Um segundo livro que nos instiga a uma perturbadora viagem poética, em que a dor e a morte são exploradas com um humaníssimo dramatismo e improvável beleza, numa reinvenção da linguagem com recurso ao léxico clínico. Enfermaria chega à rede livreira nacional com a chancela da Guerra e Paz Editores. 

Pode na morte celebrar-se a vida? Enfermaria, o novo livro da poeta Ana Paula Jardim, é a corajosa, lírica e intensa resposta a essa pergunta. Nele, as palavras deambulam pelo ambiente hospitalar – fora de portas, por jardins e pérgulas escondidas; dentro de portas, por camas de mulheres feridas, éter, seringas –, numa agonia mais serena do que aflita. Orgânico, pulmonar, cardíaco, o léxico de Enfermaria cria uma poética da doença e da cura, da morte e da salvação, numa evocação desassombrada da improvável beleza que habita, também, na enfermidade e na dor.

Neste segundo livro, Ana Paula Jardim, que viveu toda a sua vida ligada à cultura, aos livros e à poesia, como promotora de leitura na Divisão de Bibliotecas da Câmara Municipal de Oeiras, reassume a identidade poética que conquistou leitores e crítica na sua obra de estreia, Roupão Azul. Um cunho pessoal que cria, palavra a palavra, uma infância eterizada, uma saudade expurgada entre a memória e a ficção, numa linguagem que não teme a humildade das coisas concretas e que as reinventa ao serviço da poesia.

Em Enfermaria, a autora fala-nos de uma «consciência embrulhada em betadine», compara cirurgiões a «sacerdotes vestidos como mecânicos de batinas verdes», e descreve-os com as suas «chaves de fendas para apertar parafusos», que «dissecam a carne» e a «restauram».

Numa perturbadora, mas, quem sabe, terapêutica, viagem poética, Enfermaria chega à rede livreira nacional com a chancela da Guerra e Paz Editores.  

Enfermaria

Ana Paula Jardim
Ficção / Poesia
66 páginas · 16,5x20 · 11 €
Guerra e Paz, Editores