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Teatrão estreia criação de Aldara Bizarro com elenco comunitário que cruza dança e teatro
O Teatrão vai estrear, esta semana, o espetáculo “Almalaguês”, que conta com elenco comunitário desta freguesia de Coimbra e desafia a repensar a forma como interagimos e compreendemos o espaço que nos envolve, cruzando dança e teatro.

“Juntámos pessoas de várias associações da freguesia de Almalaguês, uns são dos ranchos, outros do museu, temos as tecedeiras, os gaiteiros, ou seja, um grupo deste lugar, para falar dos desejos para o futuro desta aldeia que fica a 15 minutos de Coimbra”, explicou a coreógrafa e criadora Aldara Bizarro.
O espetáculo “Almalaguês", com uma duração de cerca de hora e meia, estreia-se a 25 de julho, às 19:30, contando ainda com duas outras sessões nos dias 26 e 27, à mesma hora.
Aldara Bizarro explicou que a nova criação do Teatrão vai realizar-se em percurso a pé, ao longo da Rua Principal, em Almalaguês, passando por quelhas e contemplando a vegetação desta zona rural, a escassos minutos da cidade de Coimbra.
A caminhada será feita ao compasso das gaitas-de-foles, permitindo uma viagem às memórias do elenco comunitário, constituído por 28 elementos.
“É um ensaio sobre o futuro, contado na primeira pessoa pelas pessoas da terra. Fazemos também uma visita à mata da reserva da Milvoz, acompanhada pelo seu biólogo, contando ainda com testemunhos de como é que as pessoas viveram esta mata quando ela era utilizada para a Romaria da Senhora da Alegria”, indicou.
De acordo com a coreógrafa, o espetáculo nasceu de uma descoberta coletiva, que mostra toda uma riqueza de um território, mas que procura também alertar "para o futuro deste lugar único”.
“O grande foco é procurar compreender com a comunidade este território, perceber qual a relação que tem com a cidade, tendo em conta a sua proximidade. Como vivem agora, como viviam no passado e o que desejam para o futuro”, sustentou.
Segundo a diretora artística do Teatrão, Isabel Craveiro, na segunda colaboração da companhia com a coreógrafa Aldara Bizarro, procurou-se fomentar um encontro entre o património cultural desta freguesia, mais tradicional ou contemporâneo, com a linguagem da dança.
“Vamos encontrar um conjunto de pessoas que, a partir daquilo que elas carregaram, das suas histórias, da maneira que elas se relacionam com o sítio onde vivem e com o desafio de pensar não apenas o passado, a tradição, mas também como veem o futuro”, evidenciou.
O projeto nasceu de um processo de mapeamento cultural em parceria com a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, aprofundando as relações já criadas com o tecido associativo local e mobilizando a comunidade para fazer parte do espetáculo e restante programação paralela.
O processo de mapeamento cultural deste projeto ajudou a identificar residentes, associações, grupos e espaços característicos e marcantes da Freguesia de Almalaguês, seguindo-se momentos de partilha de histórias e memórias com a comunidade que “criaram o substrato para as primeiras atividades desenhadas por Aldara Bizarro na primeira residência da coreógrafa”.
“Hoje estamos num sítio em que se declarou que não há futuro, que não há esperança, que não há utopia, que é tudo terrível. Mas, qual é a nossa capacidade de lidar com isso e como é que nós nos podemos desafiar a pensar de outra maneira? Acho que é isso que o projeto traz”, concluiu Isabel Craveiro.
O espetáculo é de entrada livre.
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Fonte: LUSA | 21 de julho de 2025