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Centenário de Luiz Pacheco celebrado em Setúbal com leituras, exposições e congresso
O centenário de Luiz Pacheco, escritor que cunhou a vida e obra com a reputação de “libertino”, vai ser celebrado em Setúbal ao longo do ano com várias iniciativas, que terão num congresso de especialistas o seu momento alto.

Integrado nas Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e no projeto municipal Venham Mais Vinte e Cincos, o programa “Luiz Pacheco 100” arranca oficialmente com o lançamento do projeto “Luiz Pacheco Passeia por Todo o Papel (1925-2025)”, na Casa da Cultura, num evento centrado na resistência à censura, com a participação de vários investigadores.
O destaque da programação será o “Congresso Centenário Luiz Pacheco (1925-2025)”, que reunirá especialistas e admiradores da obra do escritor em Setúbal e Palmela, nos dias 22 e 23 de outubro.
Organizado pelo projeto “Luiz Pacheco Passeia por Todo o Papel”, o congresso conta com as parcerias das câmaras municipais de Setúbal e Palmela, do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa (CLEPUL), da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), da Casa da Liberdade – Mário Cesariny, do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho e do Centro de Literaturas Portuguesas.
A Casa da Cultura e a Biblioteca Municipal serão palco de diversas outras atividades, com a participação de professores, atores e investigadores, como é o caso do lançamento do projeto “Luiz Pacheco Passeia por Todo o Papel (1925-2025)”, marcado já para quarta-feira, numa sessão dedicada aos temas “Bocage, Luiz Pacheco e Resistência aos Regimes de Censura”.
No dia 09 de maio, a Casa da Cultura recebe uma sessão de leitura de “textos malditos” de Luiz Pacheco, interpretados pelas atrizes Lia Gama e Maria João Luís, numa iniciativa dos Artistas Unidos.
No dia seguinte, será inaugurada uma exposição que consiste numa instalação/livro a partir das ilustrações de Teresa Dias Coelho para o livro “Comunidade”, de Luiz Pacheco, com curadoria de José Teófilo Duarte, e no dia 22 do mesmo mês, será apresentada a biografia “O Firmamento é Negro e Não Azul – A Vida de Luiz Pacheco”, da autoria do investigador António Cândido Franco.
Para o dia 26 de junho, está reservada a apresentação da obra “Do Libertino”, por Rui Sousa e Rosa Azevedo, com moderação de José Teófilo Duarte.
Em outubro, o “escritor maldito” sagra-se “autor do mês” e ganha uma exposição biobibliográfica e vídeo (sobre a sua vida e obra), que ficará patente de dia 01 a dia 31.
No mesmo mês, está prevista uma palestra em torno do escritor, com a participação de António Cândido Franco, e dez dias depois terá lugar uma sessão literária, subordinada ao tema “Bocage e Luiz Pacheco”, na Casa Bocage.
Em novembro, no dia 27, a Casa da Cultura recebe duas sessões do Ciclo de Conversas 100 Anos de Luiz Pacheco, que inclui a projeção da peça “Morto o Cão, Acabou-se a Fúria – A Vida de Luiz Pacheco” e uma conversa com o ator Cláudio Silva.
A encerrar o programa, no dia 18 do mês seguinte, um novo ciclo de conversas “100 anos de Luiz Pacheco”, dinamizado pelo investigador Rui Sousa.
O projeto das comemorações integra um conjunto de atividades a desenvolver até 2026 pelo CLEPUL, com financiamento da FCT e está associado ao projeto “UnderDig – Surrealismo-Abjeccionismo em Portugal. Da folha volante ao mundo digital”, da autoria de Rui Sousa.
Nascido Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco, escritor, editor, polemista, epistológrafo e crítico de literatura português, frequentou o primeiro ano do curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas acabou por desistir devido a dificuldades financeiras.
O escritor publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas, incluindo o antigo Diário Popular e a Seara Nova, e fundou a editora Contraponto em 1950, na qual publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira.
Dedicou-se também à crítica literária e cultural, ganhando fama como crítico irreverente, que denunciava a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo regime do Estado Novo.
“Comunidade”, de 1964, considerada a sua obra-prima, mas também “Carta-Sincera a José Gomes Ferreira”, de 1958, “O Teodolito”, de 1962, “Crítica de Circunstância”, de 1966, “Textos Locais”, de 1967, “Exercícios de Estilo”, 1971, são algumas das muitas obras publicadas por Luiz Pacheco.
Fonte: LUSA | 22 de abril de 2025