase 200 escritores de língua portuguesa exigem “compromissos políticos que detenham a escalada do populismo, da violência, da xenofobia”. Agualusa, Mia Couto, Pepetela, Valter Hugo Mãe, Joel Neto e Ana Margarida Carvalho entre os signatários.

Foto: Homenagem no Porto, a Bruno Candé © Manuel Fernando Araújo

 

A lista de nomes é extensa, inclui autores de expressão lusófona de várias geografias e muitos deles premiados que se juntam agora para pedir, numa carta aberta “compromissos políticos” que travem “a escalada do populismo, da violência, da xenofobia”.

Em “defesa de uma cultura e de uma sociedade livres, plurais e inclusivas”, a carta promovida pelos autores Joel Neto e Ana Margarida de Carvalho, tem assinaturas de escritores distinguidos com o Prémio Camões, o maior galardão da língua portuguesa, como Chico Buarque, Hélia Correia, Mia Couto ou Pepetela.

Na carta a que a Renascença teve acesso, os signatários consideram as “circunstâncias vividas em Portugal” são “graves e inquietantes, nos domínios do racismo, do populismo, da xenofobia, da homofobia”. Os autores que falam num “insidioso ataque à democracia, ao multiculturalismo, à justiça social, à tolerância, à inclusão, à igualdade entre géneros, à liberdade de expressão e ao debate aberto” consideram que é tempo de reagir “antes que seja tarde”.

Recusando o silêncio perante uma situação que dizem “que, em circunstâncias normais, não mereceria uma nota de rodapé”, escritores como João Tordo, Afonso Cruz, Alice Vieira, Álvaro Laborinho Lúcio, Francisco José Viegas ou os brasileiros Luis Fernando Veríssimo e Nélida Piñon exigem compromissos políticos contra o que dizem ser “reflexos primitivos, retrógrados, obscurantistas, destrutivos e abjetos”.

Numa altura de pandemia de Covid-19 e em que acontecem manifestações de movimentos ligados à extrema direita, os escritores lusófonos reconhecem que “o alastramento do desemprego e da pobreza” são “pasto fértil para demagogias, teses anti-imigração, racismos e extremas-direitas.”

Na carta que é também assinada por nomes como os dos escritores João de Melo, Lídia Jorge, Jacinto Lucas Pires, Rodrigo Guedes de Carvalho, Rita Ferro, Patrícia Reis, Itamar Vieira Júnior ou a poeta e editora Maria do Rosário Pedreira, pode ler-se que “é preciso tomar consciência de que as ameaças que ora rastejam propiciam uma quebra irreparável dos valores humanistas, da solidariedade e do mútuo apoio”.

É também deixado um apelo a "todos os cidadãos portugueses, à sociedade civil, aos professores das escolas e das universidades” para eu “se distanciem de projetos e movimentos antidemocráticos e ajudem na consciencialização das novas gerações para a urgência dos valores humanistas e para os riscos das extremas-direitas".

A carta que tem também a rubrica de escritores como Luisa Costa Gomes, Almeida Faria, Carlos Tê, Eric Nepomuceno, Gonçalo Cadilhe, José Luís Peixoto, Luísa Ducla Soares, Manuel Jorge Marmelo, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Ondjaki, Richard Zimler, ou Sandro William Junqueira termina com um grito de alerta: "Na certeza de que, como sempre nos mostrou a História, quem adormece em democracia acorda em ditadura", concluem os autores.

 


por Maria João Costa, in Renascença | 18 de agosto de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

 

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