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Turismo de Portugal desafia-nos a (re)fazer a "Viagem a Portugal" de Saramago

Parte das celebrações do centenário de José Saramago, o desafio é reviver o livro de viagens pelo país que o escritor assinou há 40 anos. “Viagem a Portugal Revisited” inclui uma plataforma que traça as rotas de Saramago e vai convidar autores a refazer percursos.

José Saramago celebrado: aqui em Lavre, Montemor-o-Novo, Alentejo, no Roteiro Literario "Levantado do Chão"_Daniel Rocha

Desafiar autores a voltarem a escrever os percursos de José Saramago na “Viagem a Portugal” e toda a gente a percorrer os caminhos do escritor são apostas do Turismo de Portugal em “Viagem a Portugal Revisited”. A iniciativa também vai dispor de uma plataforma eletrónica, com georreferenciação dos locais onde Saramago esteve.

A iniciativa insere-se na aposta estratégica do “turismo literário”, que o Turismo de Portugal tem feito há algum tempo, disse à agência Lusa o presidente deste organismo, Luís Araújo.

“Achámos que era uma boa ocasião para ir buscar um livro que Saramago escreveu nos anos 1980, que é a “Viagem a Portugal”, e, de certa maneira, com os percursos que lá estão, desafiar outros autores a voltarem a escrever os mesmos percursos que Saramago fez naquela ocasião”, frisou Luís Araújo.

O responsável lembra que o Turismo de Portugal tem apostado em produtos diferenciados, que mostrem o país, “mas, principalmente, um país que se possa visitar todo o ano e ao longo de todo o território”, referiu.

No ano passado, quando não se podia visitar Portugal devido à covid-19, o Turismo de Portugal defendeu que “era necessário ler Portugal”, observou.

Por isso, a iniciativa “Viagem a Portugal Revisited”, com a Fundação José Saramago, “visa promover Portugal através dos livros, dos nossos escritores, dos percursos que colocaram nos livros, das casas de autores, das bibliotecas, das livrarias tradicionais e por aí fora”, acrescentou o responsável.

“"Portugal Revisited” é precisamente isso, é um revisitar o livro de Saramago”, frisou Luís Araújo, acrescentando que é também um convite aos turistas para que façam os percursos que José Saramago fez naquela obra.

“É um livro lindíssimo e os percursos estão identificados no próprio livro, portanto é possível segui-los”, defendeu, acrescentando que a iniciativa vai dispor também de uma plataforma eletrónica, com georreferenciação dos locais onde Saramago esteve.

O primeiro escritor convidado é José Luís Peixoto, disse Luís Araújo, acrescentando que o Turismo de Portugal irá depois divulgar o que irá sendo realizado ao longo de 2022. José Luís Peixoto foi o segundo vencedor do Prémio José Saramago, em 2001.

A apresentação do projeto decorreu na Casa dos Bicos, em Lisboa, sede da Fundação José Saramago, e contou com a presença de representantes do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, do Turismo de Portugal. A presidente da Fundação, Pilar del Rio, e o comissário para o centenário de José Saramago, Carlos Reis, também participaram na sessão.

Entre outubro de 1979 e julho de 1980, José Saramago percorreu o país de lés a lés, a convite do Círculo de Leitores, que comemorava o décimo aniversário da sua presença em Portugal.

Após essa deambulação, que deu origem a um misto de crónica, narrativa e recordações, José Saramago escreveu que “o fim de uma viagem é apenas o começo de outra”.

“É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite... É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos”, afirmou no termo da obra.

Para o escritor, “Viagem a Portugal” “não é um guia turístico; quer dizer, não é um livro prático”, esclarece desde logo uma citação do autor, na página da Fundação José Saramago, dedicada à obra.

“Eu contribuo com a minha sensibilidade de escritor. Fala-se de Portugal mas, naturalmente, por trás desse olhar, há uma pessoa que narra”.

Uma nova edição da obra foi publicada no início do mês pela Porto Editora, em capa dura, incluindo “as fotografias que Saramago fez ao longo da sua viagem - quase todas inéditas -, a par de fotografias de Duarte Belo, cujo trabalho fotográfico tem incidido intensamente sobre a paisagem cultural, natural e arquitetónica do país”.

“Este foi um livro decisivo para José Saramago”, na viragem dos anos de 1970 para a década de 1980, “na medida em que se constituiu como um marco que lhe ofereceu condições materiais para se dedicar à escrita a tempo inteiro”, recorda a Porto Editora, na apresentação da obra.

José Saramago nasceu a 16 de novembro de 1922 na aldeia ribatejana de Azinhaga. As comemorações do centenário do nascimento do Prémio Nobel da Literatura 1998 já começaram e integram iniciativas diversas. A plantação da 99.ª oliveira que a Fundação decidiu plantar em Azinhaga, nos últimos dois anos, e a deposição de uma coroa de flores junto a uma oliveira frente à Casa dos Bicos contam-se entre as primeiras iniciativas do centenário. 


por Fugas e Lusa in Público | 18 de novembro de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público
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