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Jeff Wall, Miriam Cahn e retrospetiva de Rui Moreira em destaque no MAAT em 2025

Primeiras exposições individuais de Jeff Wall, Miriam Cahn e Cerith Wyn Evans em Portugal, e uma retrospetiva do artista português Rui Moreira vão marcar a programação do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, para 2025.

Insomnia (1994) de Jeff Wall D.R.

A próxima temporada contará com dez exposições distribuídas pelos dois edifícios - o MAAT Central e o MAAT Gallery - e terá ainda em destaque a atribuição do Prémio Novos Artistas e o Grande Prémio de Arte.

A programação, sublinharam João Pinharanda, diretor artístico do MAAT, e Sérgio Mah, diretor-adjunto, reflete "o compromisso do museu com a internacionalização e o apoio à criação nacional, apresentando artistas consagrados, em afirmação ou revelação".

"Continuamos a apostar nos artistas portugueses consagrados e nos emergentes, e a posicionar o museu a nível internacional com artistas de obra bastante reconhecida, mas menos conhecidos do grande público", disse João Pinharanda, acrescentando que "esse também deve ser o papel de um museu, de divulgar outros nomes" do panorama artístico.

O artista canadiano Jeff Wall irá apresentar em abril, no MAAT Gallery, com curadoria de Sérgio Mah, 60 fotografias produzidas ao longo de mais de 40 anos, do total de 200 obras já produzidas, segundo o curador.

Nesta primeira exposição individual do artista em Portugal, e uma das maiores da sua carreira, Wall, nascido em 1946, revela grande parte de um trabalho fotográfico que tem privilegiado situações e lugares da vida quotidiana.

Embora trabalhando em fotografia, a sua obra explora articulações estéticas e conceptuais com os campos da pintura, literatura, do teatro e do cinema, "entendidos como modos correlativos de representação e ficção da realidade".

Nos artistas portugueses, em fevereiro de 2025, Rui Moreira irá apresentar "Transe", a sua maior exposição museológica e a primeira retrospetiva, com mais de 100 desenhos e pinturas de médio e muito grande formato.

Com curadoria de João Pinharanda, a exposição percorre o trabalho do artista - nascido no Porto, em 1971 -- em desenho, fotografia e escultura, que parte habitualmente "de um labor obsessivo com as formas e os materiais", recriando mitologias nacionais celtas e medievais, e internacionais, nomeadamente norte-africanas, eslavas ou japonesas, através da literatura, música e performance, nos domínios da espiritualidade, magia e transe.

Ainda nos artistas estrangeiros, da mesma geração de Jeff Wall, e também pela primeira vez em Portugal, a suíça Miriam Cahn trará a sua obra em junho ao MAAT Central, com curadoria de João Pinharanda e Sérgio Mah.

A obra de Cahn, apresentada na Bienal de Arte de Veneza em 2022 e no Palais de Tokyo, em Paris, em 2023, usa diversos meios na prática artística, como a pintura, o desenho, a performance ou a instalação, para questionar convenções em torno do género, corporalidade, desejo e violência.

Outro destaque nos nomes estrangeiros na programação irá para o galês Cerith Wyn Evans, cuja instalação, escultura, fotografia, filme e textos exploram temáticas ligadas à linguagem e à perceção, cruzando influências do cinema, música, literatura e filosofia.

Nascido no País de Gales, em 1958, Cerith Wyn Evans -- que na última década expos no Centre Pompidou, em Metz, na Tate Britain, e na The Serpentine Gallery, em Londres - ficou conhecido pelas suas esculturas de texto em néon, nas quais cita passagens de textos literários ou legendas de filmes.

A artista Isabelle Ferreira, nascida em França, em 1972, também terá a sua primeira exposição em Portugal, com curadoria de Joana Neves, no MAAT Gallery, com trabalhos de enfoque político e social, como as questões da emigração e o exílio.

A criadora trabalha principalmente em função dos espaços disponibilizados realizando uma espécie de mobiliário escultórico onde insere pinturas, desenhos e objetos vários.

Por seu turno, Pedro Casqueiro, nascido em Lisboa, em 1959, também representado na coleção da Fundação EDP, será alvo, em novembro, de uma mostra antológica do seu trabalho de pintura e de imagens gráficas, com curadoria de João Pinharanda.

As artistas portuguesas Margarida Correia, com um trabalho sobre pós-colonialismo, e Ana León, com trabalhos em vídeo, e uma exposição coletiva sobre os resíduos produzidos pela Humanidade, organizada pela 7.ª Trienal de Arquitetura de Lisboa, intitulada "Fluxes", também entrarão na programação.

"Queremos que o programa [para 2025] seja muito eclético para abrir portas a públicos diversos", justificou Sérgio Mah sobre as escolhas da direção, sem "artistas 'blockbusters'" como Joana Vasconcelos, que atraiu 300 mil pessoas este ano ao MAAT.

A escolha dos artistas portugueses "poderá não ser a mais óbvia, mas o papel do museu é apresentar criadores com obra de grande qualidade que deve ser conhecida", defendeu.

O museu realizou este ano um estudo de públicos que ainda está a analisar, e que, para já, aponta para "um crescimento consolidado e diversificação de visitantes, tanto nacionais como estrangeiros", indicou Miguel Coutinho, diretor-geral da Fundação EDP, também presente no encontro com jornalistas.

Sobre a crescente oferta cultural de arte contemporânea em Lisboa, com os vários museus dessa área, desde nacionais, municipais, ou de fundações, Sérgio Mah comentou que a capital "precisa dessa frescura e dinamismo, sem qualquer tendência concorrencial".

Mah indicou ainda que as instituições culturais com atividade na arte contemporânea da zona de Belém estão "em diálogo para tentar unir sinergias e criar um circuito de visitantes" pelos vários museus".

Outro destaque para 2025 no MAAT será a exposição coletiva com obras dos seis finalistas do Prémio Novos Artistas 2024, e a atribuição do Grande Prémio Fundação EDP Arte.

 


Fonte: LUSA | 28 de novembro de 2024

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