Um diário de bordo de expedições por mar e terra, com impressões, reflexões e fotografias de Las Palmas, Bermudas, Cuba, Índia, Suez, Turquia, entre outras geografias.

«Livre-pensador, sarcástico – por vezes brutal –, Jorge Ventura, que esconde nesses traços um coração de oiro, para usar uma expressão gasta, mas apropriada, “encalhou” há já muito nas Flores.

Escolheu terminar aqui a sua carreira de skipper, que o ocupou durante anos em travessias do Atlântico e de outros mares e oceanos. A mesma escolha que Mille imaginou para o arquiduque da Áustria no seu conto “Aquele que já não tem nome”, de 1918. Só que Jorge Ventura não se esconde, ao contrário do arquiduque.

Florentino adoptivo, retornado que nunca foi emigrante, luta para manter viva a náutica de recreio e preservar a memória da baleação. Da sua vida anterior, guardou estas histórias, que são também parte da História: o mundo revelado nos relatos das viagens de um marinheiro encalhado nesta bela e remota ilha, velha escala, hoje quase abandonada, dos baleeiros de Nantucket, que tantos daqui levaram.»

Manuel Menezes de Sequeira, Ilha das Flores, 2025