"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Notícias

IndieLisboa. Uma celebração das independências cinematográficas

Confirmando a tradição, o IndieLisboa aposta na pluralidade dos filmes que nascem para lá dos circuitos a que o marketing nem sempre dá devida atenção. 22ª edição do festival, de quinta a 11 de maio.

Caught by the Tides, de Jia Zhang-ke: memórias chinesa no encerramento do IndieLisboa.

Eis uma interrogação curiosa e motivadora: nos tempos que correm, com o mercado clássico das salas todos os dias desafiado pela avalanche da oferta das plataformas de streaming, que significado atribuir à expressão “cinema independente”? Enfim, o mínimo que se pode dizer é que há quem não desista de afirmar o valor de uma independência que, sem renegar a pluralidade estética e económica do fenómeno cinematográfico, apresente pistas (entenda-se: filmes) para sentirmos e compreenderemos o cinema para lá dos lugares-comuns do marketing. Assim acontece com o IndieLisboa, cuja 22.ª edição arranca na quinta-feira, prolongando-se até ao dia 11.

Os títulos escolhidos para as sessões oficiais de abertura e fecho do festival são sintomáticos dessa preocupação de alargar horizontes da nossa perceção (geográfica e cultural) do cinema e dos respetivos contextos de produção. Assim, a abertura oficial faz-se com Une Langue Universelle (Cinema São Jorge, 1 de maio, 19h00), cujo realizador, Matthew Rankin, propõe uma comédia do absurdo em que Canadá e Irão são países “irmãos”... No encerramento, será possível descobrir um dos títulos fortes da edição de 2024 do Festival de Cannes: Caught By the Tides (Culturgest, 10 de maio, 21h30), mais uma deambulação de Jia Zhang-ke pelas convulsões sociais da China contemporânea, neste caso através de uma história de amor em que o cineasta integra memórias dos seus próprios filmes, realizados ao longo do último quarto de século.

Entre as secções paralelas que se consolidaram ao longo da história do festival, vale a pena destacar a IndieMusic, até pela dimensão quantitativa que já adquiriu — este ano serão dez longas-metragens a testemunhar memórias e experiências musicais de origens e estilos muito contrastados. O destaque vai para dois títulos provenientes dos EUA, ambos já com data de 2025: Monk in Pieces, de Billy Shebar e David Roberts, um retrato da compositora Meredith Monk que merece, de facto, a classificação de “artista multidisciplinar”, e Sly Lives, evocação de Sly Stone por Ahmir “Questlove” Thompson (baterista da banda The Roots, já “oscarizado” pelo seu documentário de 2021 Summer of Soul).

As retrospetivas ocupam também um lugar importante na programação do IndieLisboa, este ano com destaque para ciclos dedicados à cineasta búlgara Binka Jeliaskova (1923-2011) e para o britânico, artista multimedia, Charlie Shackleton (n. 1991). A secção “Director’s Cut” continua a apresentar títulos restaurados, privilegiando momentos emblemáticos de uma história mais ou menos marginal como acontece com Les Lèvres Rouges (coprodução Bélgica/França/RFA, 1971), de Harry Kümel, com Delphine Seyrig, objecto menor, irremediavelmente “kitsch”, que pode ajudar a decifrar um pouco da aliança “erotismo/terror” que marcou algumas experiências das décadas de 1960/70. Na mesma secção será possível descobrir Iracema, uma Transa Amazônica (1975), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, uma referência importante da produção brasileira pós-Cinema Novo. 

Dos novos aos júniores 
Para lá das secções competitivas, nacional e internacional (sem esquecer as curtas-metragens), das quais sairão os principais títulos do palmarés, o festival inclui ainda as seguintes zonas de programação: “Silvestre”, vocacionada para experiências temáticas e formais mais radicais; “Rizoma”, em que a atualidade do mundo é fator determinante; “Novíssimos”, com trabalhos universitários; e o IndieJúnior, a pensar nos mais novos e, nessa medda, apostado na formação de novos públicos.

A oferta multifacetada do IndieLisboa reparte-se por várias salas da cidade: para lá das já citadas (Culturgest e Cinema São Sorge), as sessões decorrerão também na Cinemateca Portuguesa, nos Cinemas Ideal e Fernando Lopes, e ainda na Piscina Penha de França. A Biblioteca Palácio Galveias e o Museu Bordalo Pinheiro acolhem as atividades e workshops do IndieJúnior. As noites com música terão lugar na Casa do Comum, Estúdio Time Out, Moon Club e Noir Désir. 

>> Mais infomações


por João Lopes in Diário de Notícias | 28 de abril de 2025
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

Passatempos

Passatempo

"Nora Helmer" no Teatro Aberto

Em parceria com o TEATRO ABERTO oferecemos 10 convites duplos para a sessão de dia 9 de maio (sexta-feira), às 21h30. Participe e habilite-se a ser um dos felizes contemplados!

Visitas
106,505,988