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Catálogo Raisonné da obra de Aurélia de Sousa lançado no Museu Soares dos Reis

Documento reúne “471 obras, de 107 proprietários privados e nove entidades públicas”. Raquel Henriques da Silva, coordenadora do projeto, explica que este é ainda um trabalho em curso.

 Auto-retrato de Aurélia de Sousa, realizado em 1900_Nuno Ferreira Santos

O Catálogo Raisonné da pintora portuguesa Aurélia de Sousa (1866-1922) vai ser lançado esta quarta-feira, às 18h, no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), no Porto, incluindo 471 obras, anunciou aquela instituição cultural.

O museu nacional portuense avança que o Catálogo Raisonné da obra de Aurélia de Sousa integra "471 obras, de 107 proprietários privados e nove entidades públicas".

Em 2020, o MNSR e o Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, em parceria com a Universidade Católica do Porto e as Câmaras Municipais do Porto e de Matosinhos, lançaram-se na tarefa de identificar, catalogar e fotografar toda a obra conhecida da pintora Aurélia de Sousa, fazendo um apelo público para que os proprietários dessem a conhecer as obras em sua posse. O apelo feito através de vários meios de comunicação social revelou-se de dimensão "avassaladora", com Aurélia de Sousa "a surpreender com uma produção de volume inesperado", refere a historiadora de arte e coordenadora do projeto Raquel Henriques da Silva.

"Atingimos mais de 470 números de catálogo, em que incluímos algumas obras de que temos fotografias, mas que não foi possível localizar. A produção é superior, o que significa que não se trata de um estudo fechado como bem assume o seu carácter de catálogo digital, sendo de admitir revisões regulares", explica Raquel Henriques da Silva.

A presente versão do Catálogo Raisonné inclui fotografias de Aurélia de Sousa, pertencentes ao conjunto composto por cerca de duas centenas de negativos de vidro, recentemente adquirido pela Comissão para a Aquisição de Obras de Arte para os Museus e Palácios Nacionais, para enriquecer o acervo do MNSR, o qual integra várias obras de Aurélia de Sousa, entre elas o Auto-retrato, classificado como Tesouro Nacional.

"Este espólio fotográfico encontra-se ainda por inventariar e estudar, mas tratando-se de um conjunto muito importante para a plena valorização da artista, entendeu-se incluir algumas das fotografias desse conjunto no catálogo, como documentação associada a outras obras", sublinha Raquel Henriques da Silva.

Três anos de estudo e levantamento de obra

A edição deste Catálogo Raisonné foi uma das atividades realizadas no âmbito da evocação do centenário da morte da pintora, que incluiu a exposição Aurélia de Sousa Vida e Segredo e um congresso internacional.

O levantamento e estudo da obra completa de Aurélia de Sousa foram desenvolvidos nos últimos três anos por Ana Paula Machado, conservadora, Maria Aguiar, conservadora-restauradora, e Raquel Henriques da Silva, que foi diretora do Museu do Chiado (1993-1997) e do Instituto Português de Museus (1997-2002), e Elena Komissarova, também historiadora.

O trabalho contou com o apoio do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes da Universidade Católica Portuguesa, Câmaras do Porto e de Matosinhos, Universidade do Porto, Laboratório Hercules - Universidade de Évora, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Laboratório José de Figueiredo, colecionadores privados, sobretudo os familiares da pintora, e Fundação Millennium bcp.

"A produção artística de Aurélia de Souza assenta num conjunto diverso de temáticas: as que preferiu e trabalhou ao longo de toda a carreira foram o retrato, a paisagem e as cenas intimistas do quotidiano doméstico. Além do seu próprio rosto, Aurélia de Souza procurava os motivos para as suas pinturas no universo familiar, fonte inesgotável de inspiração: as pessoas, os recantos da casa, os aspetos do jardim, os trechos de paisagem com o rio ao fundo", pode ler-se na página do MNSR.


Fonte: LUSA | 9 de julho de 2024

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