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A invisível comunidade dos países de língua portuguesa

Uma longa investigação sobre os primeiros 20 anos de existência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) revelou que ela esteve invisível no Brasil, o maior país lusófono do mundo.


O resultado dessa pesquisa, parte de uma tese de doutorado, está no livro A comunidade invisível: jornalismo, identidades e a rejeição dos povos de língua portuguesa no Brasil, do jornalista, mestre e doutor em Comunicação Social, Cristian Góes.

O livro discute o regime de (in) visbilização no jornalismo; evidencia o debate sobre a língua portuguesa, a comunidade e as tensões da globalização; apresenta vários dados e gráficos da investigação que constatou o apagamento da CPLP no Brasil a partir do silenciamento promovido dos dois maiores jornais brasileiros, Folha de S.Paulo e O Globo. O livro aponta, de modo detalhado, os porquês de o Brasil rejeitar os vínculos com os povos de língua portuguesa.

“A violenta invisibilização da lusofonia no Brasil tem relação direta com uma deformação identitária produzida pela elite nacional e que remonta à Colônia. Esse processo estruturou o racismo na sociedade brasileira de modo a impedir quaisquer possibilidades de vínculos com os povos e países lusófonos, grande parte africanos. O mais grave é que esse apagamento evita que os brasileiros se enxerguem no espelho”, analisa Cristian Góes.

A CPLP é formada por oficialmente por nove nações: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste. Neles, o português é idioma oficial. Há também outros países e regiões, a exemplo da Galiza, na Espanha, onde a língua portuguesa tem influência decisiva.

“O problema não é a CPLP, muito pelo contrário. Ela é a solução. A existência visível no Brasil de uma comunidade identitária lusófona seria fundamental para fomentar a ideia real de uma pertença a um conjunto de povos com fortíssimos troncos históricos e identitários entre nós. A comunidade poderia ser um lugar privilegiado de reencontro do Brasil com o Brasil, mas infelizmente grande parte da elite nacional busca apagar esses vínculos”, avalia Cristian Góes.

Para Elton Antunes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o livro “trata da nossa responsabilidade política com pensamentos e práticas pós-coloniais”. Vítor de Sousa, professor da Universidade do Minho (Braga/Portugal), afirma que Cristian Góes evidencia que “a lusofonia deve ser vista como uma possibilidade intercultural, transcultural, crítica e inclusiva, em oposição à globalização cosmopolita”.

O livro, que está sendo editado pela Ponte Editora, localizada no Funchal, Ilha da Madeira, tem 160 páginas e será lançado na primeira semana de dezembro de 2020.

José Cristian Góes é jornalista profissional formando pela Universidade Tiradentes, mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), doutor em Comunicação e Sociabilidade pela UFMG, com doutoramento sanduiche na Universidade do Minho, em Braga. É especialista em Gestão Pública e em Comunicação na Gestão de Crise. Atualmente é investigador no Laboratório de Jornalismo (Lejor) da UFS, editor em A Pátria (jornal da comunidade científica de língua portuguesa) e colabora para o BRmais (Alemanha) e O Kwanza (Angola).

Todo recurso arrecadado com a venda do livro A Comunidade Invisível será revertido para abater o pagamento de uma indenização judicial que o autor teve que pagar a um desembargador do Tribunal de Justiça no Estado de Sergipe/Brasil. Cristian Góes foi condenado no Brasil por ter escrito uma crônica ficcional, sem nomes de pessoas ou lugares. Mais detalhes sobre esse caso está no documentário produzido pelo Aritgo19 aqui

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