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"Paramos ou morremos?". A ópera que "vai andar nos ouvidos de toda a gente"
"Paramos ou morremos? E no intervalo... vamos à ópera" é um espetáculo lírico, assinado pelo Quarteto Contratempus, sobre sustentabilidade ambiental em formato audiowalk. O principal foco é retirar a ópera do "seu nicho sagrado, o palco, levando-a para o espaço público".

O Quarteto Contratempus, anuncia um espetáculo lírico que "vai andar nos ouvidos de toda a gente".
"Paramos ou Morremos" é uma ópera sobre sustentabilidade ambiental em formato audiowalk, e tem como principal foco retirar a ópera do "seu nicho sagrado, o palco, levando-a para o espaço público".
Esta criação, enquanto projeto "Paramos ou Morremos", terá lugar em Campanhã, no Porto, uma vez que é a freguesia onde está sediado o Quarteto Contratempus e partir da qual a estrutura estabelece "uma radical de conexões nesta órbitra geográfica de labor", pode ler-se no comunicado. De salientar que o espetáculo é "side pacific", ou seja, em cada local faz-se um nova intervenção de acordo com as instalações.
A diretora artística do Quarteto Contratempus, Teresa Nunes, diz que esta ideia "nasceu da necessidade, na altura da pandemia, de nós trazermos os espetáculos para fora de portas", sendo uma oportunidade que tinham de fazer ópera fora dos teatros que se encontravam fechados na altura.
Já a temática, a soprano e diretora artística afirma que pensaram nela numa perspetiva do que queriam dizer ao mundo. Neste caso, o tema da sustentabilidade ambiental surgiu porque, "tanto nessa altura como agora, é urgente pensarmos na questão ambiental, no que estamos a fazer, na distribuição do planeta".
A ópera estará gravada e as pessoas vão estar a ouvi-la com os headphones, que irão receber antecipadamente, para fazer um percurso que se estabelece a partir de uma zona próxima à piscina de Cartes (Alameda de Cartes), em Campanhã. À Renascença, Teresa Nunes conta que durante esse período haverá uma intervenção plástica que foi desenvolvida por associações da região, parceiras que estão a trabalhar no projeto desde janeiro.
Durante a caminhada, a ópera vai marcar o "com... passo do andamento de cada um", com o espetáculo a "prosseguir rumo à descoberta de novos caminhos e despertar os participantes acerca da necessidade de continuar a desbravar um caminho sustentável para o planeta".
"Ao som do piano, do violoncelo, do clarinete e da voz, os "peregrinos melómanos", se assim lhes podemos chamar, ou de forma menos elaborada, os caminhantes vão tropeçar positivamente em poesia e instalações que refletem sobre o papel do indivíduo na transformação dos hábitos e do colapso ambiental."
Contudo, Teresa Nunes diz que, inevitavelmente, surgem dificuldades na organização de uma iniciativa como esta. É importante salientar o facto de se realizar num espaço público: "Temos que perceber muito bem como é que nos vamos posicionar porque normalmente é em espaço aberto e a intervenção plástica tem que ser significativa o suficiente para que seja impactante quando as pessoas vão fazer o percurso."
A soprano explica ainda que "o percurso tem que ser bem escolhido", já que tem que haver intensidade, mas não demasiado exigente, para que possam ir "ao encontro das pessoas que têm mais dificuldade a caminhar".
"Por outro lado, também a duração da ópera tem que ser a duração do percurso, portanto também temos que gerir essa parte e, depois, na aplicação do espetáculo, temos que ter em conta que às vezes pode não ser possível fazê-lo se, por exemplo, as condições do tempo não ajudarem", acrescenta.
O espetáculo estreou em 2022 mas a reedição deste ano foi planeada com "quase um ano de antecedência".
Foi necessário angariar parcerias, colocando as pessoas das associações a pensar sobre sustentabilidade ambiental, bem como o que as próprias queriam dizer sobre o tema, de forma a começar a preparar as instalações que vão estar no espaço. A soprano destaca a facilidade em realizar parcerias em Campanhã, já que é uma zona muito pacífica em termos de associativismo. "É uma freguesia muito ativa e que quer trabalhar em conjunto e que se quer associar", esclarece.
A estrutura de índole musical conta com a participação da Associação TODOS - Associação do Porto de Paralisia Cerebral, Centro Social Paroquial da Senhora do Calvário, Centro Social de Soutelo - Centro de Dia e de Convívio da Corujeira e Associação para a Promoção da Saúde - Norte Vida. Aqui, participam crianças entre os 6 e os 14 anos, do Bairro de Contumil e idosos cuja idade se situa até aos 90 anos.
Apesar de ser em espaço público, o espetáculo "não é tanto para crianças porque a temática ainda é um pouco pesada". No entanto, sendo que, pelo menos duas associações têm crianças, o projeto acaba a ser para todos os públicos.
Dirigido para o efeito pelo maestro Diogo Costa, os intérpretes são a soprano Teresa Nunes, no clarinete está Crispim Luz, Pedro Fernandes no violoncelo e Sérgio A no piano. A gravação e a masterização esteve a cargo de Gustavo Almeida.
"Paramos ou morremos? E no intervalo... vamos à ópera" ou também designado, de forma mais extensa, por "Paramos ou Morremos - Uma ópera nos teus ouvidos. Um passeio sensorial", vai decorrer entre 15 e 19 de julho, em Campanhã, às 21h00 e com repetição às 22h15.
in Renascença | 14 de julho de 2025
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença